terça-feira, 10 de novembro de 2020

Aprender a escutar

 Falar é fácil. Difícil é saber escutar e usar o silêncio na hora certa -  29/12/2017 - UOL Economia Em todos os canais de TV e também no Facebook, anunciam-se muitos aparelhos auditivos para pessoas de meia-idade ou idosos, mas, infelizmente, constato que, os mais novos quase necessitariam deles, porque não nos escutam nem à primeira, nem à segunda, ou estão, na maior parte das vezes, alheios a tudo o que falamos, de ouvidos focados no que lhes interessa. Sempre de "phones", de auscultadores, concentrados nos sons ou vozes que lhes entram pelos ouvidos, incontrolavelmente elevados, falam e conversam quase sempre aos gritos e todos ao mesmo tempo, sem se saber escutar uns aos outros. 

O mundo dos pequenos muito centrado no jogo, na Playstation, nos vídeo games, nos vídeos do Youtube, etc., sempre de ouvidos tapados, acaba por os abstrair do que se passa em seu redor. Quando chamados à atenção, tentando trazê-los de regresso à realidade concreta, parecem alheios e encaram essa chamada de atenção com enfado ou desagrado. Diria mais, até com uma certa agressividade. 

Observo que um número considerável de crianças está a revelar dificuldades auditivas, revelando momentos, cada vez de maior duração, de ausência de atenção/ concentração, apatia face àquilo que signifique ação, trabalhar, estudar, preferindo tudo aquilo que seja "estar no seu canto sozinhos" com o telemóvel, com o seu tablet ou computador, em detrimento da sua vida ativa de crianças, com jogos preferencialmente físicos, com amigos e/ ou familiares.

Obviamente que, face à situação pandémica que vivemos, de isolamento profilático, ou confinamento e afastamento social, com recurso ao computador e Internet para ter acesso a conteúdos escolares, ou mesmo a aulas síncronas, os mais pequenos, acabam por se agarrar mais às tecnologias.  Porém considero ser urgente encontrar um ponto de equilíbrio entre o excessivo recurso e uso das tecnologias, que os torna mais ansiosos e instáveis emocionalmente, com uma vida em que essas tecnologias não entrem. 

     A suposta "má" audição, talvez venha do facto de estarem alheios, envoltos naquelas imagens a três dimensões, escutando aqueles sons em alta voz. 

É urgente que aprendam a escutar o que os rodeia e quem os rodeia, saber ouvir o outro e depois falar, e não gritar para se fazer ouvir, como se quisessem liderar qualquer "batalha" num jogo com a potência da sua voz sonante. 

Auxiliem as crianças a saber escolher aquilo que lhe faz bem, principalmente para o seu bem-estar físico, mental e social. 

Ajudem as crianças a aprender a escutar.

    

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