terça-feira, 16 de julho de 2019

A escolha dos blogs literários

    Resultado de imagem para blogs literáriosEntretive-me a pesquisar alguns blogs/ blogues literários portugueses e brasileiros disponíveis na Internet e fui colocando o título do meu romance de época/ histórico publicado em março de 2018. Imaginei encontrar uma crítica fundamentada e apreciativa dele, mas infelizmente não existe. Alguns fazem a ligação para páginas de venda online, o que já é positivo. A maioria incide em obras de sucesso, de autores conhecidos ou premiados nacional e internacionalmente.
     Fiz uma reflexão sobre isto e cheguei à conclusão óbvia que raramente um livro em edição de autor, em coedição com uma editora (vanity), consta nos sites (sítios) desses blogs literários. Aparentemente será porque é considerado um livro pouco comercial, quiçá de qualidade duvidosa, ou por outras razões como, não ser editado num grande grupo editorial, não ter uma grande máquina de marketing e publicitária que quebre as barreiras do imaginário sucesso para ter direito a uma crítica literária e para figurar nesses blogs
     É extremamente raro que um autor desconhecido do público leitor seja posto à prova por críticos e a capa do seu livro figure num blog. Que surja do nada e esteja ao lado daqueles que já conquistaram uma posição confortável no mundo da literatura. 
    Considero-me assim um pouco sortuda porque sem fazer absolutamente nada para alcançar um blog literário com um livro meu de 2014, já tive o privilégio de o ver analisado por um crítico, não obstante ser em coedição com uma editora. A crítica foi bastante favorável e, sinceramente, fiquei a aguardar que esta obra que considero satisfatória, fruto de um trabalho imenso, não tivesse tido a sorte de ser avaliada ou analisada. Confesso que fiquei a aguardar a concretização de promessas. 
     Agora arrependo-me completamente de não ter enviado o meu livro para o crítico para que fizesse a leitura atenta e desse a sua opinião, fosse ela qual fosse. Observaram centenas de títulos nos blogs, de qualquer género literário, que tiveram a oportunidade de constar, com direito a sinopse e a crítica, e ficar sem saber se afinal o que escrevo tem alguma qualidade, é frustrante. Os leitores também se inibem de tecer opiniões publicamente na página da editora, em outros espaços ou meios literários, ou porque se acanham, ou porque não querem ajudar o autor a melhorar ou a continuar, ou nem se dão a esse trabalho. É normal que hoje em dia isto aconteça. 
     As opiniões de um blog são quase sempre produtivas e motivadoras para os leitores  e têm um excelente efeito nas vendas e no eventual sucesso do livro. Se forem publicadas atempadamente poderão produzir um efeito muito eficaz.
   Garantidamente, o próximo livro que publicar, assim que o tenha em mãos, seguirá para alguns críticos literários. 
    Uma autora como eu, que tenta construir um caminho com algum reconhecimento, que paga as suas edições no todo ou em parte, não pode ficar à mercê que façam ou queiram fazer o seu sucesso. 

sexta-feira, 12 de julho de 2019

Dias, meses e anos de entrega

      É necessário imenso tempo para construir uma obra. Entregamo-nos de corpo e alma à elaboração de um enredo, das personagens, da pesquisa nas fontes bibliográficas, etc., etc.
    Envolvemo-nos de tal forma nessa construção que, quando nos apercebemos, já somos personagens da nossa história, aliás, quer queiramos, quer não, a nossa obra está impregnada de nós. Há sempre uma ou outra que tem caraterísticas nossas.
     A sua criação é um ato de coragem, de desafio permanente, que nos põe à prova constantemente, tanto na sua conceção, ou na tentativa de a ver publicada por uma boa editora, ou até na esperança que vingue pelo país, motivando o entusiasmo e agrado dos leitores, e que prolifere pelas livrarias, nas Feiras do Livro, nos sites e blogues literários.
      Sentimo-nos enganados, abandonados, quando todas aquelas expetativas que encetamos, ou que criamos na nossa cabeça, resultando de uma exigente entrega a essa obra, não ficam à altura do trabalho que tivemos com ela. Todos aqueles dias, meses e anos, em que lutamos para tornar a nossa narrativa num livro físico, não são compensados devidamente. E aí a culpa dessa desilusão morre sempre solteira. Nem adiantará muito expor a questão de ganhos com direitos de autor nesse descanto, porque todos sabem que são exíguos, quando existem.  Refiro-me aos lucros em termos pessoais, o facto de nos sentirmos felizes com aquilo que fazemos através do nosso livro. Aquele prazer indescritível de sentirmos o nosso livro é útil ou promove o gosto de quem o lê. Aquela alegria de saber ou de o ver pelas livrarias que visitamos, que sugerimos aos nossos amigos ou conhecidos, podendo anunciar sobre este ou aquele espaço. A motivação que as atividades nos dão, quando as desenvolvemos e o que produzimos nos outros e em nós próprios, tornando-nos o centro produtor da leitura e da escrita. 
    Portanto aí iremos considerar todo o tempo dispensado, ou dinheiro investido na produção da nossa obra, bem empregue. 
     Lamentando ferir algumas suscetibilidades, sinto que há muitos escritores e artistas que partilham a minha opinião, e connosco está a opinião pública informada que se interessa por estas questões e que nos vai apoiando e nos mantém a esperança.
     
    

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Aqui nos confessamos, REDES SOCIAIS!

   Resultado de imagem para rede socialVivemos num mundo em que as pessoas cada vez mais experienciam momentos soturnos de introspeção, no isolamento dentro da sua própria família, da sociedade, na verdadeira ausência de comunicação cara a cara, também no seio familiar, apesar de estarem constantemente nas chamadas "redes sociais" e nos "chats". Hoje em dia, muitas pessoas sentem-se quase incapazes de aceitar a negação, a realidade dura do dia a dia; em suma, às voltas por vezes árduas da vida. As pessoas são tentadas a apelar aos outros para os ajudar a suportar o desespero em que vivem. 
     Vive-se num silêncio assustador dentro das suas próprias casas, à mesa com a sua família, olhando para um telemóvel e vendo todas as novidades das publicações da vida dos outros. Luta-se para mostrar que as suas vidas são melhores do que as dos amigos virtuais, ou reais. 
   Se ainda nos conseguimos distanciar desta realidade atual ou estamos imunes aos efeitos devastadores da intromissão na privacidade pessoal, observamos provas concretas em como as pessoas estão sós, apesar de terem centenas de amigos virtuais. Sentem necessidade de expor a sua vida, de confessar os seus medos, as suas angústias, os seus cansaços para aquele leque de "amigos", sem preverem a dimensão dessa exposição. 
    Há casos e casos de pessoas que aproveitam as redes sociais para apelar, para alertar, para pedir ajuda, para chamar sobre si a atenção, para confessar ódios, para ameaçar ou para confessar sentimentos e revoltas.  Enfim, as redes sociais tornaram-se autênticos locais de confissão, onde a vida se escancara de portas abertas, de uma forma gratuita. Locais onde se buscam "carinhas" e números de gostos e de visualizações. Espaços onde praticamente tudo se faz e se diz sem limites, por vezes, com verdadeiras ofensas à integridade pessoal. Espaços que estão disponíveis para as crianças pequenas, que, aliás, estão expostas através de fotos, tendo elas próprias entrada nas "redes". 
     Nas confissões expostas nas redes sociais apercebemo-nos que há pessoas que estão muito abaladas, infelizes, com pensamentos muito negativos devido a circunstâncias penosas da perda de alguém ou de separação e tentamos ajudar, comentando e convencendo-as a ter coragem e esperança. Porém sentimos que também entramos neste jogo de expor ou julgar a vida dos outros, sem a conhecer, simplesmente porque tentamos auxiliar, quase numa missão heroica. Sentimos quase o dever de colocar lá a carinha triste ou de fazer um comentário solidário. 
     É viciante este jogo do "aqui nos confessamos diariamente, redes sociais" ou " aqui postamos fotos e fotos, mudando perfis e capas, escrevendo comentários e comentários" para que tenhamos visualizações e os nossos amigos virtuais não se esqueçam de nós. Entramos neste jogo às cegas, sabendo conscientemente que muita gente vê o que publicamos, mesmo que não reaja, e julgamos que as redes nos ocupam o tempo, as horas e os dias, que são os nossos diários. Esquecemos de aproveitar o tempo para viver, longe destas formas meio manipuladoras de consciências. Investimos tudo nelas para nos sentirmos "acompanhados" ou "falarmos", quando, na verdade, estamos cada vez mais sós e incapazes de enfrentar a recusa, a negação, o esquecimento, ou de encarar os outros para encontrar soluções ou caminhos diferentes pelo diálogo. 
    Acabamos por estar numa cilada complicada quando vivemos de e para as redes sociais. 
     A vida vai muito mais para além destes novos mentores orientadores e manipuladores de consciências e de vivências do quotidiano! A vida não se deve atirar para as redes sociais! A nossa vida tem que sair delas, se proteger da exposição, para se construir com felicidade e ser só nossa e não partilhada excessiva e mecanicamente com os outros, digo, aqueles que são apenas "amigos virtuais". Devemos cultivar as amizades reais e puras, porque com essas podemos conversar e encontrar o apoio e o caminho real da vida.