A Iara brincava como todas as meninas.
Aprendia tudo rapidamente e tinha uma grande imaginação, mas o que a Iara mais adorava
fazer era uma sesta calma na sua escolinha no seu colchãozinho rosa.
Numa tarde de descanso, em que o sol brincava com a chuva, a Iara sentiu-se
voar levemente como uma pluma. Os raios do sol envergonhados enrolaram-se na
escuridão das nuvens e a Iara caminhou em direção a uma ponte, preparando-se
para uma longa viagem. Estranho é que não se lembrava de ter feito as malas, ou
ter viajado de autocarro para lado algum, mas tinha a certeza que estava a
viajar.
- As minhas pernas não se estão a mexer!?
Nem as sinto a pesar! – Afirmava, admirada. – Nem vejo o caminho a passar!?
Porém ouviu uma voz doce e terna de embalar.
- Claro que não, Iara! Não te assustes,
porque vais adorar esta viagem. Sem dores de cabeça, sem enjoos…Tenho a certeza
que será uma viagem incrível.
- Sim? A sério? – Questionava, curiosa.
- Espera e verás! – Disse a voz
carinhosa que lhe colocou um beijo na testa.
Não tardou muito que não sentisse o vento forte que a levava, fazendo-a flutuar
no ar.
- Que divertido! – Exclamou, rindo e
admirando as nuvens macias, mas escuras, passeando ao seu lado.
Olhou melhor o céu gigante e avistou a ponte das cores à sua frente. A
chuva começou a cair suavemente sem tocar no seu corpinho e sem a encharcar.
A Iara apressou-se com coragem como se andasse em cima de um cavalo com
asas e começou a subir aquela ponte. Havia um primeiro carreiro violeta muito macio
que espalhava um cheiro bom a flores. Era um campo estreitinho e direitinho de
lírios. A Iara apreciava aquele aroma e lá avançou a saltitar sem sentir que
estava a pisar as flores.
- Vou conseguir passar este campo! –
Disse, valentemente. – Mas porque é que eu não esborracho com os pés estas
flores?
A Iara via borboletas a brincar à
sua volta, também de tons violeta, que lhe tocavam na cara sem a magoar, mas
faziam-lhe cócegas, e depois afastavam-se de repente como por magia, batendo as
asas.
À sua frente, caminhando mais devagar, a Iara achou um bichinho
estranho. Nunca vira um ser assim. Longo, de penugem balofa, curto das patas,
metade lobo, metade dragão, o animal tinha um focinho aguçado e uma boca grande
de dentes afiados e amarelados.
A Iara parou com receio. Os seus olhos azuis tremiam também.
“ Será
que me vai fazer mal? Que me vai comer? ” – Pensou, baixinho, nervosa.
O animal correu para o fim da linha da via e sorriu-lhe, entreabrindo a boca
lentamente e, por entre os dentes amarelos, esticando a língua, a Iara viu sair,
como por magia, um rasto de luz anil. Parecia estar a desenrolar um tapete brilhante,
numa cor esquisita, que pouca gente conhecia da língua dele.
A Iara ganhou coragem e, assim que o apanhou, tentou subir-lhe para o
dorso, mas não conseguia, e como não conseguia, o bicho deu-lhe um empurrão com
o seu focinho forte. A Iara deu algumas gargalhadas, feliz, como se tivesse
cócegas. Ia deslizar por um escorrega anil em arco e apostava que era uma
sensação muito boa.
Sentia o cabelo esvoaçar e as nuvens negras por cima dela que a acompanhavam,
mas não a assustavam, porque a luz do sol a seguia sempre naquela viagem.
- Que bom! Estou a adorar isto! – Gritou,
rindo, e vibrando de felicidade.
“ Acho
que estou a escorregar na saliva deste bicho!?” – Pensou, sem sentir nojo,
porque não se molhava naquele escorrega estranho. Nem era pegajoso!
Quando chegou ao fim, a Iara encostou-se a um canto, admirando a paisagem
incompleta de cores, até que um vento ainda mais forte a empurrou e ela
deixou-se empurrar. A passagem continuava a desenvolver em arco, mas agora num
tom de água, numa cor de mar.
Distraída, não percebeu que tinha ao seu lado uma espécie de menino de sombra
leve e azul, um menino que mal se via. Encostara-se junto a um chafariz gigante
que jorrava água com alguma força. Uma água que ficava plana em jeito de
estrada de água.
Então, o menino, numa voz fininha e quase sumida, perguntou-lhe:
- Queres continuar esta viagem?
- Sim! Quero muito! – Respondeu, alegremente.
- Então chega aqui! Sobe para cima deste
chafariz e salta! Pensa que vais andar numa prancha de surf!
A Iara assim fez, e, depois, o menino pôs a sua mão sobre a bica da
fonte que magicamente deitou uma língua gigante de água ainda mais forte. Era alongada
e acompanhava lado a lado o campo violeta e o rasto anil. Parecia um mar
direitinho numa tira sem fim.
- Equilibra-te, Iara! – Gritou o menino,
num esforço grande para se ouvir.
- Como é que sabes o meu nome? – Gritou a
Iara também.
- Sei os nomes de todas as crianças que
fazem estas viagens! – Conseguiu dizer, abrindo os braços, que colocaram uma
faixa de luz azul na tira azul.
Ela adorava o mar, mas sabia que tinha os seus perigos. Todo o cuidado
era pouco quando se estava dentro do mar, mas se estava amparada pelas paredes
das outras cores, não havia nada a temer. Bastava segurar-se bem.
Já via a linha do verde que lhe trazia calma e lembrava-a de coisas
boas, como os campos, as folhas e a primavera. O verde era esperança, como os velhinhos
diziam.
- Mas como é que saio daqui para a estrada
verde? Quem é o dono do caminho verde? – Perguntava, sem saber se alguém lhe
iria responder.
- Sou eu! – Respondeu-lhe passado algum
tempo alguém que viria a receber no final da fiada de água. Era uma voz tão estranha,
que parecia estar a mascar pastilhas e a fazer balões.
- Tu? Quem? Não te vejo? – Estranhou,
olhando em todas as direções, equilibrando-se na linha como se estivesse em
cima de uma prancha.
- Eu! Não te assustes! Chamam-me
Verdinho! – Disse um animal, surgindo da água, dando saltos gigantes.
Ela parou no meio da água, um pouco assustada. Lá estava um sapo enorme como
se saísse do lodo de um charco. Era grande e arredondado. Entendia agora porque
falava como se mastigasse pastilhas ou gomas.
O Verdinho dava saltos, muito irrequieto e era desassossegado como
alguns meninos da sua escola.
- Vá lá, Iara! Salta depressa para o meu
caminho! Não podemos perder tempo! Tens que chegar ao fim desta viagem!
Agora o sol era mais forte e batia num muro de sombras, tornando a ponte
de cores ainda mais viva.
A Iara, que era uma menina muito obediente, pulou sem saber que chão iria
encontrar. Acreditou no Verdinho. Sabia que nem sempre podia confiar e seguir
os outros, muito menos desconhecidos. A mãe dizia-lhe sempre:
- Minha querida, se não conheceres uma
pessoa nunca lhe dês a mão! Chama alguém mais velho que conheças para te ajudar!
Por isso ela estava a desobedecer à mãe e isso era mau e podia ser muito
perigoso.
- Não tenhas medo! Podes confiar no
Verdinho! – Disse o sapo, sorrindo a mastigar palavras e lendo os seus
pensamentos.
A menina ganhou coragem e deixou-se escorregar. Calcava um tapete de
musgo fofo por onde se deixou levar pelo sopro do vento como se tivesse asas. Voava
naquele relvado e sabia que havia de chegar ao fim sem se magoar.
- Adoro isto! Está a ser muito
divertido! – Disse, muito feliz.
- O Verdinho disse-te para acreditares
nele! O Verdinho não é um sapo mau! – Gritou, fazendo bolhas na boca.
- É mesmo uma grande aventura! –
Exclamou a Iara, deslizando e colocando as mãos no tapete verde, sem as sujar.
Depois pensou, calmamente:
“ Mas
porque é que não me sujo? Devia ficar cheia de lodo, de musgo, ou o que é
isto!?”
- Porque tens as cores só na tua imaginação,
não as estás a tocar! – O sapo adivinhou mais uma vez o seu pensamento.
- A sério? – Perguntou, coçando a cabeça
de cabelos longos e encaracolados.
- Acredita em mim! O sonho é só a tua tela
da imaginação! – Afirmou o Verdinho, sabiamente.
Ao fundo já se avistava uma ponte
de amarelo. Alta, mais alta do que a da erva. A Iara fez uma curva no final da
verde, erguendo os braços e preparou-se para dar um pulo para o caminho
seguinte, e, por magia, experimentou pela primeira vez estar em cima de uma
plantação de girassóis anões.
- Vou estragá-los todos com o meu peso! –
Disse, tristemente.
- Não, não vais! Salta à vontade! Não os
vais magoar! Salta então! – Pediu um pequeno anjo dourado com asas colossais, quase
transparentes, que esperava a Iara, no início do carreiro. As asas abanavam fortemente
em direção a ela e haviam-na ajudado a subir para o caminho, fazendo de baloiço.
- Posso então pisar este campo?
- Claro que sim, mas aviso-te que as
pétalas te vão fazer cócegas!
- Eu não tenho cócegas! – Afirmou, não
tendo a certeza disso, depois daquela aventura de cores.
Deixou-se cair para cima das plantas de cabeça voltada para o sol, mas
incrivelmente não as quebrou. Flutuou por cima delas, como se não tivesse peso,
empurrada pelo impulso do bater das asas do anjo dourado.
Passados uns momentos, começou a rir sem parar.
- Os girassóis picam-me os pés! Ai, ai!
Fazem-me rir e chorar ao mesmo tempo!
- Não disseste que não tinhas cócegas? –
Perguntou o anjo de ouro.
- Ah,
ah! Não sei porquê, mas parecia que não
ia ter cócegas com eles, mas afinal sinto.
A Iara riu à gargalhada durante todo o percurso amarelo. Gostava de rir
mas quando era forçada não. Estava mesmo farta de rir e desejava que aquela
viagem no amarelo terminasse.
- Quando é que isto acaba, anjo?
- Mais um pouco… - Ainda o conseguiu
ouvir, distante.
Aproximava-se já de algo alaranjado e, assim que curvou no caminho, viu
que era uma cultura de laranjas, mas não eram laranjas nas árvores como as do
pomar do tio. Alguém tinha semeado laranjas numa tira de chão em arco. Seriam
para comer? Ela adorava laranjas! Tinham vitamina C e faziam muito bem à saúde
das crianças.
Aquelas não pareciam ser boas para comer, porque eram como esponjas, redondas
e macias. Não lhes sentia a casca dura e também não as esborrachava, porque se
o fizesse, faria sumo, de certeza!
A Iara saltou para cima delas sem fazer força, e depois, correu pelo
caminho sem empurrar o seu corpinho adiante e subiu o arco laranja sem se
cansar. Não sentia os pés pisar aqueles montinhos arredondados.
Logo se apercebeu de um homenzinho a baloiçar uma pá que a ia fazer voar
mais além.
- Não sei porque não sinto nada, mas é
bom sentir-me assim!
- Plantei este campo de laranjas no chão
para ti e para todos os meninos que gostam delas, mas não são para apanhar do
chão e comer. Sou o agricultor do arco e cultivo para mostrar aos meninos que
as laranjas fazem bem à saúde.
- O agricultor do arco!?
- Sim, o meu trabalho é plantar campos
de laranjas como este, mas só os cultivo quando estou entre a chuva e o sol.
- Porquê?
- Já percebeste que estás a viajar pelas
Quintas do Arco?
- As Quintas do Arco? – Riu a menina,
estranhando o nome.
- Sim, cada linha de luz e de cor tem a
sua plantação. Repara bem! A plantação dos lírios, a da saliva anil, a da água,
a da erva, a dos girassóis e agora a do campo de laranjas. Cada um tem a sua tira
de cor com plantações.
- E só falta uma! – Disse a Iara, muito
depressa, acompanhando o som da voz do agricultor, que ecoava. – O vermelho,
não é?
- Sim, tens razão. Falta pouco para lá
chegares!
- Eu sei. Já lhe vejo a ponta! É um
campo de quê? O que é que plantaram lá?
- Rosas. Um campo de rosas.
- Já me cheiram tão bem! – Apreciou a Iara,
inspirando o aroma perfumado.
- São lindas! – Concordou o homenzinho,
começando a poisar a pá.
- Não vou saltar para lá! Vou-me picar
toda!
- Não picam. Tenho a certeza. São só
botões de rosa sem espinhos.
Ela sabia que estava quase a terminar a sua viagem sobre as laranjas-
algodão e despediu-se do agricultor.
- Adeus! Acho que tenho uma cama
comprida cheia de rosas à minha espera!
- Mas não apanhes nenhuma, porque são
todas precisas! – Aconselhou o homenzinho.
- Está bem! – Prometeu.
Iara entrou saltitante na última plantação das cores das Quintas do Arco
e sorriu:
- Que cheirinho maravilhoso! Quem é que
plantou este canteiro?
- Fui eu. Plantei estas rosas com muito amor.
Surgiu atrás dela um homem vestido de vermelho. Parecia um bombeiro.
Desde muito pequena que a Iara gostava da profissão de bombeiro, porque
os pais tinham essa profissão. Os bombeiros eram pessoas muito cheias de amor,
porque ajudavam os outros.
Ela pulou para iniciar o caminho, mas o homem fê-la parar.
- Não saltes! É melhor vires para o meu
colo. Posso ajudar-te!
- A sério?
- Sim. Eu sou o bombeiro das rosas.
- Bem me parecia! – Riu a menina.
- Planto as rosas da amizade e do amor.
- Eu sei o que é o amor! - Exclamou,
contente.
- O que é? – Perguntou o homem, querendo
saber da sua inteligência.
- É aquilo que sinto pelos meus pais e
pelo meu irmão bebé.
O bombeiro ergueu-a nos braços e sorriu-lhe. Era um homem com um rosto bonito,
de barba branca muito arranjada, muito parecido com o Pai Natal.
A Iara sentia-se embalada pelo ondear dos seus braços. Sentia também no
ar o perfume doce das rosas. O vermelho era a mais forte das cores e o sol
acompanhava-as, entre os pingos calmos da chuva.
- Sabes como é que chamam a este arco
por onde estás a viajar?
- É o Arco da quinta das rosas! –
Respondeu, recordando o que o agricultor lhe dissera.
- Sim, sim. Esse foi um nome inventado.
Eu quero que me digas qual é o nome verdadeiro.
- Não sei. Talvez o Arco das Cores… –
Sorriu.
- Podia ser, mas todos o conhecem como o
arco-íris, o arco-celeste, o arco-da-aliança, o arco-da-chuva ou o arco-da-velha. Sabias?
- Só sabia o nome
- arco-íris! – Disse Iara, acomodando-se nos braços fortes do homem.
- São sete
cores como as sete notas musicais.
- Que giro! É
mesmo! – Reparou a menina, olhando o céu entre o escuro e o sol e sentindo a
melodia fina da chuva.
- E há muitas
histórias de encantar sobre o arco-íris! – Disse o homem, sorrindo.
- Sim. A
história do pote de ouro que eu já ouvi na escola.
A Iara sentia que a viagem estava a
terminar porque as cores começavam a desaparecer.
- Pois sim. A história
do duende e de um pote de ouro no final do arco-íris… – Acrescentou o bombeiro,
e pousou-a lentamente no chão dos botões.
- Vais-te
embora como os outros? – Perguntou, a fazer beicinho.
- Tenho que ir.
– E inclinando-se, beijou-a na testa. O toque dos lábios dele era igual ao do pai,
embora o pai não tivesse barba branca.
Ela olhou o campo encantador de botões, e, vendo-se
sozinha, decidiu colher um, desobedecendo à ordem do agricultor. Subitamente o
Arco das Cores começou a cair, a cair pouco a pouco, para dentro de um pote
gigante dourado. Logo apareceu ao lado dela um duende anão, vestido de verde e
castanho, que a assustou.
- Ai, ai,
minha menina! Não escutaste o aviso do agricultor!? Agora esgotaste o arco-íris
e ele está a acabar. Vou ter que o guardar, bem guardadinho, no meu pote!
- Oh, não! Não faças isso! – Pediu Iara,
tristemente. – Não sejas mau!
- Eu não sou
mau! Tu é que fizeste a maldade! Agora tenho que guardar mais depressa o que é
meu!
- O arco-íris
não é teu! – Gritou, tentando alcançar o duende, sem conseguir.
- Não é, pois
não?
- Este
arco-íris é só meu! – Disse, teimosa, e, bateu o pé, fazendo uma careta de
zangada. – Eu gostei de viajar nele! Foi tão lindo conhecer as cores e aprendi
tantas coisas com elas. Não mo vais roubar! Este arco-íris é só meu! Já disse!
- Podes ter
gostado, mas acabou! Até mandaste embora a chuva de vez! Quem te mandou tirar o
botão!? Não há mais arco-íris, nem para ti, nem para ninguém! Por agora não há
mais nada! Vou levá-lo comigo! Vês? Já está a desaparecer…Estás a ver!?
- És tão mau!
Não gosto mesmo nada de ti! – Disse a Iara, muito irritada.
- Quero
guardar esta jóia da natureza que só regressa quando chover outra vez! Agora a
chuva já acabou… Afinal sou mesmo um duende mesmo muito mauzinho!
- Vais-me
roubar o arco, mas não me roubas a lembrança desta viagem!
- Pois não, mas
prepara-te que vais cair… - Disse o duende, pegando na tampa do pote assim que apanhou
a cauda de todas as cores.
- Ai…. Seu malvadoooo! – Gritou a Iara, de braços no ar, sentindo o corpo a cair.
- Iara! Iara!
– Depois escutou uma voz doce. – Então, Iara? Porque é que estás a gritar?
- Mas!? Eu não
caí a sério? – Perguntou, levantando-se do colchão, sobressaltada.
- O quê,
querida? Suspeito que estiveste a sonhar!? O que se passa? Hoje dormiste uma
grande sesta!? Nem acordaste com o barulho dos outros meninos!?
- Um sonho!?
Então eu não estive a viajar pelas cores? Não!?
- Tenho a
certeza que fizeste uma viagem muito agradável pelo sono, a que se chama sonho!
- Foi tão bom,
mas o duende roubou-me o arco! – Fez uma carinha tristonha.
- Ele só o levou
por uns tempos. Acredita! – A educadora riu, percebendo o que a criança sonhara.
- Um dia destes volta a aparecer um novo para nos visitar. O duende vai ter que
abrir o pote para o soltar. Vai ser obrigado a isso!
- Ele tem
muitos para guardar e libertar toda a vida da gente. – Admitiu Iara, pensativa.
A educadora sorriu, abraçando-a com
carinho.
Depois, pensou, feliz:
“ Se pudesse castigava aquele duende malvado!
Gostava que ele fosse castigado. Pensa que manda na natureza, ou quê?”
Ao fim da tarde, sentada no sofá, olhou para
a janela da sua sala. Lá fora chovia de novo. Por magia, entre o sol e a chuva,
pintou-se uma tela de cores no céu. Mais uma ponte ou quinta das cores se preparou
para receber outros meninos sonhadores. A boca do pote dourado tinha-se aberto de
novo.
- Tão lindo!
Alguém vai começar uma nova viagem. Talvez uma menina como eu. Eu já tive direito
à minha e adorei!
- Pois é,
querida. – Apareceu a educadora. - Todos nós fazemos essa viagem na nossa vida.
Todos nós sonhamos com a beleza do arco-íris!
- Então aquele
foi só meu, mas durou tão pouco tempo! – Lamentou Iara, já com saudades.
- Durou o
tempo da felicidade do teu sonho!
- A felicidade
das cores da vida, num lindo arco-íris! – Disse, admirando-lhe a beleza. –
Então o duende guarda uma coisa muito bela!? Não é um ladrão de arco-íris!?
- Claro que
não!
- Quando o
voltar a ver, vou-lhe pedir desculpa! Não devemos julgar os outros antes de termos
a certeza! Não é, educadora?
- Certo!
- Mesmo que
essa pessoa seja um duende mágico de um sonho, dono de um pote de oiro que
esconde os arco-íris do mundo!
A Iara abriu os braços e fechou os olhos.
“Eu queria voltar a viajar no arco das cores!
Talvez, no próximo sonho! Mas aquele arco-íris
foi só meu!”
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