quinta-feira, 14 de março de 2019

A falta de paciência e as vontadinhas

De manhã estive num local público, perdida por lá duas horas, o que me permitiu observar algumas situações familiares criticas. Curiosamente, estava uma mãe ainda jovem com uma filha adolescente, uma irmã com cerca de dois anos e, ao colo uma bebé de quinze dias.
     Com o tempo de espera, a criança do meio acabou por ficar rabugenta, andando de um lado para o outro, e, para a calar, a mãe, alto e a bom som, ralhava com ela, como se fosse adulta "a menina está a deixar a mãe aborrecida", "está habituada a que lhe façam as vontades, mas comigo não é assim" "chore, chore à vontade que eu não vou fazer nada", "pode deitar-se no chão à vontade, que eu não a vou levantar", "a mãe está muito desiludida com a menina" e, a criança esponjava-se no chão aos gritos, para chamar à atenção.  
      As pessoas olhavam sem poder fazer nada perante os gritos da criança. Ainda me levantei para apanhar papéis à mãe, que caíram com a atrapalhação e aproveitei para fazer uma macacada para fazer a criança parar de chorar, mas não adiantou; a criança estava mesmo sentida, não sei se pela falta do telemóvel, que a mãe dava e tirava, ou se pela falta de atenção e de carinho.
      Lá se calava por momentos, mexendo no aparelho e a mãe, com a bebé ao colo, dizia: "é só para se calar, menina má. Está sempre com a birra, quando não dorme!" Tirava-lho quando ela começava a mexer e fazer sons, e a criança gritava. 
      No momento em que a mãe foi atendida, a criança lá foi atrás dela, chorosa, mas ela sempre a repreendê-la, para toda a gente ouvir. A criança estava num stress enorme e a mãe sem a conseguir calar. 
       Meus caros, "nem tanto ao mar, nem tanto à terra". Está certo que não devemos fazer as vontades às crianças, e habituá-las desde pequeninas a saber que não, é mesmo não, mas expô-la publicamente com uma rispidez e falta de atenção e carinho notórias, é grave.  
      Durante mais de meia hora a criança gritou a plenos pulmões, pedindo mimos, que a mãe não podia dar, porque tinha a bebé ao colo. Entendia que era com aquela conversa de adulta, ao chamá-la má e culpá-la da sua desilusão, ou melhor da "vergonha", que a pequenita lhe estava a causar, dando-lhe o telemóvel de mau modo, que a ia conquistar e fazer calar. Não!
      A bebé de colo mexeu-se e ela beijou-a na testa e na boca, perante a outra, que chorava, e disse bem alto, "a menina não vai ser assim tão má como a mana, pois não?" Caros leitores, julgo que uma e outra criança mesmo que não sejam más, tornam-se. Até uma com a outra, na disputa pelo afeto da mãe.
      Esteve muito mal a senhora e afirmo aqui que se o calvário continuasse e houvesse agressão física à criança,  eu ia chamar as autoridades. Estava incrédula com tanta falta de paciência da mãe, de atenção, observando o cenário e refletindo sobre ele. A menos que a mãe estivesse em situação de stress pós parto, que é natural, aquilo não era forma de falar ou educar uma bebé de tenra idade. Até consigo antever que, a continuar assim, aquela mãe terá certamente um dia destes problemas com justiça, e a criança terá problemas de afetividade.
          Estranho é o facto de que, sem o mínimo problema, esta senhora estava a protagonizar estas cenas com toda a frieza e rispidez para com uma pequenina, perante um considerável número de pessoas, e provavelmente num local com vídeo vigilância em pleno edifício das leis.
         O que pode um comum cidadão fazer numa situação destas? Nada. 
       O que podiam os funcionários ter feito? Não a fazer esperar e atendê-la imediatamente, já que tinha uma recém-nascida ao colo e a outra pequena, que não sossegava. 
      Sinceramente espero que aquela mãe se consciencialize que tem que se acalmar e  tentar saber gerir os conflitos e as situações em família, de modo que não se exponha tanto, como o fez. Deve tentar dar afeto à pequena, ou melhor, às pequenas por igual. 

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