segunda-feira, 29 de abril de 2019

Promoção para o Dia da Mãe

      As mães gostam de flores, de beijos e de abraços, quiçá de um chocolate, de um jantar fora com a família. No entanto, há mães que apreciam outro tipo de surpresas - uma viagem, um fim de semana sem os afazeres diários em casa, uma ida ao cinema ou ao teatro, ou um bom livro. 
     Tenho insistido imenso na minha página de Facebook na promoção do meu livro, e aproveito, eu própria, enquanto autora, para ajudar na campanha promocional da Bertrand online, ou uma WOOK, com os seus descontos, ou até do site da minha editora. Perguntar-me-ão para que é que faço isso? Obviamente que o único benefício concreto desta minha insistência é o de promover e divulgar a minha obra, não é decididamente para enriquecimento pessoal. Estou bastante habituada a fazer este trabalho, mas hão de concordar comigo que não deveria ser assim. Deveria estar sossegada à espera que quem tem o dever de me divulgar o fizesse. Meus caros, desiludam-se! Simplesmente, por muito bom trabalho que se faça e prometa, somos um só número num universo de colegas autores, uns mais conhecidos do que outros, que lutam pelo seu lugar ao sol. Assim, não terei outro remédio senão arregaçar as mangas para tentar que, um dia destes, também tenha um raiozito de sol para mim. Não é egoísmo, não é sentir-me mais do que os outros… cada um no seu lugar… é ter frutos de todo o meu esforço. Apenas lamento que quem devia estar ao meu lado nesta luta, se limite a fazer de conta que não existo, que não pertenço ao grupo dos favoritos, que não valha a pena o esforço para me projetar mais. 
    O recado está dado e, acredito que se entende, pelas minhas palavras, a que me refiro. Acredito igualmente que esta sensação mista de injustiça, desalento, quase revolta, passa pela mente de quem escreve e publica. Apesar de tudo, eu recuso-me a desistir e, daí que, vos encharque de links, de posts, de publicações a apelar pelo meu ou meus livros. Só assim me sinto completa e feliz no mundo dos livros, enquanto não conheço a realidade de viver dos livros (se é que existe). Seria desejável que houvesse alguém que apostasse verdadeiramente em nós, mas o nosso pequeno talento ainda está escondido, envergonhado. Porém a esperança persiste.
    

quinta-feira, 25 de abril de 2019

Já fui livre...




Já fui livre neste país pequeno e verdejante.

Já voei alada e feliz pela verdadeira liberdade.

Quando o Abril chegou com o cravo empolgante,

tingi-me de vermelho como as tropas pela cidade.



Já fui libertina, sem qualquer réstia de medo.

Nunca dei atenção à voz dos acutilantes tiranos.

Receio agora o monstro corrupto em segredo,

que domina cruel pelo globo nestes meus anos.



Já fui livre. Não sei se sou neste torpe universo,

quando assisto à impiedade fria da rude matança,

onde o Homem se mostra como um animal perverso.



Já fui livre. Não sei se ainda tenho essa confiança.

Se ser livre é viver num mundo descrente e adverso,
o que me resta dele é uma tão ínfima esperança.

terça-feira, 23 de abril de 2019

Quem esqueceu o Dia Mundial do Livro?


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Quem esqueceu O Dia Mundial do Livro?

Esteve bem visível e dinamizado nas escolas. As livrarias lembraram este dia em qualquer canto deste país. As editoras promoveram os seus maiores bestsellers, divulgando promoções, ofertas, etc. Houve uma marcha pró-livro e leitura em Lisboa, dinamizada e organizada pelo Projeto do Programa PNL 2027. As bibliotecas levaram a cabo muitas atividades pelo país. Alguns autores, a título individual, fizeram apelos à leitura, publicaram excertos do que escrevem, dos seus livros. As televisões divulgaram estatísticas sobre os hábitos de leitura das crianças e da aquisição de livros em Portugal. Nas redes sociais proliferaram muitas publicações, apelando à leitura e à comemoração deste Dia Mundial. Enfim, mil e uma atividades desenvolveram-se no país e no mundo...
Volto a perguntar:  quem esqueceu o Dia Mundial do Livro?
Quem não lê, não gosta de ler. Quem não se importa com mais um dia comemorativo, seja o que for, do Livro, da Leitura. Quem pode ver no livro um negócio, mas o que lhe interessa em somar dividendos e ganhar reconhecimento no mundo livreiro.  
Hoje de manhã escutei Teresa Alçada referindo que é importante ler seja de que forma for e cultivar o prazer da leitura desde a primeira infância, mas, na verdade, ainda há muitos pais reticentes que consideram a leitura um aborrecimento, "uma perda de tempo". 
Quem esqueceu o Dia Mundial do Livro, esqueceu que o livro pode construir a sua própria cultura, a sua identidade e o ser social que é. 




segunda-feira, 15 de abril de 2019

Para que é que serve o Registo Criminal?


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À hora de almoço, num programa de grande audiência, assisti a mais uma história real e infeliz da nossa sociedade atual, na rubrica criminal.
Atendendo ao aspeto marcante desta história ser horrivelmente macabra e horrenda, salientou-se, com bastante reforço, tratar-se de um professor do 1º ciclo, em Leiria. Não um homem qualquer - um professor. Sabendo que esta insistência acaba por provocar sentimentos de repulsa, pela profissão que desempenha, e até provoca o medo ou pânico nos pais, que, todos os dias, deixam os seus filhos entregues a um professor, salientou-se que, este homem de 37 anos, havia violentado e violado a sua enteada, com menos de 14 anos, durante dois anos. 
O repórter, defronte a um estabelecimento prisional, contou com insistência toda a história e, para além de se referir ao facto de que o criminoso estaria isolado na ala feminina da prisão, fechada há anos, para evitar o linchamento da parte dos outros presos, para sua salvaguarda. 
O que me traz aqui é um facto que ele explorou, digno de toda a preocupação, relativamente ao facto de o criminoso ser eventualmente libertado, depois de ouvido, com pulseira eletrónica e termo de residência, e ir requerer voltar ao trabalho, ou seja, a lecionar na sua escola e aos seus alunos do primeiro ciclo.  Conjeturava o repórter que, a escola do professor, não teria legislação para se opor ao seu regresso. E ele estaria em contacto com as crianças. Insistiu naquele aspeto, afirmando que nem aquela escola, nem nenhuma teria legislação, perante uma situação crítica como aquela, de obrigar um professor a não regressar ao trabalho. Até consigo adivinhar os que os pais farão perante tal notícia. 
Caros leitores, parece-me haver aqui uma certa falta de informação. Sim, há um mecanismo legal. Todos os anos, nós, os professores e os funcionários que trabalham com menores, têm que obrigatoriamente solicitar e/ ou entregar um documento nas suas escolas e/ ou agrupamentos diretamente dos serviços competentes da lei, dando conta que não há registos de crimes. Ora havendo um registo, que não está limpo, julgo que o professor, educador, assistente, ou funcionário de qualquer outra função, ficará automaticamente impedido ou condicionado a trabalhar com crianças ou jovens, ou não é assim?
Se assim não for, para que é que serve este documento oficial e importante, que todos nós entregamos no início do ano letivo?

domingo, 14 de abril de 2019

Conseguias viver sem o telemóvel?

Resultado de imagem para telemóvel malefíciosColoco esta pergunta imensas vezes e reflito sobre ela esporadicamente quando me vejo perante certas situações.
Eu sou daquelas pessoas que tiveram o privilégio de viver sem tecnologias e olharam com desconfiança a proliferação delas. A forma agressiva com que entraram na nossa vida, sem pedir licença alguma. A maneira com que nos obrigam a uma atualização permanente e a uma adaptação instantânea, doutro modo,  ficaríamos à deriva e ultrapassados pelos outros. Confesso que o telemóvel foi uma daquelas invenções da modernidade que me assustou. Cómoda e prática, confirmo, para qualquer urgência ou necessidade; acessível, quando me procuram e facilmente me encontram; intrusa, porque me invade a vida em qualquer lugar e a qualquer momento. Mas o telemóvel, em todas as suas modalidades inovadoras e caras, que nem me interessa saber as suas funcionalidades, é mais do que tudo isto, é invasor e transformador das interações sociais das pessoas. Consegue ser simultaneamente um meio de contacto imediato com as pessoas e um inibidor de relações interpessoais, quando funciona como um meio de isolamento familiar e social. Ocupa muito do tempo que antigamente se tinha para conversar ou qualquer outra atividade interessante.  
O que pensar quando vês uma criança de três ou quatro anos, a sair de um carro, numa estrada perigosa, amparada pelo avô, para não atravessar a rua às cegas, com os olhos literalmente colados no telemóvel ou ao tablet? 
O que pensar da distração, stress e aceleração em que as pessoas vivem, mesmo na condução, sempre a deitar olho ao telemóvel, pondo em risco a sua e a vida dos outros? 
O que pensar dos jovens que andam distraidamente pelos passeios, atravessam estradas, andam de bicicleta, sempre de phones na cabeça, que não se apercebem do que os rodeia e se colocam em risco constantemente? 
O que pensar quando falas com um jovem, julgando que te escuta, e tens que lhe dar um toque num braço, porque te apercebes que não te está a escutar, mas com os phones nos ouvidos? 
O que pensar quando vais sossegada na rua e escutas sem querer a vida de toda a gente alto e a bom som? 
O que pensar quando vês que quem te rodeia usa aquele objeto de uma forma viciante?
O que pensar quando estás numa sala de espera no dentista e vês seis pessoas dos oito ao sessenta, todas entretidas com o seu telemóvel, e és a única que não estás vidrada naquele objeto, a jogar, a dedilhar as páginas das redes sociais, mas a deliciar-te com a música na televisão?
Tens vontade de cantar alto. Tens vontade de provocar consciências. Tens vontade de dizer, quando escutas que estão a falar sozinhos com o objeto, que estão em risco de ter problemas de saúde mental!

Conseguia viver sem o telemóvel?

Eu, sim, mas duvido que milhões de pessoas no mundo conseguissem. Não se libertam dele por nada na vida. O telemóvel acorda-os; o telemóvel agenda-os; o telemóvel dá-lhes as notícias, o tempo, a música, etc.; o telemóvel é um meio para nos dar alegria e frustração; o telemóvel lembra-os de tudo, exceto de viver a vida sem ele.

Óbvio que, como qualquer ser humano, o uso para contactar e estar contactável, para enviar mensagens e receber, mas, por opção, decididamente, para pouco mais do que isso. Ainda consigo resistir a perder o meu tempo com esse objeto. 
Podem chamar-me antiquada, mas gosto muito mais de conversar e rir com quem falo, do que estar a falar com alguém, e sentir que essa pessoa não está ali, mas com os olhos dedicados a procurar respostas e conversas de outras pessoas no telemóvel. 

Eu era capaz de abdicar deste objeto e tu?


domingo, 7 de abril de 2019

Quando se quer muito um livro...

Há uns meses partilhei com uma jovem empregada de um hipermercado que adoraria que o meu livro estivesse lá à venda. Fez menção de o querer adquirir e disse-lhe onde o podia encontrar. 
Naquela altura estava prevista a minha ida à Feira do Livro de uma cidade vizinha, e, como a jovem era da região, informei-a do evento, convidando-a a aparecer por lá. Não pode, mas, assim que me viu novamente no hipermercado, pediu-me desculpas por não ter aparecido. 
Meses passaram e hoje, ao fim da tarde, dirigi-me ao hipermercado e quem me veio atender - a jovem. Riu, cumprimentou-me e disse-me:
 - Já tenho o seu livro e estou a lê-lo. Estou a gostar muito. Olhe, devia escrever outro como este. 
Confessou-me que não tinha sido fácil encontrar. Não o conseguira encontrar em Torres Novas, como eu lhe tinha indicado. Tinha-o comprado bem longe, em Barcelos, numa Feira do Livro. Tinha uma irmã a morar lá e, como a tinha ido visitar, andaram as duas entretidas à procura do livro e lá o acharam. 
Fiquei incrédula com a persistência da jovem, que, em vez de recorrer a uma WOOK, ou Bertrand, ou ao site da editora, preferiu procurar o livro, como a maioria dos leitores preferem, ao seu alcance, à sua disposição para o poderem folhear. 
Por um lado significava que não desistira de procurar o meu livro. O livro afinal existia no país, no norte de Portugal. Lamentavelmente não existia na localidade onde a história, o contexto dizia respeito. 
Agradeci a atenção, o carinho daquela leitora jovem, que me confessou estar a adorar o livro, ela que não gostava de ler, mas aquele livro estava a prendê-la. 
De seguida refleti sobre a importância de se querer muito um livro, porque quando se quer muito, mas muito, tenta-se adquiri-lo a todo o custo. Nem que se vá buscar a muitos quilómetros de casa.
Antes deste encontro a minha mãe havia-me contado que uma antiga vizinha minha lhe tinha perguntado onde podia comprar o meu livro e ela deu-lhe as mesmas indicações - livrarias de Torres Novas. 
Espero que o encontre. Acredito que se não o encontrar, não vá ter a mesma vontade e persistência daquela jovem. Sabem o que acontece aos leitores que pretendem um livro e não o encontram? Esquecem rapidamente esse livro. 
Este é o meu receio.

segunda-feira, 1 de abril de 2019

Partilhas saudáveis entre escritores

Ao longo destes anos têm sido diversas as experiências que partilhei com colegas escritores. Normalmente ocorrem em Feiras do Livro, que cruzamos, por este país. É bom saber que aprendem connosco, mas que também aprendemos imenso com eles. 
Desta vez, na Feira do Livro de Leiria, não foi exceção. Juntaram-se ali autores de diferentes idades, de diferentes editoras e tivemos oportunidade de saber que todos partilhamos mais ou menos as mesmas ansiedades, lutas, o mesmo prazer gratuito e voluntário de entrega a uma causa, projetando o que escrevemos para o nosso público. 
Fiquei particularmente encantada com os meus colegas estreantes, ainda novatos nestas andanças, que absorveram as nossas ideias e as acolheram com agrado. 
Editoras à parte, que, nestas partilhas e experiências conjuntas, não devem existir querelas, nem guerras de quem vende mais ou melhor, julgo que todos conseguimos verdadeiramente algumas vitórias - a construção de laços, a aprendizagem para uma caminhada mais firme e segura e algumas estratégias de marketing e promoção para alcançar e motivar o público leitor.
Naquele lugar, na nossa mesa de autógrafos, ninguém esteve a espreitar quem vendeu mais ou se encheu de inveja por um vender e o outro não. Todos desempenhamos o nosso papel de dar a conhecer os nossos livros. E estavam ali representados vários géneros literários: a poesia, o conto infantil, a ficção, o romance histórico e o thriller. Havia todo um leque diversificado e um leque de autores, de olhos vivos e brilhantes, com um sorriso, pleno de esperança. 
Pensando bem, entramos nestas atividades ou eventos, por amor à camisola, acreditando no futuro, na nossa vocação e  no poder que temos em nos tornarmos visíveis. Tornamos estes eventos em convívios de partilhas saudáveis e positivas. Acreditamos igualmente que os leitores um dia nos darão crédito, acompanhando tudo o que escrevemos como bom e de qualidade. 
Ficou-me na memória ainda uma história do cicerone do painel de autores presentes… e que nos deu ainda mais força para continuar...Segundo ele, há mais de uma dezena de anos, havia recebido na Feira do Livro, localizada noutro espaço da cidade, um autor desconhecido, tal como nós, para uma sessão de autógrafos: José Luís Peixoto. 
Esta é a mensagem que resta - da semente que plantamos hoje, pode crescer uma bela e frondosa árvore, que dará frutos suculentos.


terça-feira, 26 de março de 2019

Pela vida dos outros


A prova da bondade e da humildade das pessoas está nas suas ações. No caso da tragédia de Moçambique temos conhecido imensos casos de entrega e de solidariedade pelos outros, provando-nos que a Humanidade não está perdida e há valores que permanecem intocáveis. 



Não conseguimos ficar indiferentes ao espírito de sacrifício que nos apresentam diariamente nos media e, a maioria, chocam-nos, num misto de tristeza e lamento pela tragédia e de alegria por constatarmos que o mundo está solidário. O mundo une-se e não se rende a esforços para tentar minorar ou ajudar todas aquelas pessoas, que ficaram sem nada.



Há para mim, um ou outro caso que são a imagem do sofrimento e da tentativa de evitar que os outros sofram ainda mais. Já ontem assisti a este caso, e hoje desenvolveu-se mais a história, para se compreender a dimensão do altruísmo de alguém.

No desenrolar da tempestade quarenta homens lutaram para manter em cativeiro vinte e seis mil crocodilos. Quarenta homens, arriscando a sua própria vida, lutaram para a desgraça não ser maior. Quarenta homens deixaram a sua família entregue à tragédia para zelar pelas famílias dos outros. Quarenta homens não resguardaram as suas casas para suster um muro que traria aqueles milhares de crocodilos para a liberdade. Quarenta homens perderam os seus familiares. Um desses quarenta homens perdeu os seus quatro filhos, um deles com apenas dois anos. 

Um patrão português, homem de negócios, chorava por aquelas perdas, por não poder pagar a vida dos filhos do seu empregado. Dar-lhe-ia casa, dar-lhe-ia tudo, mas nunca lhe poderia devolver os filhos. 

Uma história, entre outras, muito emocionante, que nos fazem pensar que há Homens que se entregam a causas nobres pela vida dos outros, colocando a sua vida e a das famílias em risco. 

O que será deste homem sem família? O que será da consciência do patrão pelo sacrifício dele e dos outros? Nada paga isto! Não há agradecimento justo e suficiente que se possa fazer a alguém que põe em jogo tudo o que é seu pelo bem comum!



Olhamos para os rostos daquele povo sem nada para comer ou beber, a adoecer, sem abrigo e que, apesar de tudo, aguardam e conhecer a realidade diária de histórias como esta, faz-nos refletir que o ser humano sabe ser solidário, amigo, irmão, na hora da desgraça. 

 
São histórias com esta que iluminam o mundo! São histórias assim que deviam limpar a maldade que existe nele! 

sábado, 23 de março de 2019

Jornalista?

Resultado de imagem para jornalDurante alguns anos colaborei com um jornal regional e francamente gostei. Julgo que foi esse o motor de arranque para ganhar a coragem para me dedicar à escrita. Pensei que, assim que começasse a escrever os meus contos, poemas, ou romances, terminaria o investimento no jornalismo. 
Deixei esse curso nos tempos de escola, e até o podia ter seguido, mas escolhi outro percurso. Facto é que, de vez em quando, lá me convidam ou aguçam o espírito jornalista e não recuso, porque gosto mesmo de escrever. Não me dedico apenas a artigos de opinião, mas a simples textos informativos.
Difícil é ser direta e sucinta naquilo que exponho. Que hei de fazer, sou de letras!
Portanto, por vezes, pedem-me para escrever sobre o que presenciei e até o que não presenciei e é aqui que entra a minha criatividade. Inventar algo que não vi, é curioso, e não é que acerto na verdade dos factos!? Julgo que se conjuga bem a imaginação, a experiência de vida, a sensibilidade para enxergar os factos tal como são... enfim, um misto de muitas coisas, que me fazem prever a realidade. 
 

 

quarta-feira, 20 de março de 2019

Uma taça de morangos

Resultado de imagem para taça de morangosOlho feliz para uma taça de morangos e depois deleito-me com a frescura e a doçura deles. 
Suspendo a sobremesa com as notícias do diluvião em Moçambique e os contornos de toda a tragédia, que ainda não terminou e está longe de terminar. 
Anunciam-se doenças gravosas, mais feridos e mortos. Há Portugueses desaparecidos, perdidos na fúria dos ventos e na tromba das águas. Há centenas de outros países na tragédia. 
Mia Couto lamenta ver o seu país arrasado. O país poético do encanto da sua escrita.
Engulo os morangos e perdem o sabor doce. Quem me dera reparti-los por todos aqueles que, naquela tormenta, não têm um naco de pão, um pedaço de terra que pisar, uma casa que os abrigue!
Engulo os morangos em soluços. 
Pouco posso fazer para além da solidariedade. Mas há milhões no mundo que podem - os que esbanjam tudo o que têm - esses sim podem mandar morangos frescos para estes povos. 

segunda-feira, 18 de março de 2019

O vício dos Prémios Literários

 Resultado de imagem para concursos literáriosConfesso que sou um pouco viciada em Prémios ou Concursos Literários e, cada vez, que procuro no site da DGALB ou nos sites das Câmaras ou Bibliotecas Municipais, questiono-me de onde nasceu este vício. Sinceramente, meus caros, é a tentativa de um dia a "sorte" me sorrir. 
      Comecei em 2011 com o Prémio Literário Leya e ainda concorri a este prémio mais um ano, mas, daí em diante, é raro o ano que não concorra ou a romance, a conto, a poesia, a conto infantil ou juvenil, com o intuíto de tentar conseguir a oportunidade de ouro. Dizem os entendidos que vencer um prémio, não é garante de nada, nem de sucesso, mas que me perdoem, para mim seria, se acontecesse. 
      Ano após ano, prémio após prémio, recebo a desilusão e dou-me ao luxo de investir dezenas e dezenas de euros em impressões, capas, despesas de correio. Tal como eu, centenas de autores concorrem e, entre eles, autores consagrados, com obras publicadas pelas grandes editoras. Coincidência ou não, na maioria dos concursos literários, vencem. Aquilo que escrevem deve ter sempre boa qualidade que, o júri, atribui-lhes o prémio.
     Outra coisa que não entendo e, que me desculpem os autores brasileiros que têm mérito para vencer aqui em Portugal em alguns concursos, porque é que se eu quiser concorrer a um concurso literário brasileiro tenho que pagar? Compreendo que os autores participem em massa nos nossos concursos literários se são gratuitos, mas porque é que não posso fazer o mesmo em relação aos do país irmão? 
      Procurando concursos literários de lá deparo que a maioria se circunscreve aos nacionais e aqui aceitam-se autores cuja língua seja o português. 
        Ainda há outras modas que pegaram recentemente e que limitam imenso a participação de autores em prémios literários, a idade e o não terem obras publicadas no género. São vários os concursos que delimitam a participação até aos 35 anos, como se fosse a separação entre o jovem e o idoso. Questiono-me sobre a implicância e a pertinência desta idade no mundo editorial, e o que isto significa. Quererá significar que um autor de 36 ou mais, não será capaz de produzir trabalho criativo? Poderá isto significar que é mais justa a atribuição a um jovem autor? Ou que se pretende "sangue novo", e que, no fundo, é o mesmo que "não ter obras publicadas? 
        Apercebi-me que dois Grandes Prémios Literários nacionais tiveram que alterar o regulamento à pressa, pois corriam o risco de não ter participantes. Há até casos em que os prazos da receção de trabalhos se têm que alterar para se dar uma certa grandiosidade ao prémio, e não se cingir uma dezena de participantes. 
         É imenso o número de Concursos Literários e Prémios para obras literárias publicadas, com grande incidência na Poesia. Também me questiono qual a razão de se atribuir milhares de euros a autores de obras já publicadas. Na verdade, nunca os direitos de autor alcançarão tais verbas, mas verificamos a lista de concursos em certas alturas do ano, onde metade ou mais é dedicada à poesia, ou a obras publicadas... Evidentemente que neste leque, uma obra publicada em edição de autor ou por uma editora vanity, não terá a miníma hipotese, daí que eu esteja fora desta competição. Não adianta mesmo enviar 4 ou 5 exemplares que vão ser postos automaticamente de parte. 
        Enfim, o que me move a concorrer de vez em quando, não é pelo prémio chorudo em dinheiro, mas pela vontade que tenho em tentar que seja uma das vencedoras de um Prémio Literário. Esta é uma Missão Impossível, porque julgo haver algo estranho na atribuição de alguns prémios, mas enquanto se mantém a esperança, não acabarei com este vício.
       

quinta-feira, 14 de março de 2019

A falta de paciência e as vontadinhas

De manhã estive num local público, perdida por lá duas horas, o que me permitiu observar algumas situações familiares criticas. Curiosamente, estava uma mãe ainda jovem com uma filha adolescente, uma irmã com cerca de dois anos e, ao colo uma bebé de quinze dias.
     Com o tempo de espera, a criança do meio acabou por ficar rabugenta, andando de um lado para o outro, e, para a calar, a mãe, alto e a bom som, ralhava com ela, como se fosse adulta "a menina está a deixar a mãe aborrecida", "está habituada a que lhe façam as vontades, mas comigo não é assim" "chore, chore à vontade que eu não vou fazer nada", "pode deitar-se no chão à vontade, que eu não a vou levantar", "a mãe está muito desiludida com a menina" e, a criança esponjava-se no chão aos gritos, para chamar à atenção.  
      As pessoas olhavam sem poder fazer nada perante os gritos da criança. Ainda me levantei para apanhar papéis à mãe, que caíram com a atrapalhação e aproveitei para fazer uma macacada para fazer a criança parar de chorar, mas não adiantou; a criança estava mesmo sentida, não sei se pela falta do telemóvel, que a mãe dava e tirava, ou se pela falta de atenção e de carinho.
      Lá se calava por momentos, mexendo no aparelho e a mãe, com a bebé ao colo, dizia: "é só para se calar, menina má. Está sempre com a birra, quando não dorme!" Tirava-lho quando ela começava a mexer e fazer sons, e a criança gritava. 
      No momento em que a mãe foi atendida, a criança lá foi atrás dela, chorosa, mas ela sempre a repreendê-la, para toda a gente ouvir. A criança estava num stress enorme e a mãe sem a conseguir calar. 
       Meus caros, "nem tanto ao mar, nem tanto à terra". Está certo que não devemos fazer as vontades às crianças, e habituá-las desde pequeninas a saber que não, é mesmo não, mas expô-la publicamente com uma rispidez e falta de atenção e carinho notórias, é grave.  
      Durante mais de meia hora a criança gritou a plenos pulmões, pedindo mimos, que a mãe não podia dar, porque tinha a bebé ao colo. Entendia que era com aquela conversa de adulta, ao chamá-la má e culpá-la da sua desilusão, ou melhor da "vergonha", que a pequenita lhe estava a causar, dando-lhe o telemóvel de mau modo, que a ia conquistar e fazer calar. Não!
      A bebé de colo mexeu-se e ela beijou-a na testa e na boca, perante a outra, que chorava, e disse bem alto, "a menina não vai ser assim tão má como a mana, pois não?" Caros leitores, julgo que uma e outra criança mesmo que não sejam más, tornam-se. Até uma com a outra, na disputa pelo afeto da mãe.
      Esteve muito mal a senhora e afirmo aqui que se o calvário continuasse e houvesse agressão física à criança,  eu ia chamar as autoridades. Estava incrédula com tanta falta de paciência da mãe, de atenção, observando o cenário e refletindo sobre ele. A menos que a mãe estivesse em situação de stress pós parto, que é natural, aquilo não era forma de falar ou educar uma bebé de tenra idade. Até consigo antever que, a continuar assim, aquela mãe terá certamente um dia destes problemas com justiça, e a criança terá problemas de afetividade.
          Estranho é o facto de que, sem o mínimo problema, esta senhora estava a protagonizar estas cenas com toda a frieza e rispidez para com uma pequenina, perante um considerável número de pessoas, e provavelmente num local com vídeo vigilância em pleno edifício das leis.
         O que pode um comum cidadão fazer numa situação destas? Nada. 
       O que podiam os funcionários ter feito? Não a fazer esperar e atendê-la imediatamente, já que tinha uma recém-nascida ao colo e a outra pequena, que não sossegava. 
      Sinceramente espero que aquela mãe se consciencialize que tem que se acalmar e  tentar saber gerir os conflitos e as situações em família, de modo que não se exponha tanto, como o fez. Deve tentar dar afeto à pequena, ou melhor, às pequenas por igual. 

quarta-feira, 13 de março de 2019

Terminamos de escrever um original...e depois?

Resultado de imagem para editorasQuando terminamos uma história, seja um conto ou um romance, e temos vontade de a publicar em suporte papel ou online, coloca-se um grande dilema - a quem vou enviar o meu original?
     Procuramos emails de editoras nacionais, e entre elas, as vanity, com o intuito de enviar parte do nosso manuscrito, acompanhado de uma sinopse e a nossa bibliografia.  Tentamos, sempre com a esperança que, um dia, a sorte nos possa sorrir, mas com o desalento que, enquanto isso não suceder, teremos que desembolsar bastante para editar o nosso livro.
     Sinceramente custa muito ver como alguns escritores ascendem no panorama literário, aparentemente sem o mínimo esforço. Outros há que, apesar de alcançar tops de vendas, sofrem tanto quanto os desconhecidos para garantir o seu "sustento" da escrita.  Afinal acaba por contar a qualidade da sua escrita, os prémios que conquistam, o número de vendas, as sessões e as dinamizações que fazem pelo país, uns por conta do grupo editorial que representam, outros não. 
      Que o panorama não é favorável, não é! Que existe uma enorme competição e concorrência, um marketing quase agressivo dos livros com potencialidade para best-sellers e, mesmo que haja alguma tentativa de um grupo mais pequeno de editoras que tenta liderar o mercado, acaba por se cingir a um público mais restrito e não abranger o todo nacional. No entanto parece haver lugar para todas as editoras e mil promessas de sucesso e de boas vendas para os escritores. Uns conseguem invadir o universo literário nacional e internacional, outros não. Se é pela qualidade da sua veia literária, se é pelo número de livros com boas vendas...alguma coisa é que os torna "nomes e rostos célebres". Vemos esses rostos e questionamo-nos: "Será que algum dia consigo ter um nome reconhecido?" Provavelmente não, mas tentamos, com todo o nosso empenho.