sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Três em uma

    Escrever um artigo em que és uma das intervenientes, é um pouco estranho. 
    Não é a primeira vez que isso me acontece, mas podem ter a certeza que me baralho entre o "eu" jornalista" e o "eu" autora e ainda o "eu" interveniente nas atividades.
     Foi isso que senti quando me solicitaram este artigo para o jornal local. Numa grande confusão de "eus"; julgo ter pensado o que experimentou Fernando Pessoa nos seus heterónimos. É uma experiência deveras singular. Aconselho a experimentarem. 
    Tentem escrever um texto para um jornal, falando na terceira pessoa de vós próprios e sentir a objetividade e o distanciamento de vós próprios. Depois, no final, assinem o artigo. Ainda se sentem mais confusos e atacados pelo bichinho da consciência do " devia ou não devia fazer isto".  
      No momento estas reflexões passam pela vossa cabeça, mas quando veem o produto acabado e ali, na página de jornal, meditam sobre a pertinência do ato e colocam-se algumas questões:
- O que pensarão as pessoas que leem o texto, veem a imagem de uma atividade tua, e veem que assinas no fim?
- Pensarão que estás maluquinha?
- Pensarão que é vaidade?
     Para além destas, colocam-se outras, mas, o que interessa, é que fizeste o teu trabalho de jornalista/repórter, de autora e de interveniente/ participante em algumas das atividades sobre as quais escreveste.  O resto, como a assinatura, tem o teu timbre e prova que, se te fazem um desafio não hesitas, nem que tenhas que ser três em uma.

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