terça-feira, 13 de agosto de 2019

Uma reflexão sobre palavrões

Hoje sai de casa a meio da tarde e passei por um espaço público, mais precisamente, por um jardim. Quatro ou cinco garotos estavam por ali sentados, de bicicletas encostadas, e, garanto-vos que ansiei que o vento forte levasse longe todo o palavreado que escutei entre eles. Tive que me conter para não intervir, mas refleti atempadamente e não o fiz, porque não era pai nem mãe deles, e a conversa não era comigo. Tinha a certeza que a conversa iria parar à fase do "bate-boca" ao ponto de os questionar o que estariam ali a fazer aqueles pré-adolescentes, ou melhor crianças, tão longe de casa.
Bem, voltemos aos palavrões… está-se a tornar moda comunicar assim para se ser aceite num grupo, sejam pequenos ou grandes. Já não há o mínimo de decoro, de respeito, mesmo que passe um adulto. Pelo contrário, quanto mais palavrões houver nas conversas, melhor.
Sei o quão é difícil travar esta vaga avassaladora, que se estende aos espaços escolares, à casa, entre os membros da família, sem se pensar verdadeiramente nela, como inadequada em certos espaços. Sei porque também tenho jovens em casa.
Alguns adultos pensarão que mais vale os jovens dizerem asneiras bem apimentadas, chamando filho disto e daquilo, a quem tem uma santa mãe ou pai, do que andarem para aí aos murros e pontapés, ou metidos em coisas piores e que estas questões de pudor, de respeito, fazem parte do passado. Isso é história de velhotes, que ficavam escandalizados e punham pimenta na língua de quem as dizia. Terão razão em algumas destas situações, porque a agressividade dos palavrões não se mede face à agressividade física, mas presenciarmos na atualidade cenas que não ficam nada, mas nada bem, que não se coadunam de forma alguma com jovens tão jovens, ou melhor crianças.
A maioria destes pequenos profere alto e a bom som aquelas palavras sem lhes dar uma intenção, um sentido, ou seja, o verdadeiro sentido delas. Aliás, a estas palavras foi-se igualmente atribuindo sentidos, consoante as situações e algumas passaram a ser entendidas como palavrões, quando não o eram.
Na verdade, os jovens são bombardeados com esse vocabulário nas séries, nos filmes, em programas da TV, no YouTube, nos jogos e vídeos que veem, daí que o usem excessivamente e com alguma intencionalidade, seja na escola, seja em casa, até com a família, seja em qualquer lugar, sem entenderem quando são alertados, ou chamados à atenção. Para eles, falar assim é a coisa mais natural e comum do mundo, então por que é que os censuram? Parece natural, mas não é. Não é normal que garotos tão novos utilizem este leque de vocabulário tão aprimorado, de "folhas, alhos e bugalhos" " de mandar à ...", como dizem outra coisa qualquer e que repitam dezenas de vezes, três ou quatro vezes as mesmas palavras numa frase, naquela necessidade de se sentirem "grandes" , quase adultos, por as usarem deliberada e libertinamente, sem que ninguém os chame à atenção para que não as deviam dizer. Riem-se da quantidade, outros ofendem-se e acabam ao murro. Falam assim e tão alto como o mundo fosse acabar e tivessem a urgência de vomitar esse palavreado quase obsceno, para se afirmarem perante os outros ou terem amigos só porque falam como eles. São duras realidades!
Meus caros, sabem por que é os adultos preferem o silêncio quando as escutam, mesmo que se corroam por dentro? Porque se poupam a ser enxovalhados.
É assim que está esta situação triste e lamentável perante esta moda galopante, mesmo que os pais julguem que lhes dão a mais exemplar educação!

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