(imagem da Google)
Quando se aproxima o Dia do Lançamento do seu livro, ou do lançamento de uma antologia ou coletânea, na qual participou, é tal a ansiedade e o nervosismo, que um escritor sente, que mal consegue disfarçar junto dos seus familiares e amigos. Por um lado, deseja imenso que esse dia chegue, por outro, teme que algo decorra mal e ponha em causa o evento ou a sua imagem de escritor.
O escritor desdobra-se em afazeres, fala com a família e os amigos, evitando esquecer alguém; convida colegas e vizinhos, para tentar encher a sala da apresentação, com o intuíto de mostrar ao maior número de pessoas, naquele dia especial; envia convites por carta, ou via telemóvel; diz aqui e ali que vai lançar um livro, para divulgar o evento; pensa e escolhe a roupa e o calçado adequado, que irá usar nesse dia, assim como a mala ou pasta, que o acompanhará; decide ir ao cabeleireiro, etc., etc.
Depois, nesse dia, ao acercar-se do local do lançamento, o seu coração bate, os seus olhos brilham, as faces ruborizam, com a inquietude de ver na mesa o seu livro exposto, mirando o público, e os restantes para disponibilizar aos leitores; as flores; as garrafas e os copos de água, as cadeiras, o roll-up gigantesco com a imagem da capa do livro; o burburinho do público, que o admira de alto a baixo, no seu desfile até à mesa. Os olhos poisam-se nele e, é suposto, o coordenador da editora pronunciar umas palavras, que o apresentem. Um convidado poderá acrescentar mais uns apontamentos acerca do seu percurso e/ ou biografia e bibliografia, para dar mais credibilidade à sua presença ali, De seguida chega o momento derradeiro - algumas palavras nossas incitadoras para a leitura e aquisição do livro. A voz sai entrecortada por mistos de emoção, alegria e daquela sensação de ser ele o centro de todas as atenções daquele momento; de ter ali, nas suas mãos, a sua criação - a obra que lhe deu um imenso prazer, que lhe consumiu dias de trabalho, mas na qual entrou verdadeiramente ciente de que criou uma história perfeita e digna de ser lida e apreciada pelos outros.
A sua exposição termina, mas. ainda assim, quer dar mais brilhantismo ao evento, e entra um convidado especial - um amigo inesperado que discursa a seu favor (e o sorriso espraia-se no seu rosto); os leitores, os jornalistas, que pretendem saber tudo sobre o livro; um convidado, que proporciona um momento musical... É o dia do seu livro, o seu dia! Tudo vale para que o torne visível para o mundo!
O público agarra nas reproduções da sua obra e, alegremente, felicitando-o, aproximam-se dele para recolher um autógrafo, O escritor esgota-se na redação de mensagens, mas está imensamente feliz por ser bem acolhido pelo público, que o solicita para uma sessão fotográfica.
Escrevi este texto, com aquele sentimento de alegria de quem já passou por estes passos, de quem já experimentou todas estas sensações boas diversas vezes, ou assistiu a elas. Escrevi este texto, principalmente, para felicitar todos os colegas escritores, que se entregam à escrita e que, como eu, adoram ususfruir de todos estes momentos no dia de lançamento da sua obra. Escrevi porque sempre que penso em publicar, sinto esse misto de felicidade e de nervoso miudinho, que é maravilhoso.
Coragem a todos que lançaram ou irão lançar brevemente um livro. Aposto que farão e sentirão tudo aquilo que aqui descrevo. Mas, sabem o que magnífico? É sentir nas nossas mãos e nas mãos do público, o peso real da nossa obra - o físico e dos nossos sentimentos, que, de uma forma ou outra, fizeram do manuscrito, um livro.