quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

O discurso das editoras dos grandes grupos editoriais

Ainda ontem recebi um email de uma grande editora, e, lamentavelmente, o discurso mantém-se inalterável ao longo dos anos. Confesso que, enquanto autora desconhecida do grande público, a publicar ainda através de editoras vanity, ou seja, a pagar para editar, tento a sorte há uns anos e não desisto de insistir no envio de projetos editoriais para as grandes editoras.
O discurso é quase sempre nestes termos “temos a programação editorial preenchida para este ano... chegam-nos centenas de propostas de edições...lamentamos mas não podemos aceitar a sua proposta de edição...desejamos-lhe os maiores sucessos...”Acreditem que já obtive uma boa dúzia de respostas semelhantes a estas.
O que sinto? Sinceramente, rotulada. A biografia ou bibliografia serve às editoras de nome no mercado livreiro para avaliar a dimensão do risco. Calculo que a maioria nem verifique a sinopse do livro, ou os seus primeiros capítulos, mas se prenda única e exclusivamente ao nosso currículo, a nossa atividade literária. Às nossas publicações pagas, que levam imediatamente a um rótulo lapidar - falta de qualidade. Ora, isto, na maior parte das vezes não corresponde à verdade. Por detrás de um escritor que quer sair do anonimato poderá haver alguém dedicado, empenhado. Um escritor, que se lhe fosse dada uma oportunidade e até linhas de orientação no género de obras pretendidas pelo grupo editorial, poderia produzir obras de preferência dos leitores.
Compreendo que as grandes editoras não queiram arriscar num autor que não é conhecido, que não é célebre, porque a obra tem que se tornar rentável. Predominam os autores e o mercado de produção de obras deve provavelmente encontrar-se esgotado. Não deve haver grande interesse na busca de novos valores da literatura, como se já houvesse autores com estilos de escrita para todos os gostos.
O discurso é que não muda muito de editora para editora, há alguns anos. Como se copiassem uns pelos outros, ou estivessem em sintonia de opiniões.
Assim, de que adianta ter esperança, ser insistente e teimoso? Obviamente que será quase impossível que chegue a oportunidade de ouro, mas se o feliz acaso surgir...

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