sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Este arco-íris é só meu

    A Iara brincava como todas as meninas. Aprendia tudo rapidamente e tinha uma grande imaginação, mas o que a Iara mais adorava fazer era uma sesta calma na sua escolinha no seu colchãozinho rosa.  
     Numa tarde de descanso, em que o sol brincava com a chuva, a Iara sentiu-se voar levemente como uma pluma. Os raios do sol envergonhados enrolaram-se na escuridão das nuvens e a Iara caminhou em direção a uma ponte, preparando-se para uma longa viagem. Estranho é que não se lembrava de ter feito as malas, ou ter viajado de autocarro para lado algum, mas tinha a certeza que estava a viajar.
- As minhas pernas não se estão a mexer!? Nem as sinto a pesar! – Afirmava, admirada. – Nem vejo o caminho a passar!?
   Porém ouviu uma voz doce e terna de embalar.
- Claro que não, Iara! Não te assustes, porque vais adorar esta viagem. Sem dores de cabeça, sem enjoos…Tenho a certeza que será uma viagem incrível.
- Sim? A sério? – Questionava, curiosa.
- Espera e verás! – Disse a voz carinhosa que lhe colocou um beijo na testa.
   Não tardou muito que não sentisse o vento forte que a levava, fazendo-a flutuar no ar.
- Que divertido! – Exclamou, rindo e admirando as nuvens macias, mas escuras, passeando ao seu lado.
    Olhou melhor o céu gigante e avistou a ponte das cores à sua frente. A chuva começou a cair suavemente sem tocar no seu corpinho e sem a encharcar.
     A Iara apressou-se com coragem como se andasse em cima de um cavalo com asas e começou a subir aquela ponte. Havia um primeiro carreiro violeta muito macio que espalhava um cheiro bom a flores. Era um campo estreitinho e direitinho de lírios. A Iara apreciava aquele aroma e lá avançou a saltitar sem sentir que estava a pisar as flores.  
- Vou conseguir passar este campo! – Disse, valentemente. – Mas porque é que eu não esborracho com os pés estas flores?  
      A Iara via borboletas a brincar à sua volta, também de tons violeta, que lhe tocavam na cara sem a magoar, mas faziam-lhe cócegas, e depois afastavam-se de repente como por magia, batendo as asas.
      À sua frente, caminhando mais devagar, a Iara achou um bichinho estranho. Nunca vira um ser assim. Longo, de penugem balofa, curto das patas, metade lobo, metade dragão, o animal tinha um focinho aguçado e uma boca grande de dentes afiados e amarelados.
      A Iara parou com receio. Os seus olhos azuis tremiam também.
Será que me vai fazer mal? Que me vai comer? ” – Pensou, baixinho, nervosa.
      O animal correu para o fim da linha da via e sorriu-lhe, entreabrindo a boca lentamente e, por entre os dentes amarelos, esticando a língua, a Iara viu sair, como por magia, um rasto de luz anil. Parecia estar a desenrolar um tapete brilhante, numa cor esquisita, que pouca gente conhecia da língua dele.
      A Iara ganhou coragem e, assim que o apanhou, tentou subir-lhe para o dorso, mas não conseguia, e como não conseguia, o bicho deu-lhe um empurrão com o seu focinho forte. A Iara deu algumas gargalhadas, feliz, como se tivesse cócegas. Ia deslizar por um escorrega anil em arco e apostava que era uma sensação muito boa.
     Sentia o cabelo esvoaçar e as nuvens negras por cima dela que a acompanhavam, mas não a assustavam, porque a luz do sol a seguia sempre naquela viagem.
- Que bom! Estou a adorar isto! – Gritou, rindo, e vibrando de felicidade.
Acho que estou a escorregar na saliva deste bicho!?” – Pensou, sem sentir nojo, porque não se molhava naquele escorrega estranho. Nem era pegajoso!
     Quando chegou ao fim, a Iara encostou-se a um canto, admirando a paisagem incompleta de cores, até que um vento ainda mais forte a empurrou e ela deixou-se empurrar. A passagem continuava a desenvolver em arco, mas agora num tom de água, numa cor de mar.
    Distraída, não percebeu que tinha ao seu lado uma espécie de menino de sombra leve e azul, um menino que mal se via. Encostara-se junto a um chafariz gigante que jorrava água com alguma força. Uma água que ficava plana em jeito de estrada de água.
   Então, o menino, numa voz fininha e quase sumida, perguntou-lhe:
- Queres continuar esta viagem?
- Sim! Quero muito! – Respondeu, alegremente.
- Então chega aqui! Sobe para cima deste chafariz e salta! Pensa que vais andar numa prancha de surf!
    A Iara assim fez, e, depois, o menino pôs a sua mão sobre a bica da fonte que magicamente deitou uma língua gigante de água ainda mais forte. Era alongada e acompanhava lado a lado o campo violeta e o rasto anil. Parecia um mar direitinho numa tira sem fim.
- Equilibra-te, Iara! – Gritou o menino, num esforço grande para se ouvir.
- Como é que sabes o meu nome? – Gritou a Iara também.
- Sei os nomes de todas as crianças que fazem estas viagens! – Conseguiu dizer, abrindo os braços, que colocaram uma faixa de luz azul na tira azul.
    Ela adorava o mar, mas sabia que tinha os seus perigos. Todo o cuidado era pouco quando se estava dentro do mar, mas se estava amparada pelas paredes das outras cores, não havia nada a temer. Bastava segurar-se bem.
    Já via a linha do verde que lhe trazia calma e lembrava-a de coisas boas, como os campos, as folhas e a primavera. O verde era esperança, como os velhinhos diziam.
- Mas como é que saio daqui para a estrada verde? Quem é o dono do caminho verde? – Perguntava, sem saber se alguém lhe iria responder.
- Sou eu! – Respondeu-lhe passado algum tempo alguém que viria a receber no final da fiada de água. Era uma voz tão estranha, que parecia estar a mascar pastilhas e a fazer balões.
- Tu? Quem? Não te vejo? – Estranhou, olhando em todas as direções, equilibrando-se na linha como se estivesse em cima de uma prancha.
- Eu! Não te assustes! Chamam-me Verdinho! – Disse um animal, surgindo da água, dando saltos gigantes.
    Ela parou no meio da água, um pouco assustada. Lá estava um sapo enorme como se saísse do lodo de um charco. Era grande e arredondado. Entendia agora porque falava como se mastigasse pastilhas ou gomas.
    O Verdinho dava saltos, muito irrequieto e era desassossegado como alguns meninos da sua escola.
- Vá lá, Iara! Salta depressa para o meu caminho! Não podemos perder tempo! Tens que chegar ao fim desta viagem!
    Agora o sol era mais forte e batia num muro de sombras, tornando a ponte de cores ainda mais viva.
    A Iara, que era uma menina muito obediente, pulou sem saber que chão iria encontrar. Acreditou no Verdinho. Sabia que nem sempre podia confiar e seguir os outros, muito menos desconhecidos. A mãe dizia-lhe sempre:
- Minha querida, se não conheceres uma pessoa nunca lhe dês a mão! Chama alguém mais velho que conheças para te ajudar!
    Por isso ela estava a desobedecer à mãe e isso era mau e podia ser muito perigoso.
- Não tenhas medo! Podes confiar no Verdinho! – Disse o sapo, sorrindo a mastigar palavras e lendo os seus pensamentos.
   A menina ganhou coragem e deixou-se escorregar. Calcava um tapete de musgo fofo por onde se deixou levar pelo sopro do vento como se tivesse asas. Voava naquele relvado e sabia que havia de chegar ao fim sem se magoar.
- Adoro isto! Está a ser muito divertido! – Disse, muito feliz.
- O Verdinho disse-te para acreditares nele! O Verdinho não é um sapo mau! – Gritou, fazendo bolhas na boca.
- É mesmo uma grande aventura! – Exclamou a Iara, deslizando e colocando as mãos no tapete verde, sem as sujar.
     Depois pensou, calmamente:
Mas porque é que não me sujo? Devia ficar cheia de lodo, de musgo, ou o que é isto!?
- Porque tens as cores só na tua imaginação, não as estás a tocar! – O sapo adivinhou mais uma vez o seu pensamento.
- A sério? – Perguntou, coçando a cabeça de cabelos longos e encaracolados.
- Acredita em mim! O sonho é só a tua tela da imaginação! – Afirmou o Verdinho, sabiamente.
    Ao fundo já se avistava uma ponte de amarelo. Alta, mais alta do que a da erva. A Iara fez uma curva no final da verde, erguendo os braços e preparou-se para dar um pulo para o caminho seguinte, e, por magia, experimentou pela primeira vez estar em cima de uma plantação de girassóis anões.
- Vou estragá-los todos com o meu peso! – Disse, tristemente.
- Não, não vais! Salta à vontade! Não os vais magoar! Salta então! – Pediu um pequeno anjo dourado com asas colossais, quase transparentes, que esperava a Iara, no início do carreiro. As asas abanavam fortemente em direção a ela e haviam-na ajudado a subir para o caminho, fazendo de baloiço.
- Posso então pisar este campo?
- Claro que sim, mas aviso-te que as pétalas te vão fazer cócegas!
- Eu não tenho cócegas! – Afirmou, não tendo a certeza disso, depois daquela aventura de cores.
    Deixou-se cair para cima das plantas de cabeça voltada para o sol, mas incrivelmente não as quebrou. Flutuou por cima delas, como se não tivesse peso, empurrada pelo impulso do bater das asas do anjo dourado.
     Passados uns momentos, começou a rir sem parar.
- Os girassóis picam-me os pés! Ai, ai! Fazem-me rir e chorar ao mesmo tempo!
- Não disseste que não tinhas cócegas? – Perguntou o anjo de ouro.
- Ah, ah! Não sei porquê, mas parecia que não ia ter cócegas com eles, mas afinal sinto.
     A Iara riu à gargalhada durante todo o percurso amarelo. Gostava de rir mas quando era forçada não. Estava mesmo farta de rir e desejava que aquela viagem no amarelo terminasse.
- Quando é que isto acaba, anjo?
- Mais um pouco… - Ainda o conseguiu ouvir, distante.
   Aproximava-se já de algo alaranjado e, assim que curvou no caminho, viu que era uma cultura de laranjas, mas não eram laranjas nas árvores como as do pomar do tio. Alguém tinha semeado laranjas numa tira de chão em arco. Seriam para comer? Ela adorava laranjas! Tinham vitamina C e faziam muito bem à saúde das crianças.
   Aquelas não pareciam ser boas para comer, porque eram como esponjas, redondas e macias. Não lhes sentia a casca dura e também não as esborrachava, porque se o fizesse, faria sumo, de certeza!
    A Iara saltou para cima delas sem fazer força, e depois, correu pelo caminho sem empurrar o seu corpinho adiante e subiu o arco laranja sem se cansar. Não sentia os pés pisar aqueles montinhos arredondados.
    Logo se apercebeu de um homenzinho a baloiçar uma pá que a ia fazer voar mais além.
- Não sei porque não sinto nada, mas é bom sentir-me assim!
- Plantei este campo de laranjas no chão para ti e para todos os meninos que gostam delas, mas não são para apanhar do chão e comer. Sou o agricultor do arco e cultivo para mostrar aos meninos que as laranjas fazem bem à saúde.
- O agricultor do arco!?
- Sim, o meu trabalho é plantar campos de laranjas como este, mas só os cultivo quando estou entre a chuva e o sol.
- Porquê?
- Já percebeste que estás a viajar pelas Quintas do Arco?
- As Quintas do Arco? – Riu a menina, estranhando o nome.
- Sim, cada linha de luz e de cor tem a sua plantação. Repara bem! A plantação dos lírios, a da saliva anil, a da água, a da erva, a dos girassóis e agora a do campo de laranjas. Cada um tem a sua tira de cor com plantações.
- E só falta uma! – Disse a Iara, muito depressa, acompanhando o som da voz do agricultor, que ecoava. – O vermelho, não é?
- Sim, tens razão. Falta pouco para lá chegares!
- Eu sei. Já lhe vejo a ponta! É um campo de quê? O que é que plantaram lá?
- Rosas. Um campo de rosas.
- Já me cheiram tão bem! – Apreciou a Iara, inspirando o aroma perfumado.
- São lindas! – Concordou o homenzinho, começando a poisar a pá.
- Não vou saltar para lá! Vou-me picar toda!
- Não picam. Tenho a certeza. São só botões de rosa sem espinhos.
     Ela sabia que estava quase a terminar a sua viagem sobre as laranjas- algodão e despediu-se do agricultor.
- Adeus! Acho que tenho uma cama comprida cheia de rosas à minha espera!
- Mas não apanhes nenhuma, porque são todas precisas! – Aconselhou o homenzinho.
- Está bem! – Prometeu.
   Iara entrou saltitante na última plantação das cores das Quintas do Arco e sorriu:
- Que cheirinho maravilhoso! Quem é que plantou este canteiro?
- Fui eu. Plantei estas rosas com muito amor.
    Surgiu atrás dela um homem vestido de vermelho. Parecia um bombeiro.
    Desde muito pequena que a Iara gostava da profissão de bombeiro, porque os pais tinham essa profissão. Os bombeiros eram pessoas muito cheias de amor, porque ajudavam os outros.
    Ela pulou para iniciar o caminho, mas o homem fê-la parar.
- Não saltes! É melhor vires para o meu colo. Posso ajudar-te!
- A sério?
- Sim. Eu sou o bombeiro das rosas.
- Bem me parecia! – Riu a menina.
- Planto as rosas da amizade e do amor.
- Eu sei o que é o amor! - Exclamou, contente.
- O que é? – Perguntou o homem, querendo saber da sua inteligência.
- É aquilo que sinto pelos meus pais e pelo meu irmão bebé.
     O bombeiro ergueu-a nos braços e sorriu-lhe. Era um homem com um rosto bonito, de barba branca muito arranjada, muito parecido com o Pai Natal.
     A Iara sentia-se embalada pelo ondear dos seus braços. Sentia também no ar o perfume doce das rosas. O vermelho era a mais forte das cores e o sol acompanhava-as, entre os pingos calmos da chuva.
- Sabes como é que chamam a este arco por onde estás a viajar?
- É o Arco da quinta das rosas! – Respondeu, recordando o que o agricultor lhe dissera.
- Sim, sim. Esse foi um nome inventado. Eu quero que me digas qual é o nome verdadeiro.
- Não sei. Talvez o Arco das Cores… – Sorriu.
- Podia ser, mas todos o conhecem como o arco-íris, o arco-celeste, o arco-da-aliança, o arco-da-chuva ou o arco-da-velha. Sabias?
- Só sabia o nome - arco-íris! – Disse Iara, acomodando-se nos braços fortes do homem.
- São sete cores como as sete notas musicais.
- Que giro! É mesmo! – Reparou a menina, olhando o céu entre o escuro e o sol e sentindo a melodia fina da chuva.
- E há muitas histórias de encantar sobre o arco-íris! – Disse o homem, sorrindo.
- Sim. A história do pote de ouro que eu já ouvi na escola.
     A Iara sentia que a viagem estava a terminar porque as cores começavam a desaparecer.
- Pois sim. A história do duende e de um pote de ouro no final do arco-íris… – Acrescentou o bombeiro, e pousou-a lentamente no chão dos botões.
- Vais-te embora como os outros? – Perguntou, a fazer beicinho.
- Tenho que ir. – E inclinando-se, beijou-a na testa. O toque dos lábios dele era igual ao do pai, embora o pai não tivesse barba branca.
    Ela olhou o campo encantador de botões, e, vendo-se sozinha, decidiu colher um, desobedecendo à ordem do agricultor. Subitamente o Arco das Cores começou a cair, a cair pouco a pouco, para dentro de um pote gigante dourado. Logo apareceu ao lado dela um duende anão, vestido de verde e castanho, que a assustou.
- Ai, ai, minha menina! Não escutaste o aviso do agricultor!? Agora esgotaste o arco-íris e ele está a acabar. Vou ter que o guardar, bem guardadinho, no meu pote!
- Oh, não! Não faças isso! – Pediu Iara, tristemente. – Não sejas mau!
- Eu não sou mau! Tu é que fizeste a maldade! Agora tenho que guardar mais depressa o que é meu!
- O arco-íris não é teu! – Gritou, tentando alcançar o duende, sem conseguir.
- Não é, pois não?
- Este arco-íris é só meu! – Disse, teimosa, e, bateu o pé, fazendo uma careta de zangada. – Eu gostei de viajar nele! Foi tão lindo conhecer as cores e aprendi tantas coisas com elas. Não mo vais roubar! Este arco-íris é só meu! Já disse!
- Podes ter gostado, mas acabou! Até mandaste embora a chuva de vez! Quem te mandou tirar o botão!? Não há mais arco-íris, nem para ti, nem para ninguém! Por agora não há mais nada! Vou levá-lo comigo! Vês? Já está a desaparecer…Estás a ver!?
- És tão mau! Não gosto mesmo nada de ti! – Disse a Iara, muito irritada.
- Quero guardar esta jóia da natureza que só regressa quando chover outra vez! Agora a chuva já acabou… Afinal sou mesmo um duende mesmo muito mauzinho!
- Vais-me roubar o arco, mas não me roubas a lembrança desta viagem!
- Pois não, mas prepara-te que vais cair… - Disse o duende, pegando na tampa do pote assim que apanhou a cauda de todas as cores.
- Ai…. Seu malvadoooo! – Gritou a Iara, de braços no ar, sentindo o corpo a cair.
- Iara! Iara! – Depois escutou uma voz doce. – Então, Iara? Porque é que estás a gritar?
- Mas!? Eu não caí a sério? – Perguntou, levantando-se do colchão, sobressaltada.
- O quê, querida? Suspeito que estiveste a sonhar!? O que se passa? Hoje dormiste uma grande sesta!? Nem acordaste com o barulho dos outros meninos!?
- Um sonho!? Então eu não estive a viajar pelas cores? Não!?
- Tenho a certeza que fizeste uma viagem muito agradável pelo sono, a que se chama sonho!
- Foi tão bom, mas o duende roubou-me o arco! – Fez uma carinha tristonha.
- Ele só o levou por uns tempos. Acredita! – A educadora riu, percebendo o que a criança sonhara. - Um dia destes volta a aparecer um novo para nos visitar. O duende vai ter que abrir o pote para o soltar. Vai ser obrigado a isso!
- Ele tem muitos para guardar e libertar toda a vida da gente. – Admitiu Iara, pensativa.
     A educadora sorriu, abraçando-a com carinho.
    Depois, pensou, feliz:
Se pudesse castigava aquele duende malvado! Gostava que ele fosse castigado. Pensa que manda na natureza, ou quê?
   Ao fim da tarde, sentada no sofá, olhou para a janela da sua sala. Lá fora chovia de novo. Por magia, entre o sol e a chuva, pintou-se uma tela de cores no céu. Mais uma ponte ou quinta das cores se preparou para receber outros meninos sonhadores. A boca do pote dourado tinha-se aberto de novo.
- Tão lindo! Alguém vai começar uma nova viagem. Talvez uma menina como eu. Eu já tive direito à minha e adorei!
- Pois é, querida. – Apareceu a educadora. - Todos nós fazemos essa viagem na nossa vida. Todos nós sonhamos com a beleza do arco-íris!
- Então aquele foi só meu, mas durou tão pouco tempo! – Lamentou Iara, já com saudades.
- Durou o tempo da felicidade do teu sonho!
- A felicidade das cores da vida, num lindo arco-íris! – Disse, admirando-lhe a beleza. – Então o duende guarda uma coisa muito bela!? Não é um ladrão de arco-íris!?
- Claro que não!
- Quando o voltar a ver, vou-lhe pedir desculpa! Não devemos julgar os outros antes de termos a certeza! Não é, educadora?
- Certo!
- Mesmo que essa pessoa seja um duende mágico de um sonho, dono de um pote de oiro que esconde os arco-íris do mundo!
   A Iara abriu os braços e fechou os olhos.
Eu queria voltar a viajar no arco das cores! Talvez, no próximo sonho! Mas aquele arco-íris foi só meu!

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