terça-feira, 31 de março de 2020

Ler um livro faz-lhe bem

    Um livro é sempre uma boa companhia e, neste tempo de recolhimento social, ter à mão um bom livro, que o prenda do início ao fim, que o anime e que lhe agrade, far-lhe-á bem à saúde. Ativar sentimentos, através da leitura, predispõe-o/ a para encarar a vida com um maior otimismo. 
    Por norma, quando estou num processo inspirador e criativo, não leio. Ocupo o meu tempo a criar, a produzir, a consertar ideias, projetos, seja para organizar uma nova narrativa, seja para investir na dinâmica da divulgação das minhas últimas publicações.
       Neste estado de emergência quase à escala mundial por causa de um vírus mortal, aparentemente parece que o mundo quase desabou para escritores como eu, que não tiveram a oportunidade sequer de apresentar o seu novo livro. Mas não é bem assim. Aqui estou eu a usar o meu blogue. 
     Há sempre formas de nos ocuparmos e fazermos a divulgação. Alguns escritores dedicam-se a outras formas de divulgação e tornam-se conhecidos através das redes sociais, criando grupos de visualização, recorrendo ao Skype, e outras maneiras de criar e gerar seguidores. Leem para quem prefere escutar e isso é fantástico, porque, deste modo, mantêm-se no ativo.
      Se lê ou escuta leituras, continue que lhe fará bem. Verá como o seu estado emocional se altera completamente. 
       Boas leituras ou boas audições/ visualizações.
       E já que aqui estou, não posso deixar de lhe sugerir o meu "brand-new book" - "As lágrimas do salvador", que pode encontrar no site da Chiado Books, na WOOK, na FNAC e no site da editora Travessa, em São Paulo, existindo igualmente em formato e-book. Espreite-o e, se possível, partilhe comigo a sua opinião sobre ele. É disso que nós vivemos e nos suportamos. Por incrível que vos pareça, é, por e para vós, que existimos e que criamos novas obras. Não é forma de sustento, mas de alimento da nossa alma criativa.
       Boas leituras!

quinta-feira, 19 de março de 2020

Mudou tanto a sua vida!

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A sua vida mudou imenso em tão poucos dias... mas já parou para pensar? Mudou, porque tinha que mudar. Nem tudo é assim tão mau como parece. Estar em casa, mesmo que para salvaguardar a vida e a saúde dos seus familiares e a sua, tem bastantes benefícios. Tem que ser otimista. 
    Quantas vezes, na sua vida, desejou ter mais tempo para os seus. Agora tem tempo de sobra. Resta-lhe todo o tempo que sempre ambicionou. Nada o impede de usufruir da sua família e, principalmente, do seu bem-estar. 
     Não precisa levantar-se tão cedo, nem ter a preocupação constante de cumprir horários; não correr esbaforido para deixar as crianças na escola; não tem que fazer os lanchinhos das crianças; não necessita preocupar-se com a rotina dos seus filhos na escola; não tem que pensar antecipadamente onde vai almoçar no dia seguinte; não se esgota com tanto trabalho ou se aborrece com a azáfama de seus afazeres no local onde trabalha; não dirige a correr para deixar as crianças, no futebol, no ballet, etc.; não chega estoirado a casa depois de um dia arrasador e numa correria para chegar a horas à escola para ir buscar o seu filho e ainda tem que fazer o jantar, dar-lhe banho, dar uma olhadela aos trabalhos de casa, metê-lo na cama e atirar-se para a sua arrasado. Ao fim de semana não tem que andar feito um badalo, a levar o seu filho para atividades, escuteiros, catequese, igreja, avós, compras, etc. 
      Agora tem todos os seus ao seu lado no seu mundo-casa. Tem tudo o que desejou, mesmo "preso" ou confinado ao seu lar, o seu refúgio seguro para evitar o contágio. Tem que inventar uma nova vida para si e para os seus. De repente, o mundo global e social, onde vivia, transformou-se num abrigo protetor, um centro ou uma agência de saúde. E resta tempo para trabalhar, conforme quer e pode. Resta-lhe tempo para voltar a aprender como é uma família mais tradicional, para transmitir aos seus filhos o valor das coisas, os valores humanos. Resta tempo para lhes ensinar aquilo que eles sempre recusaram aprender. 
     Haverá um momento que aquele vício enorme do seu filho jogar Playstation, se esgota, e, habituado a se isolar, vai-se cansar de tanto isolamento, quando vê os pais em casa a toda a hora. Ele vai querer entreter o seu tempo noutras coisas e é o momento de ter a coragem de lhas ensinar. Porque agora o professor é você, não só porque lhe cabe orientar trabalhos propostos pelos professores, mas ensiná-lo a entender a importância da vida e de saber fazer e estar preparado para a sua vida futura. 
    Como vê, de um momento para outro, tudo mudou, por via das circunstâncias bastante gravosas, mas o que interessa é que se mantenha firme, com coragem, sem cruzar os braços e, apesar de estar sitiado na sua casa, saiba aproveitar estes dias, talvez meses, a moldar a sua família, construindo-a ou reconstruindo-a, sorvendo cada momento para colocar todas as conversas e projetos em dia, sem se isolar, virado para o seu telemóvel ou computador. Há mil tarefas, mil coisas para se fazer e fazer a sua família feliz. Redescubra-se. 
     A vida mudou. A lição desta doença demoníaca vai ficar para a posteridade, como a doença que dizimou muitas pessoas, mas que salvou muitas mais. Salve-se e salve os seus. Seja o herói que o seu bairro, a sua cidade, o mundo, precisa de si. Seja feliz no seu lar com a sua família e aproveite o melhor que tem. Fique em casa pelo amor que tem aos seus e faça-os sentir que os ama acima de tudo. Isso é que é verdadeiramente importante. 

quarta-feira, 18 de março de 2020

Lançamento adiado, apoio desejado

     O estado alarmante de pandemia, causado pelo Novo Corona Vírus, foi a principal causa do adiamento da apresentação formal do meu novo romance "As lágrimas do salvador". Obviamente que seria uma loucura realizar o lançamento do livro na capital e sujeitar-me e aos presentes a uma sessão para nos autocontagiarmos. Esta opção, apesar de muito sofrida, teve igualmente em conta, a supressão e o encerramento de todas as Bibliotecas Municipais, onde tinha sessões programadas. De que valeria fazer um lançamento se depois não iria divulgar o livro junto do público leitor. 
     Assim ficará tudo em suspenso. Os objetivos, os projetos, os sonhos, um empenho imenso por tentar colocar o meu livro no mercado literário português, o investimento em mim.
  Muitos colegas autores estarão exatamente na mesma situação do que eu, e, diria, alguns, numa situação bem pior. Eu não me sustento de livros. Confesso que morreria à fome. Nem daria para comprar pão diariamente. Mas existem muitos autores que dependem exclusivamente da promoção de sessões de autógrafos, de apresentações, de conferências, de sessões de escrita criativa, que não podem levar a cabo, neste momento. Existem autores, que não têm outra forma de vida e, perante a calamidade nacional, todos os seus eventos cancelados. 
    Então, perante esta situação dramática o que tenho tentado fazer. Utilizar as redes sociais, os grupos, qualquer meio para divulgar o meu romance. Infelizmente não são tão eficazes, quanto desejaria. Nem a publicação de um belo Booktrailer induziu visualizações, nem a criação de um canal no Youtube para divulgação do livro. 

    Nesta altura, as pessoas querem sobreviver e tentar não ficar infetadas, e ligam pouco a livros, mesmo que tenham tempo e os possam adquirir em forma de e-book e lê-los digital e confortavelmente. Perante isto, fica uma enorme desilusão, sentida por quem investe tudo na projeção pública de um livro. 
    Ainda assim, tentamos publicar e publicar, dar a conhecer motes condutores do nosso romance, arranjar frases e textos sugestivos, sugeri-lo a críticos literários, para que haja opiniões sobre a análise feita ao livro. E, nesse percurso, sujeitamo-nos a receber negativas, a receber recusas por termos escolhido esta ou aquela edição. 
    Meus caros leitores, o importante é a vida, a nossa saúde. Haverá tempo de usufruirmos de contactos com os leitores, quando a borrasca viral passar.
   Porém, terei que deixar aqui alguns recados para alguns críticos literários, ou sites de análise, de reflexão e de opinião de obras literárias. Agora têm muito tempo para a Vossa seleção criteriosa e o mais diversificada possível de obras. Não estamos propriamente em tempos de sermos críticos e mordazes em relação ao trabalho, à obra dos outros e entrarmos em esquemas de predileção deste ou daquele autor, deste ou daquele género literário, deste ou daquele grupo editorial, ou desta ou daquela editora. Precisamos uns dos outros para sobreviver neste mundo editorial e fazer escolhas, baseadas em "amizades" ou "simpatias", será péssimo. O critério deveria sempre ir de encontro à descoberta do autor, e, porque não de um novo autor, para lhe dar a oportunidade que necessita, e não seguir fielmente aqueles que já têm nome, já têm um público definido, uma editora gigantesca que os ampara e protege, e os coloca imediatamente nos tops de venda online. 
    Por mim, tudo farei para tornar visível o meu livro, sem apresentações, sem uma máquina enorme de marketing e de publicidade, que me projete para o sucesso, mas, tentando manter a saúde que preciso neste momento.
    Tente espreitar "As lágrimas do salvador" no site da Chiado Books, na Wook, na FNAC. Tente acolher as mensagens e os valores humanos, que transmite. O exemplo de um homem perante as dificuldades da vida. Certamente não se irá arrepender.  

domingo, 15 de março de 2020

A quarentena começa àmanhã!?

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     Numa passagem por um supermercado para comprar o essencial, detive-me a observar os comportamentos das pessoas, que deviam estar informadas sobre as medidas de segurança e higiene a tomar para evitar o contágio pelo Novo Corona Vírus. 
     Grande parte da informação veiculada nos nossos meios de comunicação é dedicada a esta pandemia, mas, ainda assim, as pessoas que vi pelo supermercado, deverão pensar que o contágio só acontece aos outros. 
   Confesso que andei em ziguezague para respeitar distâncias. Tive que levantar as portas das arcas frigoríficas com as mangas. Tive que estar a um ou dois metros na fila da caixa de pagamento, apesar de não haver muita gente.
    Mas, no meu percurso rápido, escutei algumas barbaridades e vi outras sem razão de ser, porque, supostamente estão todos informados. Desde as luvas que aposto estarem nas mãos das funcionárias durante todo o dia, porque, por exemplo, mexem em dinheiro, e que, afinal, poderão elas mesmas contaminar os outros. Os vidros das arcas repletos de marcas de dedos. Gente e mais gente na área do talho, sem respeitar as medidas de segurança. Idosos e idosos, apesar das recomendações para ficarem em casa, a fazerem compras. Famílias inteiras, com filhos pequenos, que deveriam respeitar o recolhimento responsável. Outras pessoas que andavam atrás dos pequenos de tenra idade, vigiando-os, mas permitindo que tocassem em tudo e suplicassem tudo o que queriam. 
     Escutei conversas e meti-me noutras, porque não consegui ficar calada. Frases ao telemóvel como estas: "Eh pá! Amanhã, já sabes, tens que ficar em casa, que é a quarentena e é proibido sair. Tu vê lá, que pagas uma valente multa!" Como se essa responsabilidade civil, de todos nós, tivesse dia, hora marcada. Tivesse que ser controlada por qualquer autoridade, que não a nossa própria consciência. Como se o vírus fosse sair à rua àmanhã e fosse obrigatório estar preso em casa e as precauções e cautelas de qualquer um de nós tivesse um momento marcado para acontecer. 
     Outras pessoas diziam que iam ficar em casa a fazer limpezas, dormir, ler livros, brincar com os miúdos, etc., que havia muita coisa para fazer. Outras ainda diziam que tinham os pais doentes, que era só uma constipação, mas que não iam deixar os miúdos lá, porque era perigoso. Tudo bem. Certo! Mas tudo isto, porque as escolas estavam fechadas. Remeti a minha reflexão para a importância da escola na vida das crianças e dos pais. 
    Meus caros, a quarentena não começa àmanhã, o recolhimento sim! Todos os contactos sociais de risco são de evitar. Há muito que as regras e sugestões dos responsáveis pela saúde, têm vindo a público, mas julgo que só muito recentemente nos apercebemos da sua dimensão, quando vimos o cerco a apertar, os casos a aparecer no nosso país, os nossos países vizinhos a registar casos de tragédia nacional. Enfim, quando compreendemos que as autoridades queriam salvaguardar as nossas crianças e o contacto delas com os profissionais de ensino. A escola como um foco possível de contágio, por envolver milhões. Quando nos apercebemos que este mundo global, afinal, fica ao nosso lado, perto de nós, e como viajamos, trabalhamos lá fora ou partilhamos o nosso dia a dia com pessoas estrangeiras, em negócios e contactos comerciais ou pessoais, era fácil o contágio e a propagação do vírus. 
       Talvez seja o momento de aproveitarmos a vida em família, no cantinho do nosso lar. Talvez seja o momento de aprender a importância de estarmos em família, centrados nela, para além de, com o nosso recolhimento, possamos respeitar a vida dos outros. Teremos que ser inventores de estratégias para acalmar o stress dos pequenos por estarem fechados e o nosso para evitarmos que o bicharoco alcance o nosso seio familiar. Teremos que ser guerreiros no travar desta luta.  
    A quarentena pode ser decretada ou até as fronteiras serem fechadas, mas isso não irá impedir que a doença nos bata à porta, de uma forma silenciosa. Espalhou-se tão rapidamente que poucos pensariam, há uns meses, que um vírus pudesse dominar e atravessar o mundo e dizimar parte dos seus habitantes num cenário de qualquer filme aterrador. 
     Ficará a lição que o ser humano ainda não descobriu, nem sabe tudo. 
      Ficará a lição de que precisamos uns dos outros para nos salvar. 
   Ficará a lição de que a família, a saúde são mais importantes do que qualquer poder ou sucesso pessoal. 
        Ficará a lição que desta experiência restará a recessão do mundo perante a calamidade humana causada por este vírus. 
       Ficará a lição que as tradições gastronómicas de um povo podem condenar a humanidade e que talvez seja necessário alterá-las ou mesmo proíbi-las para que não voltem a originar acontecimentos a escala mundial como este.  
     Ficará a lição, para uma potência em crescimento mundial que, talvez, devam simbolicamente um pedido de desculpa ao mundo, porque, com as suas tradições gastronómicas, culturais e formas de estar na vida, afetaram imenso o seu país e os países do mundo. 
      A quarentena não começa àmanhã. A quarentena pessoal e familiar devia ter começado há muito tempo, mas existem muitos que continuam a agir como isto fosse uma brincadeira e o seu egoísmo é tal que, nem se dão ao trabalho de ser humildes e solidários com os outros, respeitando as normas de higiene e segurança propostas.
         Seja responsável, àmanhã pode ser tarde demais, para colocar um travão, o mais depressa possível, no avanço desta tragédia mundial. 
     
      
    

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

De menina sonhadora a escritora

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(Imagens da Google)

      Cresci num tempo em que as regras e a rigidez delas dominavam os meus dias. Fosse em casa ou na escola, a vida era pouco colorida e pouco dada a grandes ilusões. Incrivelmente sempre as tive e sempre me senti diferente por isso. Recordo a infância e a adolescência, sempre acabrunhada e pensativa, chegada aos cantos. Quantas vezes fui vítima do tão chamado "bullying" e chorei a minha sorte, mas mesmo tocada pela melancolia, a tristeza e algum azar, acabava os meus dias a escrever qualquer coisa no meu diário. O meu pobre companheiro e abrigo de desabafos de dias turbulentos.
   Certo é que, esse lado sério e triste do meu crescimento, acabou por me dar o poder de observação, das vivências duras que afinal eram experiências de vida. Talvez esse carácter pesado na minha escrita esteja mesmo marcado por essas vivências, e o tom um pouco monocórdico seja o resultado de tantos encantos e desencantos que experimentei, mas, na verdade, abasteceram a minha criatividade e imaginação.
   Muitas vezes faço uma reflexão sobre onde é que tudo começou. Considero que começou bem cedo, na altura em que me ceifaram a curiosidade, me calaram a opinião para me impor o que desejavam que eu fizesse o que pretendiam. Mesmo em silêncio fui cultivando o meu saber simples, atenta ao quotidiano da vida. Já em jovem, algumas colegas admiravam-se da minha produtiva criatividade. 
    Recordo que, depois do fascínio pelas quadras e sonetos, sonhava ser escritora de novelas, por adorar ver as da televisão. Registava o argumento com perícia, criando os atores da peça televisiva, mas sempre com um fundo dramático. Ainda conservo esses guiões, que hoje considero ridículos, pela sua simplicidade de enredo, mas talvez tenha sido esta experiência de escrita que me orientou mais tarde para a forma como admiro entrelaçar história e usar analepses e prolepses na narrativa. 
     Teria que haver um clique, um mote ou motivo para me dedicar com intensidade à escrita. E esse tema aconteceu tragicamente com os incêndios de 2 e 3 de agosto de 2003. Era sério, mas os meus olhos viram o inferno e eu tinha uma missão: escrever como o vira. 
Assim que iniciei o processo de escrita senti uma emoção imensa que, por ser tão real e dura, me emocionava a escrever. À medida que aquele conto avançava rapidamente, sentia que registava os passos da narrativa com uma ligeireza que parecia ter já experiência de longos anos. As palavras libertavam-se com uma rapidez assustadora e eu descobria-me a mim mesma.
       De 2004 até 2010, entretive-me a escrever artigos de opinião para um jornal e ganhei prática para emitir pareceres, mesmo que de carácter político. Em 2010, em poucos meses, tive necessidade de escrever algo mais grandioso, mas com a intenção de guardar os registos na gaveta. Registei em 2011 três manuscritos, O Trilho da Rata Cega; os dez contos que constituiriam Histórias Sem Idade e um outro suposto romance, que não revelo o título. Para mim, eram testemunhos de uma mulher madura que sonhava ser escritora. Obviamente que estes romances e esta coleção de contos, foram alvo de muitas revisões e organizações alteradas da sua estrutura, mas foram registadas naquele ano com a garantia ou o projeto de as usar para participar em prémios literários. Parecia que me adaptava a todos os géneros literários. 
      Desde então o vício não cessou. Publico em 2011, 2014, 2017, 2018 (dois romances) e preparo-me para editar mais uma obra guardada durante anos e acrescentada e estruturada de maneira diferente. Nos intervalos dediquei-me a escrever poesia, conto, e histórias infantis (seis), que espero um dia publicar. 
      Existe contudo um romance inacabado que comecei inicialmente, mas que me exige tempo para terminar e conjeturei transformá-lo numa peça teatral, aliás, já comecei essa transformação. 
       Portanto, leitores, a criatividade e os sonhos que estiveram aprisionados durante vários anos e que marcaram a minha juventude, serviram para me dar um certo dom para escrever. Certamente agrado a uns, a outros nem por isso, mas podem ter a certeza que tenho tentado ultrapassar todas as dificuldades que se me impõem, algumas exteriores a mim, mas continuo com a mesma força e versatilidade do iníco da caminhada. Entrego-me muito empenhada aos meus projetos para dar corda ao meu sonho de ser escritora. Mas as barreiras são inúmeras e, qualquer um, já teria desistido. 
     Esta história de dezasseis anos, garantidamente, daria uma grande história! 

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

AS SESSÕES DE ESCRITA CRIATIVA

     
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      Promover ações de escrita criativa está na moda em escolas, em Bibliotecas Municipais, em livrarias ou em espaços dedicados à divulgação da literatura.     Desenvolvem-se atividades bastante interessantes que reativam o gosto e o prazer pela leitura e escrita, atiçar a criatividade, quer de crianças, jovens ou adultos. São normalmente bem acolhidas, se o promotor delas se revelar uma pessoa dinâmica, que desperte a curiosidade e que saiba principalmente cativar devidamente o seu público. Nas escolas, estas atividades são habitualmente gratuitas, noutros espaços, são pagas pelos interessados inscritos.
     Assistirmos a ações deste tipo enriquece-nos e estimula a nossa capacidade de criar, abre os nossos sentidos, escrevendo, envolvendo-nos, de tal forma na produção literária, a partir de pequenas pistas e coordenadas que o promotor delas nos vai fornecendo, que, quando nos apercebemos somos levados a entrar no mundo imaginário da escrita sem pensarmos que somos criadores e "inventores" de algo. 
     Observarmos alguém que leva a cabo estas sessões, e estando lá presente, mas escondendo  que somos escritores, e, simultaneamente, observar e avaliar a postura e o interesse de quem assiste a estas sessões, é extremamente estimulante. Ficamos extasiados com o poder da criatividade e da inspiração das crianças ou dos jovens, que, ainda com perspetivas muito originais e únicas, criam palavras, excertos ou textos com sentido e empenho (ainda que orientados pelo promotor dessas sessões). 
     O nosso olhar de escritores alcança imediatamente a intenção do formador, colocando-se no seu lugar e tendo inclusivé outras ideias, mas é automático, mecânico, manipulado pela experiência criativa e não, puro, simples e direto como, por exemplo, o das crianças. Produzem-se pequenos objetos de obra criativa, pequenos começos de inspiração, que darão certamente frutos na sua educação literária. 
     Quanto mais sugestivo e inspirador é o promotor de sessões de escrita criativa, maior será a predisposição do seu público para apreciar a criação literária. Acredito que alguns adultos que se inscrevem nestas ações pretendem aprender a escrever, a criar uma obra; outros pretendem aplicar os seus conhecimentos literários e outros ainda, pelo prazer que têm na leitura e escrita, pretendem enriquecer o seu currículo, ou o seu percurso na vida e educação literárias. 
      Seja qual for o motivo de se inscrever numa sessão ou oficina de escrita criativa, sairá certamente mais apto a desenvolver o seu sentido crítico, a sua expressão literária, o seu prazer pela leitura e pela escrita, a sua criatividade e a sua inspiração. 
     
      
      
    
       

quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

Um livro novo

Resultado de imagem para livro novo"Um escritor cria a sua obra, passando por todas as etapas e processos de concretização da mesma. Porém, julgo que só a sente verdadeiramente concluída, pronta para os leitores, quando recebe o primeiro exemplar e o admira atentamente. Vê-o em pormenor, folheando as páginas, sentindo o fruir das páginas e emocionando-se com a sua criação. Está ali o fruto do seu trabalho de dias e dias, de meses, que se consolida naquele livro.
          Depois começa a agitação e o frenesim para preparar a apresentação, de convidar pessoas para o lançamento, as sessões de autógrafos seguintes, a promoção e a divulgação do livro, a marcação em feiras do livro, a preparação de atividades para dinamizar esse livro, etc., etc. 
          Um livro deverá dar-lhe muito trabalho e é bom que dê, para que os leitores o adquiram e/ ou estejam presentes nos eventos que são promovidos. 
       O escritor sente-se cansado por não parar, mas prefere assim do que não ter atividades ou sessões marcadas. O fruto de todo o seu trabalho produz um efeito encantador nos leitores e ele vibra, mesmo que esgotado, sorrindo muito feliz por ter salas cheias de gente ávida de conhecimento, de aprender com as suas palavras escritas, com aquilo que quis transmitir com a sua narrativa.
       Um livro novo é, para um escritor, renascer ou reviver, ganhar um novo alento. Um livro novo significa continuar a sua obra, dar corda ao seu dom. 

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

O nervoso miudinho do Dia do Lançamento de um livro

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                  (imagem da Google)
Quando se aproxima o Dia do Lançamento do seu livro, ou do lançamento de uma antologia ou coletânea, na qual participou, é tal a ansiedade e o nervosismo, que um escritor sente, que mal consegue disfarçar junto dos seus familiares e amigos. Por um lado, deseja imenso que esse dia chegue, por outro, teme que algo decorra mal e ponha em causa o evento ou a sua imagem de escritor. 
      O escritor desdobra-se em afazeres, fala com a família e os amigos, evitando esquecer alguém; convida colegas e vizinhos, para tentar encher a sala da apresentação, com o intuíto de mostrar ao maior número  de pessoas, naquele dia especial; envia convites por carta, ou via telemóvel; diz aqui e ali que vai lançar um livro, para divulgar o evento; pensa e escolhe a roupa e o calçado adequado, que irá usar nesse dia, assim como a mala ou pasta, que o acompanhará; decide ir ao cabeleireiro, etc., etc.
       Depois, nesse dia, ao acercar-se do local do lançamento, o seu coração bate, os seus olhos brilham, as faces ruborizam, com a inquietude de ver na mesa o seu livro exposto, mirando o público, e os restantes para disponibilizar aos leitores; as flores; as garrafas e os copos de água, as cadeiras, o roll-up gigantesco com a imagem da capa do livro; o burburinho do público, que o admira de alto a baixo, no seu desfile até à mesa. Os olhos poisam-se nele e, é suposto, o coordenador da editora pronunciar umas palavras, que o apresentem. Um convidado poderá acrescentar mais uns apontamentos acerca do seu percurso e/ ou biografia e bibliografia, para dar mais credibilidade à sua presença ali, De seguida chega o momento derradeiro - algumas palavras nossas incitadoras para a leitura e aquisição do livro. A voz sai entrecortada por mistos de emoção, alegria e daquela sensação de ser ele o centro de todas as atenções daquele momento; de ter ali, nas suas mãos, a sua criação - a obra que lhe deu um imenso prazer, que lhe consumiu dias de trabalho, mas na qual entrou verdadeiramente ciente de que criou uma história perfeita e digna de ser lida e apreciada pelos outros. 
      A sua exposição termina, mas. ainda assim, quer dar mais brilhantismo ao evento, e entra um convidado especial - um amigo inesperado que discursa a seu favor (e o sorriso espraia-se no seu rosto); os leitores, os jornalistas, que pretendem saber tudo sobre o livro; um convidado, que proporciona um momento musical... É o dia do seu livro, o seu dia! Tudo vale para que o torne visível para o mundo!
      O público agarra nas reproduções da sua obra e, alegremente, felicitando-o, aproximam-se dele para recolher um autógrafo, O escritor esgota-se na redação de mensagens, mas está imensamente feliz por ser bem acolhido pelo público, que o solicita para uma sessão fotográfica.
       
         Escrevi este texto, com aquele sentimento de alegria de quem  já passou por estes passos, de quem já experimentou todas estas sensações boas diversas vezes, ou assistiu a elas. Escrevi este texto, principalmente, para felicitar todos os colegas escritores, que se entregam à escrita e que, como eu, adoram ususfruir de todos estes momentos no dia de lançamento da sua obra. Escrevi porque sempre que penso em publicar, sinto esse misto de felicidade e de nervoso miudinho, que é maravilhoso.
      Coragem a todos que lançaram ou irão lançar brevemente um livro. Aposto que farão e sentirão tudo aquilo que aqui descrevo. Mas, sabem o que magnífico? É sentir nas nossas mãos e nas mãos do público, o peso real da nossa obra - o físico e dos nossos sentimentos, que, de uma forma ou outra, fizeram do manuscrito, um livro. 

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

O interesse dos leitores

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   Quando um livro é apresentado ao público, depreende-se que deverá ser distribuído para que se torne acessível ao mesmo. Um livro deverá começar a ser comercializado, com um marketing razoável, de modo a chegar ao público e, eventualmente, lutar pelo seu sucesso.
    Obviamente que a editora e o autor têm todo um trabalho conjunto de divulgação, com diversas sessões e apresentações dinâmicas nas semanas ou meses seguintes para promover esse livro. 
     O autor, por muito empenho e iniciativa que tenha, na ausência desse feedback da parte da editora, sem ter livros disponíveis para realizar sessões de autógrafos e outras ações, nunca conseguirá dar a conhecer esse livro, nem sequer vendê-lo. Daí que, existir uma interação estreita entre o autor e a editora, é muito importante, porque quando falta essa comunicação, essa divulgação, perde-se o impacto do livro por completo. 
      Mesmo que o autor promova o seu livro, o indique aos leitores que conhece, essa promoção não tem o mesmo efeito prático do que ter o livro disponível num espaço comercial ou numa livraria onde possa efetuar uma sessão de autógrafos.
       Tornar-se visível, pelos meios que tiver ao seu acesso e alcance, é fundamental logo após o lançamento e a apresentação, é prioritário, para não deixar morrer o livro logo à partida. Realizar ações consecutivas torna-se imprescindível para passar palavra, para se tornar conhecido no meio editorial. As redes sociais, os blogues, as entrevistas para blogues literários, os vídeos num canal de Youtube, poderão ser instrumentos dessa visibilidade. 
     Todos temos a certeza que este meio é cada vez mais competitivo, que, em cada dia, surgem centenas de novos autores, uns com qualidade, outros não, uns bem apoiados, outros não, uns de editoras de peso, outros em autopublicação. Essas caras novas poderão ter algum impacto, independentemente da editora pela qual publicam, desde que, a tenham na sua sombra, que lute ao lado deles e que não tenha somente interesses economicistas, de editar um livro, para ser só mais um e o usar para se tornar também visível. 
     Mas os leitores, na maior parte dos casos, são indiferentes a tudo isto. Os leitores procuram os livros em diferentes espaços comerciais e, se não os encontram, desistem deles. Sim, é verdade! Os livros podem até estar disponíveis em vários sites relevantes, mas os leitores pretendem tocar os livros, pela capa, pelo nome do autor, ou o título de impacto, ler a sinopse, ler o prefácio e folheá-los. Comprá-los online, só porque têm uma boa crítica, poderá ser aceite pelas camada mais jovens que aderem e lidam muito bem com a Internet e confiam nela.
     Assim o interesse dos leitores será, com os seus próprios olhos, poder escolher o seu livro.  
     As editoras deviam preocupar-se com isto para vender, mesmo que distribuir lhe fique mais dispendioso. Apostar no interesse dos leitores, a cem por cento, é a garantia de que poderão continuar a editar livros, porque afinal se não forem apostar no interesse dos leitores, correm o risco de apenas editarem e venderem para a sessão de apresentação.
    

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

A exposição da violência trava a felicidade das pessoas

     Somos invadidos diariamente por notícias, provenientes de vários meios de comunicação, de uma violência tremenda, assustadoramente medonha, e é tão pouco racional, que nos fazem lembrar tempos primitivos em que o Homem não tinha a mínima noção do valor da vida, ou melhor, ou matava ou morria, fosse para se alimentar ou para sobreviver, sobrepondo-se por alguma posição social hierárquica.
      Alguns especialistas poderão antever que esta violência entre as pessoas se deve a este ou aquele fator, à realidade cultural ou social da pessoa que comete o crime, ao excesso de stress diário, e a outras situações como: a não aceitação da perda, da culpa, à solidão, à doença, etc. Verdade é que, cada vez mais, os crimes são mais horrendos e irracionais. As pessoas julgam que, ao cometê-los, passarão impunes ou à margem da lei, porque agem sem temer ser apanhadas, presas, mortas pelos agentes das autoridades. 
    O número de crimes de ordem sexual e de evasão do corpo de crianças ou de adultos aumentam cada vez mais na atualidade e o que é aflitivo entre membros da mesma família, ou dentro da família, como se as pessoas andassem louca e excessivamente carentes e sós, necessitando, por exemplo, de aceder à pornografia "barata" e "acessível" (infantil), naquele prazer hediondo de abusar de alguém mais frágil e submisso. É assim, mesmo que os chamados pedófilos supostamente devessem saber que podem ser "apanhados" em flagrante. Não temem, mesmo sabendo, que, quando em contexto de prisão são quase linchados lá dentro pelos colegas prisioneiros. 
     Também a exposição exagerada de violência, agressividade, de casos e casos reais, de não se esconderem da exposição visual os pormenores macabros dos crimes, as armas, as manchas de sangue, etc., de se pisar e repisar nos assuntos e situações dramáticas, acentuam e reforçam um pouco essa violência, tornando-a em algo banal. 
    Será importante discutir e analisar essas situações e alertar as pessoas para certos perigos, avisar o que fazer no caso de detetarem violência, por exemplo, doméstica, mas estar-se constantemente em busca de casos desses para ter audiências, exatamente à hora em que a família havia de estar sossegada a almoçar, é alarmante. Muita gente séria, honesta, de bem com a vida assiste a estes momentos televisivos ou vê as reportagens, mas há imensa gente com alguma instabilidade emocional, a viver dramas pessoais e familiares a ver tudo aquilo e, encontram ali "coragem" ou um "incentivo" para tomar decisões precipitadas. Sabemos que há pessoas sós, que "adoecem mentalmente" sem terem noção disso e são levados quase inconscientemente a entrar por caminhos que podem levar à prática de crimes.
     Vivemos atolados de imagens de violência e de crime por todo lado e, de tal forma isto é preocupante porque começamos logo por deixar as crianças expor-se bem cedo a essa violência. É vê-los felizes e excessivamente animados ou revoltados nos seus jogos de vídeo ou Playstation (que ainda não deviam ter permissão para jogar), falar com a mais rude das linguagens, com os mais violentos gestos, para com um monitor. E, na vida real, cá fora, na escola, reagem sem respeito a qualquer tipo de regras.  No futuro veremos o efeito de toda esta exposição assim tão acessível a crianças no desenvolvimento de certos tipos de comportamentos e atitudes.
     A exposição a tanta violência diariamente acaba por condicionar e influenciar a nossa felicidade, quer queiramos, quer não. Por muito que nos queiramos distanciar os casos eles entram nos nossos pensamentos e ocupam-nos tempo, tornando-nos mais melancólicos. 
      
     

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

O reconhecimento dos leitores

Foi no passado sábado, dia 21 de setembro, que subi ao palco do auditório Ruy de Carvalho em Carnaxide, na Gala dos Autores, para receber um segundo prémio na minha atual editora, a Cordel d' Prata, na categoria romance pela minha obra "O Trilho da Rata Cega". 
      O dia muito chuvoso fazia-me prever algo negativo, quiçá a derrota, mas, bem lá no fundo do meu coração, ainda residia a esperança. Tinha plena consciência que seria difícil voltar a vencer, dado que a 11 de novembro já havia recebido o Prémio Melhor Obra 2018. No entanto tinha fé, uma fé muito escondida no meu coração, porque os familiares, os amigos votavam diariamente. Inclusive um grupo de colegas autores votavam no meu livro, tal como eu votava no deles. Estava tudo em aberto, mas essa concorrência bastante cordial e parceira naquela votação era fiel e verdadeira.
      Havia feito o trabalho de casa, preparando o discurso em papel, mas durante os dias que antecederam a Gala dizia para mim própria: "E se perder? E se desiludir as pessoas que votaram em mim? Vou-me sentir péssima!" E insisti publicando quase até à exaustão num apelo constante à votação para não desiludir ninguém nem a mim mesma. A atenção e a confiança dos leitores, familiares e amigos eram maiores do que a minha. Muitas vezes me asseguraram: "Vai vencer. Claro que vai vencer!" E eu retorquia: "Não sei. Não será fácil um livro vencer pela segunda vez." As certezas das pessoas eram muitas, mas deviam estar equilibradas com as minhas dúvidas.
      A tarde da Gala chegou e o meu nervosismo misturou-se com sorrisos, beijos e abraços, tentando fazer-me mais forte do que na realidade me sentia. 
  O título da obra vencedora na categoria romance foi anunciado e eu lá embasbaquei mais uma vez com as palmas. "Venci!" - gritei, surdamente. Um misto de sentimentos assolou-me à mente. As vozes pequeninas na minha cabeça, à medida que me aproximava do palco, repetiam: "Venceste, mulher! Como é possível? Outra vez? Agora tens a parte do discurso! Lá te vais enervar outra vez de voz entrecortada e aos solavancos! Ainda por cima és a única que levas papel! Que hão de pensar? Que sabias que ias vencer? Mentira! Nunca soubeste! Nem adivinhaste! Ninguém te disse! Apenas fizeste o teu trabalho de casa! Se a editora te tinha avisado e aos teus colegas que tínhamos que levar discurso preparado… Gostaria de falar de improviso, saía tudo mais natural e autêntico. Assim vai parecer uma encenação certa e direitinha! Queira Deus que a colega que vieste representar vença, para leres o discurso dela, senão vai ser mau! Se ela vencer, tiras a túnica e os óculos para pareceres outra! Vais andar às apalpadelas! Vamos a isso, Paula Araújo! Vais conseguir subir a este palco sem te espetares no chão! Jesus, tanta luz, não vejo nada!" 
     Cheguei ao palco e o apresentador apelava a um discurso curto e eu levava um camião de palavras. Teria que me apressar, mas os meus nervos não me deixavam. Acelerei o que pude. Daquele lugar agradeci não ver o público com tanta luz. Sinceramente não sei como vi as letras, mas havia tido a feliz ideia de colocar os carateres a Arial tamanho 14. O apresentador ao meu lado olhava para a dimensão da minha composição. Parecia mais aflito do que eu para terminar. Julgo que tinha a ver com a duração do direto. Não li o último parágrafo. Voltei ao meu lugar com uma imensa vontade de chorar e de beijar aquele troféu. Beijei-o na escuridão, confesso. Tinha-o ali nas minhas mãos e tê-lo era o reconhecimento que o meu público, familiares, amigos, leitores em geral, gostavam de mim, me apoiavam e me acompanhavam sempre nestes desafios. Sentia-me tão grata por tudo isso. 
    Um livro dá muito trabalho a escrever, mas esse trabalho é compensado pelas manifestações de carinho e de apoio das pessoas que acreditam que temos valor. E quando o mesmo livro nos permite o alcance de três prémios, sentimo-nos orgulhosas por termos amigos assim. 
    Os três troféus estão comigo, mas eles são de todos os que me apoiam. Foi o meu público que me possibilitou recebê-los. Para mim são mesmo três e simbolizam o amor, a amizade e o companheirismo. 
    Muito obrigada a todos pela confiança demonstrada mais uma vez por mim!