Já tive várias propostas nesta carreira de escritora, que recusei e desperdicei.
Na verdade, sei que fiz mal em alguns casos.
Recordo uma que me marcou profundamente, após um desfecho fatal posterior. Em 2012 encontrei um autor na Note em Torres Novas, um autor célebre, com sucessos enormes no nosso país e no estrangeiro. Luís Miguel Rocha. Abordei-o para lhe pedir um autógrafo. Estava a trabalhar com a Porto Editora e, ao desvendar-lhe que tinha dois romances escritos, deu-me atenciosamente o seu email para lhe enviar as propostas. Garantiu-me que ia dar-lhes atenção, lê-los e encaminhá-los para as pessoas certas. Ora bem, eu, com a minha mania de que hei de subir nesta carreira pelos meus próprios pés, decidi não enviar nada. Ao longo dos anos, fui-me arrependendo disso muitas vezes, mas nada fiz.
Fiquei desolada quando recebo a notícia do seu falecimento prematuro. Chorei. Lamentei a morte e o não ter aproveitado aquela oportunidade.
Depois, aqui a uns tempos, disseram-me que se quisesse ir à televisão falar dos meus livros, que dissesse... pois trabalhavam lá, e eu na minha honesta forma de ver as coisas, voltei a recusar aquela proposta.
Há uns meses, ao enviar a uma editora um livro para apreciação, fizeram-me uma proposta derradeira de o publicar gratuitamente, desde que vendesse um certo número de exemplares, e eu voltei a pensar na honestidade e tive receio de me aventurar.
Agora recebo a proposta de publicar novamente por uma editora, que conheço bem, e eu estou outra vez na indecisão e na reflexão.
O que fazer afinal quando nos fazem propostas irrecusáveis?
Pensamos e pensamos ou damos imediatamente uma resposta e deixamos de refletir tanto?
Nenhum comentário:
Postar um comentário