
Estar distante de uma grande cidade, núcleo de atividades culturais diversas e de um considerável número de editoras ao dispor, são problemas reais para alguém, que auspicia tornar-se escritor reconhecido nacionalmente.
Tenho sentido isto ao longo destes quase quinze anos, como uma grande limitação à resolução de algumas situações. A distância que me separa de Lisboa, condiciona em muito a evolução da minha carreira. Não é que não tenha conseguido passar por várias Feiras do Livro, Bibliotecas Municipais, escolas, etc., algumas fora da minha zona, que não tenha estado na Feira do Livro, numa FNAC de Lisboa, mas é difícil alcançar a capital, marcando eventos, porque está longe do meu raio de ação.
Obviamente, que, atualmente, quase tudo se resolve via email, via vídeo-conferência, etc., mas, por exemplo, procurar uma editora, marcar sessões e workshops (oficinas de escrita) em grandes livrarias, é impensável no interior, mesmo que seja no interior centro. Acabamos por nos confinar a uma região, mesmo que essa região seja dinâmica culturalmente e não conseguimos explorar outros públicos nacionais, por causa da distância e do escasso investimento no marketing em prol do sucesso da nossa obra e do nosso nome.
No caso do envio de uma proposta editorial para uma editora via email, a editora observa somente as publicações que temos numa curta bibliografia, o que não é suficiente. Atende imediatamente ao facto de sermos desconhecidos do grande público leitor.
Como é que então nos podemos tornar conhecidos se estamos distantes do núcleo citadino, onde tudo acontece? Para onde tudo converge? Melhor seria que pudessemos ir a uma entrevista e conversarmos pessoal e diretamente com o coordenador editorial; enfim, apresentarmos os nossos projetos. Infelizmente as coisas não funcionam assim. As editoras não recebem os autores, com as suas obras debaixo dos braços; as editoras têm centenas de propostas e têm muitos autores - ou temos a sorte de sermos apoiados por alguém, que nos encaminha para a pessoa certa na editora; que nos projeta nacionalmente; ou temos uma obra bombástica; ou continuamos a ser desconhecidos do público.
Podemos ter blogs, sites, rica ou pobremente construídos, que isso pouco importará, pois não havendo proximidade aos centros, aos núcleos onde existem oportunidades, será muito difícil que se consiga abrir a cortina. Claro que os custos que comporta essa distância também pesam na hora de nos decidirmos a aproximar ou a investir nessa aproximação, enquanto não vemos compensada monetariamente a nossa carreira de escritores.
Considero que a sorte estará do lado dos que, pelo facto de residirem perto de uma grande cidade, como Lisboa, conseguirão com maior facilidade impor-se no mercado editorial e trabalhar no sentido de construir um caminho para se tornarem autores conhecidos e famosos, os outros terão que esperar a oportunidade de oiro, quiçá toda a sua vida.
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