Não vou reportar, nem mencionar casos particulares de violência a acontecer no nosso país e no mundo, que assustam e que vão dando provas de que o ser humano, em momentos extremos, não recorre ao diálogo, à concordância com o ponto de vista do outro, nem age como ser humano, esquecendo tudo o que é racional e cometendo os crimes mais hediondos e condenáveis socialmente.
Chegamos a um ponto que não se aceita a recusa e, perante uma dificuldade, perante uma discussão, se reage com uma agressividade tão "animalesca", que faz lembrar séculos atrás, em que se tinha que limpar a honra com sangue e suor, usando qualquer meio para fazer valer a vontade e o poder.
Aquilo que era sagrado - a vida - deixa-o de o ser, por nada, ou por tudo, na visão de um agressor ou criminoso. Arranca-se a vida a alguém, seja de que idade ou condição for, por qualquer questão, vingança, litígio, separação, perda, etc.
O futuro amedronta-nos, quando nos apercebemos que, uma grande parte das crianças e dos jovens interagem, reproduzindo na realidade o que assistem na televisão ou em qualquer jogo de vídeo, ou canal de Youtube. Os sentimentos, o respeito pelos outros, o escutar da opinião dos outros, entra por um ouvido e sai pelo outro, sem chegar a ser motivo de reflexão. Agem com muita rapidez e agilidade, sem verdadeiramente pensar na consequência dos seus atos. Isolam-se no seu mundo dos silêncios perigosos, de ouvidos presos a headphones, lutando virtualmente uns com os outros, "matando" e "morrendo", dando "headshots" e gritando, enfurecidos, com a luta que se entende como real.
O que esperar de grupos de uma geração que se relaciona assim? O que esperar de jovens e de adultos que consomem excessivamente filmes extremamente violentos, com crimes horrendos? O que esperar de quem se entrega a novelas televisivas que mais parecem histórias de crime e ação? O que esperar de canais televisivos que exploram até ao limite horrores e crimes?
Opiniões são opiniões! Cada um pode ter a sua sobre o crescimento alarmante da violência e da agressividade. Não haverá nos aspetos e situações referidas uma causalidade direta. No entanto, estão certamente sociológos e psicólogos a estudar tudo isto, e o seu efeito nos comportamentos humanos. Mas que as situações apresentadas estão a moldar um pouco o ser humano, desde a sua infância, estão.
Ficam aqui estas reflexões.
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