Faltam. Faltam, hoje em dia, as palavras polidas, sem a malícia da asneira. Em qualquer lugar, ribombam palavrões nos nossos ouvidos...no hipermercado, na escola, nas novelas da televisão, na rádio, na rua, nas canções famosas da atualidade ... São naturais, espontâneos, revoltos e de um stress estranho. A falta de palavras mais corretas afeta qualquer idade, roçando a ausência de respeito por quem foi criado com educação. Fazem-se orelhas moucas à presença dos outros. Culpa de quem? Ninguém sabe, mesmo que hajam suspeitas. Será da proliferação de cenas agressivas nos filmes, das redes sociais, da moda dos canais de Youtube? Desconhece-se a relação causa-efeito. Mas há pequenos de 10 anos com canal. Como? Não sei. Escutam e veem desde factos revelantes às maiores atrocidades e palermices, perto do perigo. Com tudo isto, os palavrões são como marcas de discurso, de um modo de “estar na vida”. de tendências da nossa época... Mas é avassaladora a banalização do palavrão no dia a dia. Experimente passar perto de um recreio de crianças, ou no café à hora de um jogo e provará o que refiro. Sujeitam-se crianças de tenra idade a aprender essas palavras “engraçadas” e comuns para os adultos e exige-se depois que não se digam em locais públicos, como a escola, mas, na realidade, elas não se escusam a dizê-las sem qualquer pudor ou vergonha. Alteram-se facilmente, quando são chamadas à atenção por alguém e o palavrão deixa de ser palavrão para passar a ofensa.
Qual será o futuro destas “palavras bonitas”? Ninguém sabe. Mas garanto-vos que é bastante preocupante para quem tem que diariamente administrar doses de ensino com educação. Porque a educação cresce com a pessoa, amparada por algum critério de pudor e de respeito em família, por exemplo, pelos mais velhos.
Alguns atestam, o palavrão não revela falta de educação, mas é uma forma, uma predisposição natural de reagir espontaneamente às situações. Sim, há alguns anos, identificava-se ou atribuía-se esse palavreado natural aos nortenhos; depois, inexplicavelmente, desceu o país, o mundo, e agora “a moléstia é geral”. Quase, sem se dar conta, soltam-se “as belas palavras”, que substituem prazenteiramente as corretas, porque “é fixe” falar assim, e então “toca a exagerar no uso, antes que o expulsem do seu grupo social”.
A opção é sua, a opção é de quem educa, de quem forma um ser, mas não critiquem quem usa “as feias”, “as fora de moda e antiquadas” palavras corretas, adequadas, mesmo que solte, de tempos a tempos, uma das “bonitas” para não se sentir à parte do mundo atual.
Uma dosagem equilibrada entre “as bonitas” e “as feias” poderá ser o caminho ideal para uma boa conversa sem ser necessário uma excessiva adesão ao palavrão.
Penso eu... na mira da atualidade!
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