quinta-feira, 25 de abril de 2019

Já fui livre...




Já fui livre neste país pequeno e verdejante.

Já voei alada e feliz pela verdadeira liberdade.

Quando o Abril chegou com o cravo empolgante,

tingi-me de vermelho como as tropas pela cidade.



Já fui libertina, sem qualquer réstia de medo.

Nunca dei atenção à voz dos acutilantes tiranos.

Receio agora o monstro corrupto em segredo,

que domina cruel pelo globo nestes meus anos.



Já fui livre. Não sei se sou neste torpe universo,

quando assisto à impiedade fria da rude matança,

onde o Homem se mostra como um animal perverso.



Já fui livre. Não sei se ainda tenho essa confiança.

Se ser livre é viver num mundo descrente e adverso,
o que me resta dele é uma tão ínfima esperança.

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