sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Entre os meus mundos (um poema)

Mundos que me põem em sufoco, que me apoquentam quando sós, que brotam de mim sentimentos, quando os toco e me enredam em nós! Mundos que me deixam plena, radiantemente invadida de exaustão extasiada, na margem assombrosa e errante da vida do início ao fim da minha estrada… Vivo entre-mundos, entre-sóis, entre-planetas, entre-oceanos, entre-rios planos, afagando-lhes ternamente os caracóis no voltar passado de verdes anos. Anos que amparei esses mundos; anos que lhes sustentei a vã alegria; anos de sentimentos profundos, vividos dia a dia em eterna plenitude e agonia, escondendo ansiedades em segundos para não lhes arruinar a harmonia. Pari estes mundos imensos. Amamentei-os de seiva branca e pura. Sofri momentos intensos para lhes dar uma estrutura. Uma estrutura de mente, um molde de vida, que, presente, foi plenamente vivida, em construções faseadas de amor… Estico esgotada os meus braços. Agarro fortemente os meus mundos. Sustento-os em laços profundos. Conheci-lhes desde sempre os traços, gémeos de mim, caídos do meu íntimo, separados do cordão da vida, gesticularam os braços, numa tentativa, e num sorriso ínfimo, grandioso de amor, colocaram-me nos seus mundos, sem pedir favor, dando-me gratuitamente o reino da felicidade. E numa vida simples com os seus sarilhos. Emparedada entre os meus mundos, sérios, complicados, mas compensadores: são os mundos meus filhos, os mundos dos meus amores.

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