
Com o tempo de espera, a criança do meio acabou por ficar rabugenta, andando de um lado para o outro, e, para a calar, a mãe, alto e a bom som, ralhava com ela, como se fosse adulta "a menina está a deixar a mãe aborrecida", "está habituada a que lhe façam as vontades, mas comigo não é assim" "chore, chore à vontade que eu não vou fazer nada", "pode deitar-se no chão à vontade, que eu não a vou levantar", "a mãe está muito desiludida com a menina" e, a criança esponjava-se no chão aos gritos, para chamar à atenção.
As pessoas olhavam sem poder fazer nada perante os gritos da criança. Ainda me levantei para apanhar papéis à mãe, que caíram com a atrapalhação e aproveitei para fazer uma macacada para fazer a criança parar de chorar, mas não adiantou; a criança estava mesmo sentida, não sei se pela falta do telemóvel, que a mãe dava e tirava, ou se pela falta de atenção e de carinho.
Lá se calava por momentos, mexendo no aparelho e a mãe, com a bebé ao colo, dizia: "é só para se calar, menina má. Está sempre com a birra, quando não dorme!" Tirava-lho quando ela começava a mexer e fazer sons, e a criança gritava.
No momento em que a mãe foi atendida, a criança lá foi atrás dela, chorosa, mas ela sempre a repreendê-la, para toda a gente ouvir. A criança estava num stress enorme e a mãe sem a conseguir calar.
Meus caros, "nem tanto ao mar, nem tanto à terra". Está certo que não devemos fazer as vontades às crianças, e habituá-las desde pequeninas a saber que não, é mesmo não, mas expô-la publicamente com uma rispidez e falta de atenção e carinho notórias, é grave.
Durante mais de meia hora a criança gritou a plenos pulmões, pedindo mimos, que a mãe não podia dar, porque tinha a bebé ao colo. Entendia que era com aquela conversa de adulta, ao chamá-la má e culpá-la da sua desilusão, ou melhor da "vergonha", que a pequenita lhe estava a causar, dando-lhe o telemóvel de mau modo, que a ia conquistar e fazer calar. Não!
A bebé de colo mexeu-se e ela beijou-a na testa e na boca, perante a outra, que chorava, e disse bem alto, "a menina não vai ser assim tão má como a mana, pois não?" Caros leitores, julgo que uma e outra criança mesmo que não sejam más, tornam-se. Até uma com a outra, na disputa pelo afeto da mãe.
Esteve muito mal a senhora e afirmo aqui que se o calvário continuasse e houvesse agressão física à criança, eu ia chamar as autoridades. Estava incrédula com tanta falta de paciência da mãe, de atenção, observando o cenário e refletindo sobre ele. A menos que a mãe estivesse em situação de stress pós parto, que é natural, aquilo não era forma de falar ou educar uma bebé de tenra idade. Até consigo antever que, a continuar assim, aquela mãe terá certamente um dia destes problemas com justiça, e a criança terá problemas de afetividade.
Estranho é o facto de que, sem o mínimo problema, esta senhora estava a protagonizar estas cenas com toda a frieza e rispidez para com uma pequenina, perante um considerável número de pessoas, e provavelmente num local com vídeo vigilância em pleno edifício das leis.
O que pode um comum cidadão fazer numa situação destas? Nada.
O que podiam os funcionários ter feito? Não a fazer esperar e atendê-la imediatamente, já que tinha uma recém-nascida ao colo e a outra pequena, que não sossegava.
Sinceramente espero que aquela mãe se consciencialize que tem que se acalmar e tentar saber gerir os conflitos e as situações em família, de modo que não se exponha tanto, como o fez. Deve tentar dar afeto à pequena, ou melhor, às pequenas por igual.
Nenhum comentário:
Postar um comentário