Sinto-me sempre assim - dividida entre duas profissões. Uma, da qual usufruo o ganho para pagar as minhas contas, séria, exaustiva e outra que me enche a alma, que adoro e que gostaria de exercer sempre. Escrever, ou melhor ser escritora, não é propriamente uma profissão, no sentido da palavra, é uma missão.
Uma complementa a outra. Uma suporta a outra. Uma é o refúgio da outra.
Que seria de mim, se a de escritora não existisse!? Nem imagino tal coisa! Só eu sei o que vai na minha mente quando estou inibida de não poder fazer uma sessão, uma Feira do Livro, uma atividade qualquer para divulgar o que escrevo. Parada não consigo estar, porque sofro de uma enfermidade chamada "criatividade". Que medicamento posso tomar para curar esta doença? A escrita, seja em que moldes for.
E quando não tenho eventos marcados invento, mesmo que me julguem louca. Vou para o jardim, carrego os livros, exponho-os e crio a minha feirinha do livro. Adoro ver toda a minha criação, todo o meu empenho nos meus livros.
Por vezes, é tão difícil gerir o tempo que tenho que dedicar a uma e a outra profissão, que me esqueço do tempo.Quero sempre prolongar o que dedico à da escrita, da criação, mas tenho que colocar travão a fundo nesse anseio, porque a outra é o meu ganha-pão e ocupa-me imenso tempo.
De qualquer modo, se pudesse escolher dedicava-me apenas a conceção de histórias, de textos, de livros. No entanto teria um grande problema. Poderia ter a alma cheia, mas o estômago vazio. São poucos os escritores que se conseguem sustentar com a venda dos seus livros. Daí que, mesmo que dividida entre duas profissões, tenho que ter a outra.