terça-feira, 13 de agosto de 2019

Uma reflexão sobre palavrões

Hoje sai de casa a meio da tarde e passei por um espaço público, mais precisamente, por um jardim. Quatro ou cinco garotos estavam por ali sentados, de bicicletas encostadas, e, garanto-vos que ansiei que o vento forte levasse longe todo o palavreado que escutei entre eles. Tive que me conter para não intervir, mas refleti atempadamente e não o fiz, porque não era pai nem mãe deles, e a conversa não era comigo. Tinha a certeza que a conversa iria parar à fase do "bate-boca" ao ponto de os questionar o que estariam ali a fazer aqueles pré-adolescentes, ou melhor crianças, tão longe de casa.
Bem, voltemos aos palavrões… está-se a tornar moda comunicar assim para se ser aceite num grupo, sejam pequenos ou grandes. Já não há o mínimo de decoro, de respeito, mesmo que passe um adulto. Pelo contrário, quanto mais palavrões houver nas conversas, melhor.
Sei o quão é difícil travar esta vaga avassaladora, que se estende aos espaços escolares, à casa, entre os membros da família, sem se pensar verdadeiramente nela, como inadequada em certos espaços. Sei porque também tenho jovens em casa.
Alguns adultos pensarão que mais vale os jovens dizerem asneiras bem apimentadas, chamando filho disto e daquilo, a quem tem uma santa mãe ou pai, do que andarem para aí aos murros e pontapés, ou metidos em coisas piores e que estas questões de pudor, de respeito, fazem parte do passado. Isso é história de velhotes, que ficavam escandalizados e punham pimenta na língua de quem as dizia. Terão razão em algumas destas situações, porque a agressividade dos palavrões não se mede face à agressividade física, mas presenciarmos na atualidade cenas que não ficam nada, mas nada bem, que não se coadunam de forma alguma com jovens tão jovens, ou melhor crianças.
A maioria destes pequenos profere alto e a bom som aquelas palavras sem lhes dar uma intenção, um sentido, ou seja, o verdadeiro sentido delas. Aliás, a estas palavras foi-se igualmente atribuindo sentidos, consoante as situações e algumas passaram a ser entendidas como palavrões, quando não o eram.
Na verdade, os jovens são bombardeados com esse vocabulário nas séries, nos filmes, em programas da TV, no YouTube, nos jogos e vídeos que veem, daí que o usem excessivamente e com alguma intencionalidade, seja na escola, seja em casa, até com a família, seja em qualquer lugar, sem entenderem quando são alertados, ou chamados à atenção. Para eles, falar assim é a coisa mais natural e comum do mundo, então por que é que os censuram? Parece natural, mas não é. Não é normal que garotos tão novos utilizem este leque de vocabulário tão aprimorado, de "folhas, alhos e bugalhos" " de mandar à ...", como dizem outra coisa qualquer e que repitam dezenas de vezes, três ou quatro vezes as mesmas palavras numa frase, naquela necessidade de se sentirem "grandes" , quase adultos, por as usarem deliberada e libertinamente, sem que ninguém os chame à atenção para que não as deviam dizer. Riem-se da quantidade, outros ofendem-se e acabam ao murro. Falam assim e tão alto como o mundo fosse acabar e tivessem a urgência de vomitar esse palavreado quase obsceno, para se afirmarem perante os outros ou terem amigos só porque falam como eles. São duras realidades!
Meus caros, sabem por que é os adultos preferem o silêncio quando as escutam, mesmo que se corroam por dentro? Porque se poupam a ser enxovalhados.
É assim que está esta situação triste e lamentável perante esta moda galopante, mesmo que os pais julguem que lhes dão a mais exemplar educação!

O caminho que este romance podia ter percorrido

   
     Um livro percorre um caminho, que se pode limitar à existência física dele, a uma apresentação ou sessão de autógrafos e morrer nas prateleiras de uma ou outra livraria. Ou pode "fazer-se à estrada" e o trilho ser extremamente difícil e complexo, quando o autor se vê sem o apoio devido ou impossibilitado de fazer esse caminho.
    Assumo publicamente que o meu romance "O Trilho da Rata Cega" podia ter tido outra sorte, apesar da que teve. Logo no início, ainda mal tinha sido distribuído e apresentado na minha região, tive uma proposta, que foi apresentada a quem tinha o poder de encaminhar o seu trajeto e projeto para um grande sucesso, e não se obteve resposta.   
     Este livro, que, no fundo, é uma narrativa que retrata a história de uma região e de um país, podia ter sido um pequeno filme, ou um filme (spot) publicitário, aproveitando o cenário propício da história de um pequeno comboio, ou muito mais do que isso. Houve alguém que entusiasmado com o enredo do livro, que lhe ditava os tesouros das suas memórias, predispôs-se a ajudar-me, a apoiar-me para dar os passos para a concretização de um projeto. Infelizmente, esbarrou com a falta de respostas e de dinâmica para encetar o caminho. Foi-me igualmente sugerida a possibilidade deste livro percorrer o país no Comboio Presidencial, e mais uma vez faltaram respostas.
     O romance pelo qual tanto tenho lutado podia fazer parte das estantes das livrarias a nível nacional, e eu tentei colocá-lo por aí nas Feiras do Livro, nas escolas, até ao momento em que me esgotei, quando compreendi que o meu esforço era um pouco em vão, quando me vi sem livros para caminhar. 
   Os prémios dão-lhe o reconhecimento, mas mais reconhecimento teria se estivesse fisicamente nas livrarias estratégicas, as mais importantes do país. Não seria certamente o título que afastaria os leitores de uma leitura da sua sinopse e aí compreenderiam o motivo desse título. Não seria o facto de não ser publicado por uma editora fora do grande círculo de grupos editoriais. Não seria por mim, pela pessoa que sou.
     E agora aí está mais uma nomeação para a Categoria Romance na Gala de Autores da minha editora a decorrer até dia 31 de agosto. Sei que os leitores estão a votar, não pelo facto da maioria já ter lido o romance, que, realmente, não leu, apesar de se ter manifestado que gostaria de o ter lido, mas, julgo que votam por mim. Muito agradeço por isso e ponho-me a imaginar, se as centenas de pessoas que votaram em mim para a Nomeação do Melhor Romance 2018, tivessem podido adquirir o meu livro, hoje seria quase um best-seller
      O apoio dos leitores é já a minha vitória, mas seria fantástico que algumas das promessas que se perderam pelo caminho sem resposta, se concretizassem. Aí sim, este livro escrito com muito investimento e empenho meu, concretizaria todos os meus anseios.
       Votar no meu livro para esta nomeação é reafirmar o seu valor e a importância de ele chegar mais longe, mais além, às mãos dos leitores, ou à leitura dele online em formato e-book
        Muito obrigada a quem me continua a apoiar, votando. Estou agradecida de coração a todos, porque afinal são os leitores que fazem o sucesso de um livro.  

terça-feira, 16 de julho de 2019

A escolha dos blogs literários

    Resultado de imagem para blogs literáriosEntretive-me a pesquisar alguns blogs/ blogues literários portugueses e brasileiros disponíveis na Internet e fui colocando o título do meu romance de época/ histórico publicado em março de 2018. Imaginei encontrar uma crítica fundamentada e apreciativa dele, mas infelizmente não existe. Alguns fazem a ligação para páginas de venda online, o que já é positivo. A maioria incide em obras de sucesso, de autores conhecidos ou premiados nacional e internacionalmente.
     Fiz uma reflexão sobre isto e cheguei à conclusão óbvia que raramente um livro em edição de autor, em coedição com uma editora (vanity), consta nos sites (sítios) desses blogs literários. Aparentemente será porque é considerado um livro pouco comercial, quiçá de qualidade duvidosa, ou por outras razões como, não ser editado num grande grupo editorial, não ter uma grande máquina de marketing e publicitária que quebre as barreiras do imaginário sucesso para ter direito a uma crítica literária e para figurar nesses blogs
     É extremamente raro que um autor desconhecido do público leitor seja posto à prova por críticos e a capa do seu livro figure num blog. Que surja do nada e esteja ao lado daqueles que já conquistaram uma posição confortável no mundo da literatura. 
    Considero-me assim um pouco sortuda porque sem fazer absolutamente nada para alcançar um blog literário com um livro meu de 2014, já tive o privilégio de o ver analisado por um crítico, não obstante ser em coedição com uma editora. A crítica foi bastante favorável e, sinceramente, fiquei a aguardar que esta obra que considero satisfatória, fruto de um trabalho imenso, não tivesse tido a sorte de ser avaliada ou analisada. Confesso que fiquei a aguardar a concretização de promessas. 
     Agora arrependo-me completamente de não ter enviado o meu livro para o crítico para que fizesse a leitura atenta e desse a sua opinião, fosse ela qual fosse. Observaram centenas de títulos nos blogs, de qualquer género literário, que tiveram a oportunidade de constar, com direito a sinopse e a crítica, e ficar sem saber se afinal o que escrevo tem alguma qualidade, é frustrante. Os leitores também se inibem de tecer opiniões publicamente na página da editora, em outros espaços ou meios literários, ou porque se acanham, ou porque não querem ajudar o autor a melhorar ou a continuar, ou nem se dão a esse trabalho. É normal que hoje em dia isto aconteça. 
     As opiniões de um blog são quase sempre produtivas e motivadoras para os leitores  e têm um excelente efeito nas vendas e no eventual sucesso do livro. Se forem publicadas atempadamente poderão produzir um efeito muito eficaz.
   Garantidamente, o próximo livro que publicar, assim que o tenha em mãos, seguirá para alguns críticos literários. 
    Uma autora como eu, que tenta construir um caminho com algum reconhecimento, que paga as suas edições no todo ou em parte, não pode ficar à mercê que façam ou queiram fazer o seu sucesso. 

sexta-feira, 12 de julho de 2019

Dias, meses e anos de entrega

      É necessário imenso tempo para construir uma obra. Entregamo-nos de corpo e alma à elaboração de um enredo, das personagens, da pesquisa nas fontes bibliográficas, etc., etc.
    Envolvemo-nos de tal forma nessa construção que, quando nos apercebemos, já somos personagens da nossa história, aliás, quer queiramos, quer não, a nossa obra está impregnada de nós. Há sempre uma ou outra que tem caraterísticas nossas.
     A sua criação é um ato de coragem, de desafio permanente, que nos põe à prova constantemente, tanto na sua conceção, ou na tentativa de a ver publicada por uma boa editora, ou até na esperança que vingue pelo país, motivando o entusiasmo e agrado dos leitores, e que prolifere pelas livrarias, nas Feiras do Livro, nos sites e blogues literários.
      Sentimo-nos enganados, abandonados, quando todas aquelas expetativas que encetamos, ou que criamos na nossa cabeça, resultando de uma exigente entrega a essa obra, não ficam à altura do trabalho que tivemos com ela. Todos aqueles dias, meses e anos, em que lutamos para tornar a nossa narrativa num livro físico, não são compensados devidamente. E aí a culpa dessa desilusão morre sempre solteira. Nem adiantará muito expor a questão de ganhos com direitos de autor nesse descanto, porque todos sabem que são exíguos, quando existem.  Refiro-me aos lucros em termos pessoais, o facto de nos sentirmos felizes com aquilo que fazemos através do nosso livro. Aquele prazer indescritível de sentirmos o nosso livro é útil ou promove o gosto de quem o lê. Aquela alegria de saber ou de o ver pelas livrarias que visitamos, que sugerimos aos nossos amigos ou conhecidos, podendo anunciar sobre este ou aquele espaço. A motivação que as atividades nos dão, quando as desenvolvemos e o que produzimos nos outros e em nós próprios, tornando-nos o centro produtor da leitura e da escrita. 
    Portanto aí iremos considerar todo o tempo dispensado, ou dinheiro investido na produção da nossa obra, bem empregue. 
     Lamentando ferir algumas suscetibilidades, sinto que há muitos escritores e artistas que partilham a minha opinião, e connosco está a opinião pública informada que se interessa por estas questões e que nos vai apoiando e nos mantém a esperança.
     
    

segunda-feira, 1 de julho de 2019

Aqui nos confessamos, REDES SOCIAIS!

   Resultado de imagem para rede socialVivemos num mundo em que as pessoas cada vez mais experienciam momentos soturnos de introspeção, no isolamento dentro da sua própria família, da sociedade, na verdadeira ausência de comunicação cara a cara, também no seio familiar, apesar de estarem constantemente nas chamadas "redes sociais" e nos "chats". Hoje em dia, muitas pessoas sentem-se quase incapazes de aceitar a negação, a realidade dura do dia a dia; em suma, às voltas por vezes árduas da vida. As pessoas são tentadas a apelar aos outros para os ajudar a suportar o desespero em que vivem. 
     Vive-se num silêncio assustador dentro das suas próprias casas, à mesa com a sua família, olhando para um telemóvel e vendo todas as novidades das publicações da vida dos outros. Luta-se para mostrar que as suas vidas são melhores do que as dos amigos virtuais, ou reais. 
   Se ainda nos conseguimos distanciar desta realidade atual ou estamos imunes aos efeitos devastadores da intromissão na privacidade pessoal, observamos provas concretas em como as pessoas estão sós, apesar de terem centenas de amigos virtuais. Sentem necessidade de expor a sua vida, de confessar os seus medos, as suas angústias, os seus cansaços para aquele leque de "amigos", sem preverem a dimensão dessa exposição. 
    Há casos e casos de pessoas que aproveitam as redes sociais para apelar, para alertar, para pedir ajuda, para chamar sobre si a atenção, para confessar ódios, para ameaçar ou para confessar sentimentos e revoltas.  Enfim, as redes sociais tornaram-se autênticos locais de confissão, onde a vida se escancara de portas abertas, de uma forma gratuita. Locais onde se buscam "carinhas" e números de gostos e de visualizações. Espaços onde praticamente tudo se faz e se diz sem limites, por vezes, com verdadeiras ofensas à integridade pessoal. Espaços que estão disponíveis para as crianças pequenas, que, aliás, estão expostas através de fotos, tendo elas próprias entrada nas "redes". 
     Nas confissões expostas nas redes sociais apercebemo-nos que há pessoas que estão muito abaladas, infelizes, com pensamentos muito negativos devido a circunstâncias penosas da perda de alguém ou de separação e tentamos ajudar, comentando e convencendo-as a ter coragem e esperança. Porém sentimos que também entramos neste jogo de expor ou julgar a vida dos outros, sem a conhecer, simplesmente porque tentamos auxiliar, quase numa missão heroica. Sentimos quase o dever de colocar lá a carinha triste ou de fazer um comentário solidário. 
     É viciante este jogo do "aqui nos confessamos diariamente, redes sociais" ou " aqui postamos fotos e fotos, mudando perfis e capas, escrevendo comentários e comentários" para que tenhamos visualizações e os nossos amigos virtuais não se esqueçam de nós. Entramos neste jogo às cegas, sabendo conscientemente que muita gente vê o que publicamos, mesmo que não reaja, e julgamos que as redes nos ocupam o tempo, as horas e os dias, que são os nossos diários. Esquecemos de aproveitar o tempo para viver, longe destas formas meio manipuladoras de consciências. Investimos tudo nelas para nos sentirmos "acompanhados" ou "falarmos", quando, na verdade, estamos cada vez mais sós e incapazes de enfrentar a recusa, a negação, o esquecimento, ou de encarar os outros para encontrar soluções ou caminhos diferentes pelo diálogo. 
    Acabamos por estar numa cilada complicada quando vivemos de e para as redes sociais. 
     A vida vai muito mais para além destes novos mentores orientadores e manipuladores de consciências e de vivências do quotidiano! A vida não se deve atirar para as redes sociais! A nossa vida tem que sair delas, se proteger da exposição, para se construir com felicidade e ser só nossa e não partilhada excessiva e mecanicamente com os outros, digo, aqueles que são apenas "amigos virtuais". Devemos cultivar as amizades reais e puras, porque com essas podemos conversar e encontrar o apoio e o caminho real da vida.    

domingo, 23 de junho de 2019

Depois da Feira do Livro procura-se o sonho

   
    Confesso que tenho várias ideias e projetos que aguardo concretizar porque, apesar de me apetecer fechar o ciclo "Trilho", na verdade, não consigo. Há imensas ações que ainda posso desenvolver e sinto que este ciclo fica incompleto quando não chegou devidamente ao público a quem foi destinado, a quem dediquei o romance. Ainda espero o prometido e-book. Espero outras oportunidades de atividades e outras Feiras do Livro. Ainda espero pacientemente a divulgação que devia seguir a Feira do Livro de Lisboa, que vá um pouco mais além deste evento.
    Invisto seriamente naquilo a que me entrego e fico desiludida quando a minha entrega não corresponde ao esforço da parte que havia de estar interessada em caminhar ao meu lado, pegar no interesse despertado pelo meu livro e levá-lo a outras instâncias, para outro patamar. Detesto "morrer na praia", desculpem a expressão e as analogias, mas quando o vento está a favor, não interessa apanhar a onda para fazer uma bela exibição, um excelente progresso? É simplesmente lamentável.
   Os leitores esperam mais. O público aguarda a próxima sessão, outro lugar onde possa comprar livros e contactar pessoalmente com a escritora, mas, ela sente-se impotente para marcar e impulsionar atividades, porque lhe faltam os recursos materiais, os livros. 
    Caros amigos leitores, há passos que damos que são relevantes numa carreira, mas garantidamente precisamos do apoio de quem nos deu a mão inicialmente e, sem ele, tudo é em vão. Há passos que damos que, de certeza forma, nos fazem pensar no arrependimento. Há passos que damos que nos fazem reféns de estratégias, esquemas, diferenças, que não fazem qualquer sentido. 
    Após a Feira do Livro de Lisboa procuro dar asas a um sonho, com alguma ambição. Há que ter ambição para continuar, doutra forma ficaria à espera que a sorte me viesse ter às mãos. Não vem, estou certa que não, sou eu que a ando a construir contra todas as barreiras que me colocam à frente. Ainda assim não desisto e declaro-me vencedora em nome daqueles que acredito que tenho algum valor.  
    
   

terça-feira, 18 de junho de 2019

Exige-se maturidade ou não?

    Haverá idade adequada para escrever, publicar e concorrer a concursos ou prémios literários?
       Perguntas como esta tem-me ocorrido frequentemente depois de algumas experiências pessoais nesta vida de escritora. 
     Entrar no mercado editorial dos grandes grupos de editoras é como ganhar a sorte grande, ou seja, raramente acontece, mas ser exigida juventude e o primeiro livro em alguns dos concursos e prémios literários nacionais também é um contradição. Se, por um lado, as editoras exigem maturidade, um caminho percorrido no mundo da literatura com projetos literários e mostras dadas de se ser uma pessoa empenhada com blogues, sites, etc., uma escrita definida, cuidada com caraterísticas atrativas para o público leitor, por outro lado, a maior parte dos concursos ou prémios literários nacionais exigem que os escritores tenham até 35 anos de idade, ou ainda menos. 
Desculpem, mas considero isto um perfeito disparate e, acreditem, que não o afirmo, por me sentir excluída destes concursos. Esta cláusula recente em alguns prémios literários está a dar relevo aos novos autores, para que os afamados conhecidos não concorram, e, com toda a certeza, será muito difícil que o autor vencedor consiga escrever um novo livro com a qualidade do que venceu, ou seja, fazer carreira ou dar lucros à editora, que publique o livro, mesmo que tenha na capa do livro a designação de "Vencedor do prémio X".
     Afinal qual é o critério mais válido? A qualidade literária da obra a concurso ou a idade do escritor jovem,  desconhecido e inexperiente?
    Se esse jovem enviar a sua obra para uma editora de um grande grupo editorial, não obterá qualquer tipo de resposta, ou ser-lhe-á enviada a resposta de sempre, numa forma delicada de recusar a proposta de edição. Ninguém irá ler uma obra ou a sinopse dela, de um autor que não tem nada no seu percurso literário, ou que publicou essencialmente os seus livros numa vanity. Registo com a minha voz da experiência. 
      Deixo aqui o meu alerta para quem elabora e regulamenta os prémios e os concursos literários e permite que apenas concorram jovens ou jovens-adultos, que é um risco enorme. A obra vencedora desses jovens sai, tendo o seu período de euforia e de vendas e depois faltam as ações formativas, a experiência de estar com o público, de realizar conferências, sessões de autógrafos ou de apresentação. Depois solicita-se a esse jovem que produza uma nova obra para dar continuidade ao seu trabalho e, raramente, aparece com a qualidade exigida. 
         Acredito que haja editoras que dão valor à jovialidade, juventude e beleza dos seus autores, projetando a sua imagem em detrimento dos maduros, mas isso, à partida, não é sinónimo de qualidade, profissionalismo, empenho. Contudo acredito também que um grande grupo editorial, não queira apenas vender a imagem do autor, mas a qualidade da sua escrita para obter dividendos e uma boa imagem de si próprio. 

segunda-feira, 17 de junho de 2019

Uma legião de amigos pró-cultura

    Há muito tempo que me apercebo que, nesta vida de artista, é preciso ser inteligente e um pouco interesseiro. Rodear-se de amigos ou conhecidos dentro do mesmo ramo e círculo literário ou cultural, da sua região ou de uma área mais ampla, próxima da capital, poderá ajudar imenso na sua ascensão, mesmo que saia, de um momento para o outro, do completo anonimato. Assistir a palestras, conferências, lançamentos das mais diversas áreas literárias e culturais, irá proporcionar-lhe acesso a esse tal círculo de artistas e pessoas visíveis culturalmente, que acabam por ser o passaporte para o seu próprio reconhecimento e fama. 
    Para tudo isto é preciso ter uma grande disponibilidade em termos de tempo, de predisposição e de motivação para entrar nesta forma ou neste jogo perspicaz de ganhar conhecimentos. É uma estratégia bastante produtiva e eficaz, que resulta quase sempre. 
     Na verdade, se seguir alguém, comparecendo com frequência aos seus eventos, conseguirá certamente ser seguido e apoiado. É igualmente assim que se consegue ter conhecimento dos passos a dar para se alcançarem objetivos com sucesso.
    Com frequência vejo publicações de pessoas que sistematicamente estão presentes em eventos para aparecerem nas fotografias, nas capas de revistas, nas páginas de jornais o que desdobram em comentários e desafazem elogios aos organizadores desses eventos. Constato igualmente que, quando são eles os angariadores de determinadas ações, facilmente conseguem encher auditórios e outros espaços, levando a cabo com toda a facilidade iniciativas, com bastante público, mas, quando vemos as fotografias do público presente, deparamos com as mesmas caras de sempre, não faltando as pessoas influentes no seu raio de ação.
    É assim que as peças encaixam e as coisas funcionam. Ninguém consegue encher as cadeiras vazias de um auditório, uma galeria, etc., se não tiver uma legião de amigos, ou de conhecidos que o acompanhe ou siga as suas publicações ou mensagens. Nenhum autor ou artista consegue tornar-se visível publicamente se não lutar por criar essa legião de amigos, mesmo que não sejam propriamente amigos, mas habituais presenças nesses eventos. Isto não significa que, pelo facto de ter centenas de pessoas presentes num auditório, numa exposição ou galeria, seja um escritor ou um artista de topo, com uma qualidade superior. Esse artista pode ser dotado de extrema qualidade ou simplesmente ser um sortudo, que se soube rodear das pessoas certas para evoluir e para encher espaços e vender o produto da sua arte. Mas o que isto verdadeiramente significa é que esse artista sabe semear e plantar, para depois colher. 
     

domingo, 16 de junho de 2019

E agora?

   
     A minha presença na Feira do Livro de Lisboa a 2 de junho último, com o meu romance histórico, com a venda do meu livro durante estas semanas no pavilhão da minha editora, garanto que me esforcei imenso daqui, a cento e tal quilómetros de distância. Esforcei-me muito por criar mensagens apelativas, por fazer o meu "marketing" via Messenger, via página de Facebook, contactos pessoais, etc.. Insisti nas fotografias do evento e de eventos relativos à Feira, partilhando muitas notícias relativas ao espaço e colocando "adoros" e "gostos" na página da minha editora. Tarefas que acabam por ser, na maioria das vezes, pouco produtivas e apelativas, desencadeando até algum enfado por parte dos leitores/ visitantes da página. 

   Em paralelo, e na reta final, o meu romance foi Livro do Dia, e, mais uma vez, insisti na divulgação desse facto. Arrancou em paralelo uma campanha de promoção de 30% de desconto sobre o meu livro adquirido online no site da editora na sua semana de aniversário. 
    E depois da Feira do Livro de Lisboa e desta promoção, qual é o futuro do meu romance? Que outras estratégias posso arranjar para o divulgar? Talvez, vá parar agora. Talvez não seja da minha competência orientar esse futuro. Não posso ficar presa a um romance para sempre, mesmo que seja o melhor até este momento, o maior trabalho que concebi entre 2010 e 2011. 
     Após este livro publiquei "A última tela" que acabou por ser quase aniquilado por este trabalho. Tive que tomar a decisão de continuar a promover o romance, e outra forma de agir não faria sentido. 
     Agora, caros leitores, o meu romance de época estará apenas disponível online no site da editora. Fico expetante face à próxima estratégia editorial e abraçá-la-ei caso exista. Para já despeço-me de "O Trilho da Rata Cega", com imensa pena, mas há um caminho novo a seguir e, talvez, numa outra área.  
    Vou saber esperar as oportunidades que me queiram dar, com a calma que me for possível. Também preciso dar tempo para que as coisas aconteçam.