sonante
e ensurdecida,
perdida,
possante
e
sentida…
Palavra
marcante…
Breve
ou longa no tempo
e
na vida
de
um país pequeno ou grande.
Afiada
como uma navalha
que
crava feridas no peito;
sutura
de uma economia
que
falha,
e
que por despeito
entrega
nos braços da incerteza:
Gente…
e
conduz por trilhos inseguros do futuro
para
a miséria ou pobreza
um
país coberto de míngua e de fome…
Crise
que é gente
que
tem presa na garganta a dor
e
enche de pranto
o
silêncio…
e
que se agiganta
num
amanhã incolor
sem
arco-íris de encanto
e
vive a dor
no
beco mais escuro
da
vida.
CRISE…
Palavra
vã e efémera
criada
pelo Homem;
inventada
pelo modernismo.
Seca,
estéril,
simples
eufemismo,
quiçá
quimera,
indesejada
e temida.
Crise
que lança a desgraça,
febril,
sedenta
por
justiça.
Crise…
como
um caçador vigilante que caça
e
preguiça
lentamente
dolente
e
ataca
as
vítimas,
e
depois sem dó rebenta
indiferente
com
as suas entranhas
e
com o seu magro sustento.
Caçadora
poderosa,
possante,
insensível,
que
leva toda a existência
do
nada
de
um povo errante
que
se lamenta
e
sofre inconsolável
e
sem essência
a
alvorada
sombria
e
enlutada
da
vida.
Crise…
Assassina
da esperança,
da
coragem,
da
boa ventura,
dos
objectivos concretos,
de
sonhos insurrectos,
e
que lança na vadiagem
e
no desespero
os
mais pobres,
que
na sua desventura
se
embrenham
na
sociedade
perdidos,
libertos
de regras
numa
aventura
perigosa
e
sem fim.
Crise….
alimentadora
de vícios
dos
Homens
na
embriaguez
da
loucura
que
experimentam
na
aldeia, vila ou cidade
a
prostituição, o roubo ou o crime
para
silenciar
sustidos,
amargurados
a
ausência
do
amor
de
uma família.
Homens
e mulheres sem destino
a
quem uma ninfa vidente,
feiticeira
do desamor
empurrou
sublime
na
sua vidência
para
o limite
da
sua existência
e
pressagiou
a
ruína da vida.
Crise
dos ricos e dos pobres,
alada
por todo o mundo,
chorada,
mordaz,
crítica,
vizinha
de bairros de lata salobres,
severa
e tenaz,
inquilina
de apartamentos luxuosos
e
elíptica,
que
assaz
disfarça
a
rudeza da escassez
usando
intrincados enredos
para
fingir
imunidade
ao engano.
Fustigadora
da paz.
Implacável,
Odiosa,
que
com vil rapidez
e
sem segredos
enlaça
tenebrosa
nas
suas fortes e ferozes teias
os
mais desprevenidos,
causando
dano,
perda,
embaraço,
humilhação
e
sofrimento.
Crise…
Promotora
do infortúnio
da
perdição,
da
morte,
do
desespero,
e
do desalento.
Anunciadora
do mal;
cangalheira
que
espera ter a sorte
de
fechar
num
caixão
e
enterrar
numa
cova funda
a
razão principal
da
luz da vida.
Crise
moral ou de valores
envolta
em juízos e pudores.
Crise
económica ou financeira,
onde
a falta de dinheiro
prega
aos
doutos economistas
uma
rasteira.
Crise
política e de partidos
onde
nem se entendem
os
ouvidos…
É
a gente
que
fica sempre
com
a crise…
E
ela passa
quando
quer…
Sorrateira
ou
esperançada
por
regressar em breve
e
colocar mais uma vez a ratoeira
para
a gente pisar
nem
que seja ao de leve.
Cabra da crise!
Cogitam
os impulsivos
com
os seus motivos
e
sentem-se
perdidos,
ofendidos,
impotentes
para
a combater.
Mas
a Crise
também
seduz e atraiçoa
simultaneamente
Consome
e mata pouco a pouco
qualquer
pessoa
e
de repente….
some,
desvanece
como
que por encanto
lançando
o feitiço
enganador
à
gente
e
provoca uma dor
profunda
a
quem a sente.
Raios a partam!
Que a leve o Diabo!
e
abandone a mente
sofrida
de
quem
quer
viver
como
gente
a
alegria da vida.
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