domingo, 23 de junho de 2019

Depois da Feira do Livro procura-se o sonho

   
    Confesso que tenho várias ideias e projetos que aguardo concretizar porque, apesar de me apetecer fechar o ciclo "Trilho", na verdade, não consigo. Há imensas ações que ainda posso desenvolver e sinto que este ciclo fica incompleto quando não chegou devidamente ao público a quem foi destinado, a quem dediquei o romance. Ainda espero o prometido e-book. Espero outras oportunidades de atividades e outras Feiras do Livro. Ainda espero pacientemente a divulgação que devia seguir a Feira do Livro de Lisboa, que vá um pouco mais além deste evento.
    Invisto seriamente naquilo a que me entrego e fico desiludida quando a minha entrega não corresponde ao esforço da parte que havia de estar interessada em caminhar ao meu lado, pegar no interesse despertado pelo meu livro e levá-lo a outras instâncias, para outro patamar. Detesto "morrer na praia", desculpem a expressão e as analogias, mas quando o vento está a favor, não interessa apanhar a onda para fazer uma bela exibição, um excelente progresso? É simplesmente lamentável.
   Os leitores esperam mais. O público aguarda a próxima sessão, outro lugar onde possa comprar livros e contactar pessoalmente com a escritora, mas, ela sente-se impotente para marcar e impulsionar atividades, porque lhe faltam os recursos materiais, os livros. 
    Caros amigos leitores, há passos que damos que são relevantes numa carreira, mas garantidamente precisamos do apoio de quem nos deu a mão inicialmente e, sem ele, tudo é em vão. Há passos que damos que, de certeza forma, nos fazem pensar no arrependimento. Há passos que damos que nos fazem reféns de estratégias, esquemas, diferenças, que não fazem qualquer sentido. 
    Após a Feira do Livro de Lisboa procuro dar asas a um sonho, com alguma ambição. Há que ter ambição para continuar, doutra forma ficaria à espera que a sorte me viesse ter às mãos. Não vem, estou certa que não, sou eu que a ando a construir contra todas as barreiras que me colocam à frente. Ainda assim não desisto e declaro-me vencedora em nome daqueles que acredito que tenho algum valor.  
    
   

terça-feira, 18 de junho de 2019

Exige-se maturidade ou não?

    Haverá idade adequada para escrever, publicar e concorrer a concursos ou prémios literários?
       Perguntas como esta tem-me ocorrido frequentemente depois de algumas experiências pessoais nesta vida de escritora. 
     Entrar no mercado editorial dos grandes grupos de editoras é como ganhar a sorte grande, ou seja, raramente acontece, mas ser exigida juventude e o primeiro livro em alguns dos concursos e prémios literários nacionais também é um contradição. Se, por um lado, as editoras exigem maturidade, um caminho percorrido no mundo da literatura com projetos literários e mostras dadas de se ser uma pessoa empenhada com blogues, sites, etc., uma escrita definida, cuidada com caraterísticas atrativas para o público leitor, por outro lado, a maior parte dos concursos ou prémios literários nacionais exigem que os escritores tenham até 35 anos de idade, ou ainda menos. 
Desculpem, mas considero isto um perfeito disparate e, acreditem, que não o afirmo, por me sentir excluída destes concursos. Esta cláusula recente em alguns prémios literários está a dar relevo aos novos autores, para que os afamados conhecidos não concorram, e, com toda a certeza, será muito difícil que o autor vencedor consiga escrever um novo livro com a qualidade do que venceu, ou seja, fazer carreira ou dar lucros à editora, que publique o livro, mesmo que tenha na capa do livro a designação de "Vencedor do prémio X".
     Afinal qual é o critério mais válido? A qualidade literária da obra a concurso ou a idade do escritor jovem,  desconhecido e inexperiente?
    Se esse jovem enviar a sua obra para uma editora de um grande grupo editorial, não obterá qualquer tipo de resposta, ou ser-lhe-á enviada a resposta de sempre, numa forma delicada de recusar a proposta de edição. Ninguém irá ler uma obra ou a sinopse dela, de um autor que não tem nada no seu percurso literário, ou que publicou essencialmente os seus livros numa vanity. Registo com a minha voz da experiência. 
      Deixo aqui o meu alerta para quem elabora e regulamenta os prémios e os concursos literários e permite que apenas concorram jovens ou jovens-adultos, que é um risco enorme. A obra vencedora desses jovens sai, tendo o seu período de euforia e de vendas e depois faltam as ações formativas, a experiência de estar com o público, de realizar conferências, sessões de autógrafos ou de apresentação. Depois solicita-se a esse jovem que produza uma nova obra para dar continuidade ao seu trabalho e, raramente, aparece com a qualidade exigida. 
         Acredito que haja editoras que dão valor à jovialidade, juventude e beleza dos seus autores, projetando a sua imagem em detrimento dos maduros, mas isso, à partida, não é sinónimo de qualidade, profissionalismo, empenho. Contudo acredito também que um grande grupo editorial, não queira apenas vender a imagem do autor, mas a qualidade da sua escrita para obter dividendos e uma boa imagem de si próprio. 

segunda-feira, 17 de junho de 2019

Uma legião de amigos pró-cultura

    Há muito tempo que me apercebo que, nesta vida de artista, é preciso ser inteligente e um pouco interesseiro. Rodear-se de amigos ou conhecidos dentro do mesmo ramo e círculo literário ou cultural, da sua região ou de uma área mais ampla, próxima da capital, poderá ajudar imenso na sua ascensão, mesmo que saia, de um momento para o outro, do completo anonimato. Assistir a palestras, conferências, lançamentos das mais diversas áreas literárias e culturais, irá proporcionar-lhe acesso a esse tal círculo de artistas e pessoas visíveis culturalmente, que acabam por ser o passaporte para o seu próprio reconhecimento e fama. 
    Para tudo isto é preciso ter uma grande disponibilidade em termos de tempo, de predisposição e de motivação para entrar nesta forma ou neste jogo perspicaz de ganhar conhecimentos. É uma estratégia bastante produtiva e eficaz, que resulta quase sempre. 
     Na verdade, se seguir alguém, comparecendo com frequência aos seus eventos, conseguirá certamente ser seguido e apoiado. É igualmente assim que se consegue ter conhecimento dos passos a dar para se alcançarem objetivos com sucesso.
    Com frequência vejo publicações de pessoas que sistematicamente estão presentes em eventos para aparecerem nas fotografias, nas capas de revistas, nas páginas de jornais o que desdobram em comentários e desafazem elogios aos organizadores desses eventos. Constato igualmente que, quando são eles os angariadores de determinadas ações, facilmente conseguem encher auditórios e outros espaços, levando a cabo com toda a facilidade iniciativas, com bastante público, mas, quando vemos as fotografias do público presente, deparamos com as mesmas caras de sempre, não faltando as pessoas influentes no seu raio de ação.
    É assim que as peças encaixam e as coisas funcionam. Ninguém consegue encher as cadeiras vazias de um auditório, uma galeria, etc., se não tiver uma legião de amigos, ou de conhecidos que o acompanhe ou siga as suas publicações ou mensagens. Nenhum autor ou artista consegue tornar-se visível publicamente se não lutar por criar essa legião de amigos, mesmo que não sejam propriamente amigos, mas habituais presenças nesses eventos. Isto não significa que, pelo facto de ter centenas de pessoas presentes num auditório, numa exposição ou galeria, seja um escritor ou um artista de topo, com uma qualidade superior. Esse artista pode ser dotado de extrema qualidade ou simplesmente ser um sortudo, que se soube rodear das pessoas certas para evoluir e para encher espaços e vender o produto da sua arte. Mas o que isto verdadeiramente significa é que esse artista sabe semear e plantar, para depois colher. 
     

domingo, 16 de junho de 2019

E agora?

   
     A minha presença na Feira do Livro de Lisboa a 2 de junho último, com o meu romance histórico, com a venda do meu livro durante estas semanas no pavilhão da minha editora, garanto que me esforcei imenso daqui, a cento e tal quilómetros de distância. Esforcei-me muito por criar mensagens apelativas, por fazer o meu "marketing" via Messenger, via página de Facebook, contactos pessoais, etc.. Insisti nas fotografias do evento e de eventos relativos à Feira, partilhando muitas notícias relativas ao espaço e colocando "adoros" e "gostos" na página da minha editora. Tarefas que acabam por ser, na maioria das vezes, pouco produtivas e apelativas, desencadeando até algum enfado por parte dos leitores/ visitantes da página. 

   Em paralelo, e na reta final, o meu romance foi Livro do Dia, e, mais uma vez, insisti na divulgação desse facto. Arrancou em paralelo uma campanha de promoção de 30% de desconto sobre o meu livro adquirido online no site da editora na sua semana de aniversário. 
    E depois da Feira do Livro de Lisboa e desta promoção, qual é o futuro do meu romance? Que outras estratégias posso arranjar para o divulgar? Talvez, vá parar agora. Talvez não seja da minha competência orientar esse futuro. Não posso ficar presa a um romance para sempre, mesmo que seja o melhor até este momento, o maior trabalho que concebi entre 2010 e 2011. 
     Após este livro publiquei "A última tela" que acabou por ser quase aniquilado por este trabalho. Tive que tomar a decisão de continuar a promover o romance, e outra forma de agir não faria sentido. 
     Agora, caros leitores, o meu romance de época estará apenas disponível online no site da editora. Fico expetante face à próxima estratégia editorial e abraçá-la-ei caso exista. Para já despeço-me de "O Trilho da Rata Cega", com imensa pena, mas há um caminho novo a seguir e, talvez, numa outra área.  
    Vou saber esperar as oportunidades que me queiram dar, com a calma que me for possível. Também preciso dar tempo para que as coisas aconteçam. 
   

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Uma autora portuguesa...

Dia comemorativo do autor português... 
Um autor brasileiro também festeja este dia, e pela língua de Camões, por ter recebido o prémio em seu nome. 
Não comento esta atribuição, nem tão pouco me considero à altura de tão consagrado autor de poesias melodiosas, que atravessam o Atlântico e se espalham pelo mundo.

Neste dia em que se celebra este dia, sinceramente, nada fiz, ou melhor, não tive oportunidade para fazer algo de notável enquanto autora portuguesa, na divulgação dos meus livros. Não promovi a leitura… Bem, estou a mentir um pouco...logo de manhã tentei ajudar a decodificar umas frases incorretas e a interpretar um poema na realização de um trabalho. Sempre fiz algo proveitoso relativamente à língua portuguesa.
Porém, não me restou tempo para escrever, publicar, divulgar fosse de que forma fosse, nessa minha condição de autora portuguesa. Faço-o agora, neste momento. Estou convicta que poucos se dedicarão a ler esta publicação, mas continuo na minha intenção de, mais uma vez, mostrar, que é difícil ser autor ou escritor a tempo inteiro no meu país, quando a escrita não consegue, de forma alguma, ser o sustento. Pelo contrário, na maior parte das vezes, o investimento é inexplicavelmente tão grande e a retribuição desse investimento tão diminuta, que nos questionamos se valerá a pena manter essa vontade de continuar a publicar. Não me refiro somente a investimento monetário, mas igualmente ao investimento pessoal, do nosso tempo, do nosso empenho, que, raramente, tem um retorno compatível. 
Estas afirmações não pretendem ser críticas ou desabafos de uma autora, mas reflexões concretas e verídicas. 
Contra tudo isto, mantem-se aquela aura estranhamente compulsiva de escrever, sempre que o tempo reste de um dia de trabalho, e a saúde o permita. Apesar de todas as contrariedades, dos esforços quase em vão, para se alcançar objetivos, persiste a vontade imensa de ser autor, de escrever e de publicar, com o propósito  que  interesse a alguém. Essa é uma das finalidades de um autor. Por isso, continuo a acreditar no poder da escrita e da leitura e do potencial que, eventualmente, possa ter para alguns leitores. É por eles que continuo...


sexta-feira, 17 de maio de 2019

Gomas, chupas e chocolates

"Dê-me um copo de água"- Pediu uma criança pequenina ao empregado de balcão num café. Olhei para o petiz, não teria mais de três anos. Encontrei o motivo para aquela sede após o almoço. Uma chupa gigante.
"Três euros de gomas" - Solicitou um idoso na lojinha. - "É para os meus netinhos…"
"Menina, quero um chocolate de leite" - Pediu o jovem no bar da escola. E ela responde: "Não sabes que apenas vendemos chocolates a partir da 1h?" 
Parecem situações ocasionais e pouco comuns. Não, infelizmente, não são. É habitual isto acontecer e, o que é mais inacreditável - todos os dias. 
As crianças e os jovens estão a consumir quilos destas guloseimas, de manhã, entre as refeições, à hora de almoço ou do jantar. É um vício que se torna um hábito. É um vício que se os vai alimentando, enchendo de açúcar o estômago, durante o dia, em vez de comerem às refeições saudavelmente. 
Os jovens, na posse de algum dinheiro, que trazem para a escola e que havia de ser gasto em alimentos nutritivos, compram ou trazem dois ou três euros de gomas e de chupas, para entreter a boca, comendo e oferecendo aos amigos. 
É grave e muito prejudicial para a sua saúde e os pais e os avós, não põem travão a essa necessidade exagerada de comer doces. 
Deixo aqui o alerta para todos, para que vão fazendo entender as crianças, desde tenra idade que, comer este tipo de guloseimas, é bastante prejudicial. Se me permite, o adulto deve dar o exemplo e, não ser ele, a incutir o prazer que têm de comer estas coisas e que vão futuramente afetar e, em muito, a sua saúde oral e o seu bem-estar. 

quinta-feira, 16 de maio de 2019

O efeito libertador da escrita

    
Há quem afirme que a escrita é um abrigo, um refúgio, um escape à vida real, uma entrega… A escrita pode ser tudo isto, mas, para mim, a escrita tem um efeito libertador, purificador e relaxante. Através da escrita tudo se consegue, desde que se sinta o que se escreve. A pessoa frágil consegue-se fortalecer, trabalhando as palavras, dando-lhes poesia, consertando enredos e personagens numa ficção.  
    A liberdade para se exprimir impõe-se, quando se usa a escrita. O escritor altera-se, transforma-se, metamorfoseia-se, quando produz uma obra, seja ela, um soneto, um conto ou um romance. Entra no seu mundo, arranjando estratégias, registos, géneros, ou modelos de escrita, e cria o seu próprio estilo. Dá-se ao luxo de inventar palavras, porque tudo lhe é permitido. É dono e senhor do seu processo de escrita, criando, se entender, uma forma pessoal para quebrar normas rígidas. 
      O escritor sente-se livre através da sua produção, mesmo que o olhem com desconfiança. Acredita piamente em tudo o que escreve, apesar de o considerarem menor. Porque ele é grande no seu ego de escritor, produtor de obra inventada, de algo que ninguém criou.
       O escritor projeta a esperança, não parando de acreditar na força das suas palavras, dos seus textos. 
       É assim que se liberta, mostrando aos leitores, que se entrega a eles, mas não depende deles para sobreviver, porque a sua sobrevivência acontece, quando se prepara para começar a escrever de novo. 
     

quarta-feira, 15 de maio de 2019

A importância das Feiras do Livro

   
A minha primeira Feira do Livro


Já estive presente em muitas Feiras do Livro de escolas, de Bibliotecas Municipais, etc., e, cada vez que me surge a oportunidade, não hesito em comparecer, mesmo que isso me acarrete despesas. Aprecio imenso o contacto direto com o público. 
   Para os leitores, em geral, que passam por estes eventos, ao ver o escritor no stand/ pavilhão à disposição deles, para um possível autógrafo, é irrelevante, se não for um escritor conhecido no cenário editorial, mas para esse escritor é um orgulho, uma vitória, o resultado de uma caminhada que se faz para o sucesso. 
    Sou daquelas escritoras que são incapazes de ficar alinhadas e direitinhas, sentadas numa cadeira, por detrás de uma mesa plena de livros e, impávida e serena, aguardar que as pessoas se acerquem de mim. Gosto de me apresentar, de as abordar e dar um lamiré da obra ou obras que represento. Não consigo ficar estática e tento estimular a curiosidade dos leitores. Posso estar errada e ser alvo de críticas por atuar assim, mas não tem corrido assim tão mal. Quando afirmo que não corre mal, deixem-me concretizar melhor uma situação. Estar a quase quinhentos quilómetros da área geográfica e espacial de um romance e vender livros, é extraordinário. 
     Nestes anos tenho presenciado muitas formas de receber e conversar com os leitores e constato que um autor fazer de estátua, sem retribuir um sorriso, frio e calculista, pensando que o mundo irá ter consigo, não é forma de estar, nem de divulgar ou vender os seus livros. O autor tem que se evidenciar, se mostrar humano, acolhedor e simpático, sem ser inoportuno, tirar a fotografia e partilhá-la nas redes sociais, blogues ou sites, para que se promova a si próprio.  
     Obviamente que um autor de bestsellers presente numa Feira do Livro, não necessita desperdiçar a sua simpatia e sorrisos com os leitores, porque somente o seu nome, a sua obra famosa, que o consagra, basta para que tenha filas de leitores de livros na mão para pedir autógrafos. Tem uma máquina promocional enorme para o divulgar e o conhecimento da sua presença, produz quase uma corrida eufórica para o ver. 
     De qualquer modo, as Feiras do Livro são extremamente importantes, enquanto espaços de partilha de conhecimento, de cultura e do que vai fazendo pela literatura.  

quarta-feira, 8 de maio de 2019

Um salto para o reconhecimento nacional

    

Houve um dia em que conheci um autor, num encontro de lançamento de uma antologia, que se destacava na audiência pela sua vaidade, a sua grandiloquência de palavras pomposas e poéticas. A sua forma de vestir antiquada dava-lhe um jeito artificial, distante e altivo. Diria mais, egocêntrico e pouco interessado nos outros que o rodeavam. 
     O orgulho por estar ali presente e ser premiado, mesmo no segundo lugar, pareceu-me excessivo, como se soubesse há muito que era o melhor entre aquelas dezenas de escritores. 
     Escutei a leitura do seu texto e, francamente, não gostei, mas quem era eu perante tão sábia cultura e conhecimento.
     Ontem vi uma publicação de uma editora e a menção de um  livro e de um autor, que havia sido o vencedor de um Prémio Literário, e isso despertou-me imenso à atenção.    
     Percorri curiosamente as fotos e reconheci imediatamente a pessoa premiada. O autor das palavras pomposas e grandiloquentes! Mal contive o meu espanto. Afinal o senhor escrevia bem. As palavras rebuscadas e poeticamente estranhas e superficiais daquele senhor, haviam encantado um júri nacional. 
     Pobre de mim que aprecio a simplicidade do discurso ficcional! Pobre de mim que tenho seis livros publicados e um conjunto de participações em antologias e que as tento divulgar com a maior proximidade que consigo do público! 
     Depois destes lamentos, conjeturei… ora, pois então, cruzei-me ocasionalmente com este senhor escritor em finais de outubro de um ano destes e ele já sabia naturalmente do prémio literário que iria receber no final desse ano, mas mesmo que não soubesse, puxou naquela altura por todos os seus galardões para se mostrar o melhor … Eu não consigo ser assim, mas, deixem-me sonhar… passo a passo, sem vaidades e orgulhos excessivos, quem sabe um dia destes também me sorria uma oportunidade destas.
    Muitos defendem que vencer um Prémio Literário acaba por não trazer grandes progressos ao autor, mas que me desculpe quem pensa assim… pode não trazer, mas ajuda. Ajuda logo ver na sua conta milhares de euros. Ajuda ver o livro publicado com a chancela do patrocinador do Prémio numa editora relevante. Ajuda a chegar ao público porque o seu nome aparece em qualquer lugar associado ao Prémio Literário. É verdadeiramente um salto para o reconhecimento nacional. 
     Se o autor e a sua editora aproveitarem esse impulso favorável para vender livros, realizando eventos, tanto melhor. O autor projeta-se e a editora também, mas se o autor se fecha na concha protetora do Prémio e decide parar no tempo, enchendo-se de vaidades e orgulhos, alguma frieza e distância do público, ficando pela honra do Prémio e pelo livro, não irá longe.

Presença em Feiras do Livro para um autor desconhecido

    
A presença numa Feira do Livro poderá ser algo habitual e comum para a maior parte dos escritores.    Muitos autores, por iniciativa própria, ou através de contactos que têm, de quem organiza estes eventos, vão percorrendo o país e não faltam a uma Feira do Livro. Há igualmente escritores que têm o apoio incondicional das suas editoras e, graças a elas, vão escalando os degraus do mundo ou mercado editorial e, assim, se vão tornando conhecidos do grande público. Haverá ainda um grande grupo de autores, que se desloca de Feira em Feira, selecionando as mais famosas e com grande afluência de público, tendo os organizadores que pagar às editoras ou aos próprios autores, para fazer deles cartaz da Feira e, assim, se atrair público.
     Certamente que, para quem está fora deste meio, julgará que tudo isto é simples e fácil. O público em geral pensará que, basta ter um livro publicado e ser um autor motivado e empreendedor, que a presença numa Feira do Livro afamada, como a de Lisboa, do Porto, etc., estará à partida garantida. Pois, não é assim tão linear. O caminho a percorrer não é facilitado, mesmo que o escritor tenha grandes virtudes e seja trabalhador e lutador.
   Um escritor desconhecido procura as oportunidades e estar numa Feira do Livro é algo honroso, valioso, e invade-o de grande orgulho. 
    Um escritor, que não tenha ainda uma auréola em seu redor que lhe dê "cunho de qualidade", ditado por alguém do universo literário, versus "fama e destaque", atribuídos pelos leitores, poderá não ter a supremacia de um autor afamado, que vende centenas de livros à sua editora, mas tem o brilho da novidade nos olhos, empenhando-se com valentia e persuasão. Poderá não enriquecer a sua editora ou receber direitos de autor, mas, com a sua humildade verdadeira, a "pobreza" rica da sua entrega, aplicando o seu dinheiro sem retorno, conserva a esperança de, no futuro, olharem para ele, como um escritor válido, ou em quem se deve apostar. Sonha que possam acreditar no seu talento.
     Por isso, estar presente numa Feira do Livro, seja qual for a sua dimensão ou projeção, é um feito enorme, para um autor desconhecido, que caminha no sentido de que se aposte em si e nos seus projetos.
     Com este apontamento quis trazer o assunto para que se desmistifique a ideia de que estar numa Feira do Livro é acessível a qualquer um. Segura estou, por experiência pessoal, que estar lá tem significados diferentes para os escritores, e que variam consoante a posição que ocupam no mundo editorial, o apoio que têm das suas editoras, a forma como encaram estes eventos e interagem com o seu público. De qualquer modo, para o escritor no início de uma carreira é um passo muito importante; é um marco relevante e qualquer abordagem que faz aos leitores, ficará na sua memória.   

sábado, 4 de maio de 2019

As minhas mães

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Tenho uma mãe, que me trouxe ao mundo, que me mimou e educou, mas ainda agora, dei comigo a refletir, não só sobre o papel exemplar e guerreiro da minha mãe, mas no papel de muitas que tive, ao longo da vida. Cheguei à conclusão que tive imensas mães em momentos fulcrais ou difíceis. Algumas nem eram muito mais velhas do que eu, mas foram quase minhas mães. 
Sinceramente, apetece-me dividir esta reflexão convosco, meus leitores!
Foi também minha mãe, a D. Mimi, uma senhora de idade, que vivia perto de mim e que era como uma ama, com quem aprendi imenso em criança. Foi minha mãe, a minha própria irmã, que me fez ver o mundo em jovem, aprender a aceitar-me como era e a gostar de mim. Também tive muitas mães amigas de escola, que me davam nas orelhas, quando me viam triste, encostada aos cantos. Tive uma mãe em Coimbra, a D. Natália, que me acolheu nos tempos de estudante e que deu carinho e atenção, como se eu fosse verdadeiramente sua filha. Foi minha mãe a minha madrinha, que me deu orientações sobre que caminho tomar,  bases para a minha formação. Tive várias mães colegas de profissão que me ajudaram a fazer-me adulta. Tive ainda uma mãe ou duas mães freirinhas, num convento na Batalha, num momento complicado da minha vida familiar, e em plena crise financeira, que me deram a mão a mim e aos meus. 
Bem, tive algumas mães que tiveram uma função de me educar e de me formar e me transformaram na pessoa que hoje sou, e "mães", que foram autênticas madrastas.
Umas, ainda estão presentes na minha vida, outras infelizmente já partiram. 
À minha mãe eu desejo um feliz e saudável dia, às outras agradeço o terem feito parte da minha vida, porque pelo bem ou pelo mal, foram uma boa aprendizagem!

segunda-feira, 29 de abril de 2019

Promoção para o Dia da Mãe

      As mães gostam de flores, de beijos e de abraços, quiçá de um chocolate, de um jantar fora com a família. No entanto, há mães que apreciam outro tipo de surpresas - uma viagem, um fim de semana sem os afazeres diários em casa, uma ida ao cinema ou ao teatro, ou um bom livro. 
     Tenho insistido imenso na minha página de Facebook na promoção do meu livro, e aproveito, eu própria, enquanto autora, para ajudar na campanha promocional da Bertrand online, ou uma WOOK, com os seus descontos, ou até do site da minha editora. Perguntar-me-ão para que é que faço isso? Obviamente que o único benefício concreto desta minha insistência é o de promover e divulgar a minha obra, não é decididamente para enriquecimento pessoal. Estou bastante habituada a fazer este trabalho, mas hão de concordar comigo que não deveria ser assim. Deveria estar sossegada à espera que quem tem o dever de me divulgar o fizesse. Meus caros, desiludam-se! Simplesmente, por muito bom trabalho que se faça e prometa, somos um só número num universo de colegas autores, uns mais conhecidos do que outros, que lutam pelo seu lugar ao sol. Assim, não terei outro remédio senão arregaçar as mangas para tentar que, um dia destes, também tenha um raiozito de sol para mim. Não é egoísmo, não é sentir-me mais do que os outros… cada um no seu lugar… é ter frutos de todo o meu esforço. Apenas lamento que quem devia estar ao meu lado nesta luta, se limite a fazer de conta que não existo, que não pertenço ao grupo dos favoritos, que não valha a pena o esforço para me projetar mais. 
    O recado está dado e, acredito que se entende, pelas minhas palavras, a que me refiro. Acredito igualmente que esta sensação mista de injustiça, desalento, quase revolta, passa pela mente de quem escreve e publica. Apesar de tudo, eu recuso-me a desistir e, daí que, vos encharque de links, de posts, de publicações a apelar pelo meu ou meus livros. Só assim me sinto completa e feliz no mundo dos livros, enquanto não conheço a realidade de viver dos livros (se é que existe). Seria desejável que houvesse alguém que apostasse verdadeiramente em nós, mas o nosso pequeno talento ainda está escondido, envergonhado. Porém a esperança persiste.
    

quinta-feira, 25 de abril de 2019

Já fui livre...




Já fui livre neste país pequeno e verdejante.

Já voei alada e feliz pela verdadeira liberdade.

Quando o Abril chegou com o cravo empolgante,

tingi-me de vermelho como as tropas pela cidade.



Já fui libertina, sem qualquer réstia de medo.

Nunca dei atenção à voz dos acutilantes tiranos.

Receio agora o monstro corrupto em segredo,

que domina cruel pelo globo nestes meus anos.



Já fui livre. Não sei se sou neste torpe universo,

quando assisto à impiedade fria da rude matança,

onde o Homem se mostra como um animal perverso.



Já fui livre. Não sei se ainda tenho essa confiança.

Se ser livre é viver num mundo descrente e adverso,
o que me resta dele é uma tão ínfima esperança.